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O que é que eu faço Sophia

Selic em alta é pior para quem pega dinheiro emprestado; entenda

Saiba como a taxa básica de juros da economia influencia a vida de todos os brasileiros

O que é que eu faço Sophia|Sophia Camargo, do R7 e Sophia Camargo

Selic mais alta para conter a inflação
Selic mais alta para conter a inflação

A alta persistente da inflação motivou o Banco Central a aumentar pela quarta vez consecutiva a taxa de juros básica da economia, a Selic, para 5,25% ao ano.

Mas de que maneira a alta da taxa Selic afeta o nosso bolso? Afinal, o que é a taxa Selic?

Uma taxa Selic em alta é boa para quem tem dinheiro sobrando e quer investir, porque poderá receber mais juros pelo empréstimo, mas é ruim para quem está endividado e precisa pegar dinheiro emprestado, porque vai pagar mais caro.

Para explicar essa relação entre taxa Selic e o bolso das pessoas, o R7 ouviu Guilherme Vieira Neves, diretor de Riscos e Compliance do Banco BMG e Victor Beyrute, economista da Guide Investimentos.


O que é a taxa Selic?

Quando falamos de Selic podemos estar falando de três coisas distintas, explica o economista Victor Beyrute:

1) A primeira é a sigla Selic, abreviação de Sistema Especial de Liquidação e Custódia, que é o sistema administrado pelo Banco Central onde são negociados os títulos públicos.


2) A segunda é a Selic over, que é a média ponderada de um dia das transações feitas com títulos públicos dentro do sistema Selic.

3) E o terceiro significado, mais comum e mais importante, é aquele que normalmente associamos quando falamos de "taxa Selic": trata-se da Selic meta, a famosa taxa determinada pelo Copom (Comitê de Política Monetária). Esta é a taxa básica de juros da economia.


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Por que a taxa Selic é tão importante?

A Selic é importante porque é o principal instrumento de política monetária que o Banco Central usa para controlar a inflação. Também é importante porque influencia todas as taxas de juros do país, seja para concessão de empréstimos ou financiamentos, seja para remunerar as aplicações financeiras.

Por que a inflação preocupa?

O Brasil viveu, durante a década de 80 e começo de 90, um fenômeno chamado de hiperinflação. Durante este período, os preços subiam descontroladamente e o poder de compra das pessoas quase não existia.

Naquela época, assim que recebiam seus salários os trabalhadores corriam para o mercado para fazer compras e estocar produtos, porque no dia seguinte já não seria mais possível comprar as mesmas coisas.

Com o início do Plano Real (1994) começou a estabilização monetária e a partir de 1999 o país adotou regime de Metas para a Inflação, que é o conjunto de procedimentos para garantir a estabilidade de preços no país.

Quando a inflação sobe 6% ao ano, por exemplo, os salários não são reajustados automaticamente a 6% ao ano, o que significa que as pessoas, mesmo ganhando menos, vão ter de pagar mais pelos produtos que vão comprar ou pelos serviços que vão adquirir.

Simplificando bastante, quando a inflação aumenta, o mesmo dinheiro recebido compra menos coisas no futuro do que no presente.

Uma inflação mais alta significa uma perda de poder real de compra das pessoas%2C especialmente das mais pobres%2C que não têm muitas defesas para se proteger de uma alta dos preços%2C já que não existem mecanismos automáticos de reposição das perdas

(Guilherme Neves, diretor do banco BMG)

Esse sistema de metas funciona assim:

1) O Conselho Monetário Nacional (CMN) estabelece a meta para a inflação anual

2) O Copom (Comitê de Política Monetária) define a meta da taxa Selic com o objetivo de manter a inflação sob controle

3) O Banco Central realiza operações de mercado aberto (compra e venda de títulos públicos) para influenciar a taxa Selic

4) A taxa Selic, por meio de diversos canais na economia, afeta a inflação.

Inflação está em alta

Inflação alta diminui poder de compra das pessoas
Inflação alta diminui poder de compra das pessoas

Em 2021, a meta para a inflação medida pelo IPCA deve ficar entre 2,25% e 5,25% ao ano (centro da meta: 3,75% ao ano).

Porém a inflação tem subido significativamente desde 2020. Em junho deste ano, o IPCA atingiu o maior nível para o mês desde 2018. No acumulado dos últimos 12 meses, a variação de preços foi de 8,35%, a maior desde os 8,48% de setembro de 2016. Este resultado mantém o índice acima ao teto da meta estabelecida para a inflação neste ano, de 5,25%.

Por conta dessa pressão inflacionária, o Copom resolveu inverter a política de queda nas taxas de juros que vinha mantendo desde 2016, quando fez com que a Selic saísse de 14,25% ao ano até chegar ao mínimo histórico de 2% ao ano.

Em março de 2021, o Copom elevou esta taxa para 2,75% ao ano e veio promovendo, desde então, seguidas altas, sendo a última nesta quarta-feira (4).

Efeitos de mudanças na Selic

Suponha que você precise de dinheiro emprestado. Quando você vai pegar dinheiro emprestado, seja de um banco ou de um amigo, você sabe que terá de pagar uma determinada taxa de juros.

Como a taxa Selic é a taxa básica de juros da economia, se ela sobe, todas as demais taxas cobradas para empréstimos sobem também, já que os bancos vão ter de pagar mais para pegar dinheiro emprestado e, por consequência, também vão cobrar mais de quem pedir empréstimo.

O que acontece quando a taxa Selic sobe?

Crédito:

Quando a taxa Selic sobe, a tendência é que os juros cobrados pelos bancos para emprestar dinheiro para consumidor e empresas também aumente, o que faz com que diminua a oferta de crédito.

Aplicações:

O rendimento das aplicações de renda fixa, como poupança, Tesouro Selic, LCI, CDB e fundos de renda fixa, também aumenta. Ou seja, o investidor ganha mais dinheiro para cada real que colocar nessas aplicações. Como fica mais "fácil" ganhar dinheiro investindo em renda fixa, os investidores não precisam tomar tanto risco para ver seu capital crescer, e, com isso, pode desestimular investimentos na economia real como as empresas, seja na criação delas, seja no investimento em ações de empresas que estão listadas na Bolsa de Valores.

Consumo:

Como fica mais caro pegar dinheiro emprestado, a tendência é que o consumo diminua.

Inflação:

Se o consumo diminui, isso pode ajudar a conter a inflação, já que as pessoas estão gastando menos.

O que acontece quando a taxa Selic cai?

PEXELS - JUROS, DINHEIRO, INVESTIMENTO,
PEXELS - JUROS, DINHEIRO, INVESTIMENTO,

Crédito:

Quando a taxa Selic cai, a tendência é que os juros cobrados pelos bancos para emprestar dinheiro para o consumidor e empresas fique menor, o que faz com que pessoas e empresas busquem mais crédito para consumir e também para investir em máquinas, equipamentos e crescimento das empresas.

Aplicações:

O rendimento das aplicações de renda fixa fica menor, e o investidor passa a ter de tomar mais risco para remunerar mais seu capital. Com isso, pode acontecer uma procura maior por ações na Bolsa e também por investimentos mais arrojados como fundos imobiliários e fundos multimercados, além de investimentos de renda fixa que tenham mais risco, como debêntures. Alguns também podem querer abrir seus próprios empreendimentos.

Consumo:

Como fica mais barato pegar dinheiro emprestado e a rentabilidade dos investimentos é menor, há uma tendência a aumentar o consumo.

Inflação:

Se o consumo aumentar demais, pode fazer com que a inflação também suba.

Fontes: Banco Central, Guilherme Vieira Neves, diretor de Riscos e Compliance do Banco BMG e Victor Beyrute, economista da Guide Investimentos.

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Se ainda tiver mais dúvidas sobre economia, dinheiro, direitos e tudo mais que mexe com o seu bolso, envie suas perguntas para “O que é que eu faço, Sophia?” pelo e-mail sophiacamargo@r7.com

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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