Fome e desemprego na pandemia: o que você pode fazer para ajudar
Campanhas que abrangem o Brasil pedem doações para quem está sem trabalho e comida durante a pior fase da pandemia
O que é que eu faço Sophia|Sophia Camargo, do R7 e Sophia Camargo
No pior momento da pandemia do covid-19, quando o Brasil ultrapassou a marca de 300 mil mortos, o número de doações para ajudar para famintos, doentes e desempregados vítimas da pandemia tomou a direção oposta, diminuindo cerca de 95%. Por isso, diversas entidades lançam novas campanhas para pedir que pessoas e empresas não parem de ajudar agora que a situação está ainda pior.
Há um ano, quando a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou oficialmente a pandemia no mundo, em março de 2020, empresas e pessoas físicas se uniram em uma corrente de solidariedade para minimizar os efeitos da situação para quem tinha perdido emprego, estava doente ou impedido de trabalhar.
Nessa época, a Associação Brasileira dos Captadores de Recursos (ABCR) criou o "Monitor de Doações", que tem “medido o tamanho da generosidade dos brasileiros para as causas ligadas à covid-19”, segundo o diretor-executivo da entidade, João Paulo Vergueiro. De março de 2020 até este domingo (28), foram doados R$ 6,7 bilhões.
Vergueiro conta que, de março a maio de 2020, houve uma explosão de doações. "Uma única empresa, sozinha, chegou a doar R$ 1 bilhão. Mas a partir de junho, as doações começaram a perder força." Em apenas dois meses (de março a maio de 2020), o número de doações disparou 1.123%.
Foi nessa época que surgiram iniciativas como a União Rio, que deu origem à União BR, iniciativa que congrega, atualmente, 21 entidades que já conseguiram arrecadar, até 27 de janeiro, mais de R$ 160 milhões em doações, distribuídas para 9 milhões de pessoas.
Bel Motta, uma das fundadoras do movimento, conta que a ideia surgiu em um grupo de whatsapp logo no começo da pandemia. "Criamos um grande facilitador entre todas as uniões e as doações que chegam. Agora temos alcance por todo o país, chegamos nos lugares mais remotos fazendo parcerias com diversas ONGs para poder atender a todos", diz.
Doação caiu, necessidade cresceu
Com o início do pagamento do auxílio emergencial pelo governo federal e a expectativa de fim da pandemia com a chegada da vacina, começaram a diminuir as doações. O problema é que, a partir de setembro, a extensão do auxílio teve regras mais duras e em dezembro o pagamento teve fim.
Desse modo, quando a segunda fase da pandemia voltou com toda a força, no começo do ano, as pessoas ficaram desamparadas também da ajuda governamental.
"Quando chega dezembro e termina o auxílio emergencial, essas pessoas são jogadas de volta na extrema pobreza, porque não têm mais auxílio, a pandemia aumentou e, como elas não têm emprego formal e, portanto, não podem trabalhar em home office, essas pessoas precisam sair de casa para conseguir alimento. É a tempestade perfeita", diz Rodrigo 'Kiko' Afonso, diretor-executivo da ONG Ação da Cidadania, organização governamental que luta contra a fome no país criada pelo ativista Betinho, em 1993.
“A fome não veio com a covid%2C ela existe há muito tempo. Em 2018%2C o IBGE divulgou que o Brasil tinha 85 milhões de brasileiros com algum grau de insegurança alimentar%2C sendo que%2C desse total%2C 13 milhões de brasileiros não tinham nada para comer. A covid só escancarou uma necessidade urgente do Brasil%3A as pessoas têm fome"
A situação agora está ainda pior, concorda Celso Athayde, fundador da Central Única de Favelas (CUFA), responsável pela campanha Mães de Favela. "Quando essas pessoas mais precisaram de ajuda, encontraram uma situação ainda pior, porque uma parte das pessoas que doavam como pessoa física já estavam sem fôlego para doar, as empresas também diminuíram as doações e o governo federal parou com o auxílio."
Auxílio menor e para menos gente
O governo aprovou agora em março um novo pagamento do auxílio emergencial, que volta a ser pago a partir de abril, mas terá um valor bem menor do que o primeiro, em média R$ 250, e também traz regras mais duras. A estimativa é que seja pago a 45,6 milhões de pessoas, bem menos que em 2020, quando foram pagos R$ 293,1 bilhões a quase 68 milhões de pessoas.
Pela gravidade da situação, as entidades pedem que, quem puder, continue atendendo às campanhas para ajudar a população.
Veja como você pode colaborar
Elencamos alguns movimentos e organizações que estão solicitando ajuda para a pandemia. Mas, além dessas entidades, Estados, municípios, organizações não-governamentais, associações, empresas e pessoas estão se reunindo para ajudar nesse momento. Uma outra maneira de ajudar é procurando saber das necessidades de pessoas próximas, como familiares, amigos e vizinhos, que podem estar passando por dificuldades.
Ação da Cidadania
A campanha "Ação contra o Corona", da ONG Ação da Cidadania, conseguiu distribuir cestas básicas para 325 mil famílias em todo o país. Agora, retoma os pedidos em outra campanha, a Brasil sem Fome.
Para doar, acessehttps://www.acaodacidadania.org.br/formas-de-doar
Amigos do Bem
A instituição criada em 1993 atua no sertão nordestino e atende 75 mil famílias regularmente. Com pandemia, lançou uma campanha emergencial para obter conseguir distribuir mais 100 mil cestas básicas.
Para doar, acesse https://doar.amigosdobem.org/acaoemergencialpf
Atados.org
Plataforma que busca reunir trabalhadores voluntários a causas que estão precisando de ajuda.
Para conhecer e escolher qual causa aderir, acesse: https://www.atados.com.br
Banco de Alimentos
A ONG, fundada em 1998, recolhe alimentos que já perderam valor de prateleira no comércio e indústria, mas ainda estão perfeitos para consumo, e os distribui onde são mais necessários.
Para doar: https://bancodealimentos.org.br/doe
Bora Doar
O site reúne informações de campanhas ligadas à assistência social e saúde em diversas partes do país.
Para escolher para qual causa doar, acesse: www.boradoar.org
Gerando Falcões
A ONG lançou a campanha "Corona no Paredão", que sugere a contribuição de cestas básicas no valor de R$ 50, mas também é possível doar outros valores.
Para doar, acesse:https://gerandofalcoes.com/coronanoparedao
Mães de Favela
A Cufa (Central Única das Favelas) tem promovido diversas campanhas para ajudar as comunidades carentes durante a pandemia. O projeto Mães de Favela visa auxiliar as famílias chefiadas por mulheres com cestas básicas físicas e digitais. É possível doar a partir de R$ 30 e também doar os pontos de programas de fidelidade.
Para doar, acesse: https://www.maesdafavela.com.br/doar
Monitor de Doações
O Monitor de Ações, da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR) divulga todas as campanhas relacionadas à covid-19. As campanhas que ainda estão captando doações estão em branco, as que já foram encerradas estão pintadas de salmão.
Para escolher a campanha:https://docs.google.com/spreadsheets/d/1RA0oP9EBHxpsLGvHTaX2TTYHT2oQHTfNrM8Z40hqVus/edit#gid=1592331203
Pátria Voluntária
A plataforma do governo federal divulga campanhas ligadas a diversas causas.
Para escolher a campanha:https://patriavoluntaria.org/pt-BR
Tem Gente com Fome
A campanha organizada pela Coalizão Negra por Direitos identificou 222.895 famílias a serem apoiadas e mobilizadas em periferias, favelas, palafitas, comunidades ribeirinhas e quilombos, em todo o território nacional.
Para doar, acesse: https://www.temgentecomfome.com.br/
União BR
O movimento nascido de um grupo de whatsapp já reúne 21 uniões estaduais para atender diversas causas sociais, como saúde e alimentação na pandemia. De março de 2020 a janeiro de 2021, conseguiram arrecadar mais de 160 milhões de reais e distribuir 12 mil toneladas de alimentos.
Para conhecer as causas e optar para a União de qual Estado gostaria de doar acesse: https://www.movimentouniaobr.com.br/
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