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Protestos de junho marcaram o DF, mas mudanças são consideradas pequenas

Pontos importantes foram conquistados, mas cenário deve permanecer até as eleições

Retrospectiva 2013|Do R7

Em 20 de junho, manifestantes ocuparam a parte superior do Congresso Nacional
Em 20 de junho, manifestantes ocuparam a parte superior do Congresso Nacional

Na noite de 17 de junho de 2013 as manifestações populares que tomaram as ruas de várias cidades do País tiveram o seu momento mais marcante, com a simbólica ocupação do Congresso Nacional pelos manifestantes, em Brasília.

As imagens do Congresso ocupado pela multidão, dos manifestantes refletidos nas semiesferas que representam o poder legislativo, rodaram o mundo e mostraram ao Brasil que os manifestantes não iriam mais se restringir ao gramado da Esplanada, projetado por Lúcio Costa para os protestos populares.

Seis meses após a manifestação, o balanço nas ruas da capital federal e entre especialistas é de que pouca coisa mudou na prática após junho, e que este cenário, de pouca mudança, deve permanecer até as eleições de 2014. Para Elimar Pinheiro, sociólogo da UnB (Universidade de Brasília), a inércia servirá de combustível para os debates na campanha, e podem voltar a inflamar os manifestantes.

— Não mudou nada. Perto do que foi pedido, está tudo igual. Nas eleições, o contexto não será muito diferente e as próprias campanhas vão trabalhar em cima disso. E os protestos podem voltar com muito mais força e, infelizmente, violência.


Nas ruas, há quem não acredite na volta das manifestações, como a estudante Daniela Costa, de 19 anos, que só foi aos primeiros protestos.

— Eu acho que foi fogo de palha. Para mim, o mais importante era mudar a mentalidade do povo brasileiro. Apesar de terem começado com um significado real, as manifestações logo se tornaram um carnaval de meio de ano. Tinha até páginas “Spotted da manifestação” [páginas de paquera].


Uma considerável parcela das reivindicações não são novas no País: corrupção, gastos indevidos, transporte público sucateado e caro, impunidade, serviço público de má qualidade. Elimar Pinheiro, sociólogo da UnB, explica o contexto.

— O governo Dilma foi um governo de continuidade, do mesmo partido. Além disso, o crescimento econômico desse mandado é o pior em 24 anos. Isso vai acirrando os ânimos.


Além desse cenário, fatos como Marco Feliciano (PSC - SP) no comando da Comissão de Direitos Humanos da Câmara e a “cura gay”, Renan Calheiros (PMDB - AL) — acusado de desvio de dinheiro e falsidade ideológica — na presidência do Senado Federal e altas nas tarifas de ônibus em alguns estados contribuíram para o quadro.

Somados ao superfaturamento da Copa do Mundo, a ameaça à iniciativa popular da Ficha Limpa, a demora de oito anos para concluir o julgamento do mensalão e a crescente força que vinha ganhando a PEC 37, que tira do Ministério Público o poder de investigação, deram a tônica dos protestos.

A resposta da presidente Dilma Rousseff aos protestos se deu logo após a simbólica ocupação do Congresso. No dia seguinte, a presidente fez um pronunciamento de cerca de dez minutos para todo o País, na rádio e na televisão.

Entre as promessas, estava a convocação de uma Constituinte, para implementar uma reforma política. Entretanto, no dia seguinte, a proposta foi descartada, após críticas de juristas e até do vice-presidente Michel Temer (PMDB - SP).

Seis meses depois, apesar da pouca percepção da população, houve alguns avanços.

Corrupção virou crime hediondo — a votação foi durante o jogo da semifinal da Copa das Confederações e foi unânime. Além disso, o voto secreto para cassações parlamentares foi extinto, os reajustes nas tarifas de ônibus revogados e a PEC 37 rejeitada.

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