Acrílico no bumbum: polícia quer ouvir vítima em hospital para concluir inquérito
Suspeita é indiciada por lesão corporal grave e exercício ilegal da medicina
Rio de Janeiro|Do R7

O depoimento da advogada Vânia Prisco, 29 anos, é considerado fundamental para concluir o inquérito sobre os procedimentos estéticos realizados pela falsa médica Cecília Tavares em uma clínica de estética. Segundo o delegado do caso, Jorge Zahra, a vítima pode ser ouvida nos próximos dias. Ele informou que já pediu autorização à equipe médica para ouvi-lá no hospital onde Vânia está internada há mais de três meses, na zona norte. A advogada recebeu injeções de metacrill no bumbum, mas o local acabou necrosando.
Suspeita de aplicar acrílico em mulheres, a falsa médica disse que realizava as aplicações por ter ganho experiência em procedimentos estéticos ao trabalhar por vários anos com cirurgiões plásticos. A declaração foi dada por Cecília no dia 5, na Delegacia de Ricardo de Albuquerque (31ª DP), também na zona norte, quando foi questionada sobre o exercício ilegal da medicina.
Segundo Zahra, a suspeita foi denunciada por Vânia e mais cinco mulheres por conta de intervenções estéticas malsucedidas. À polícia, a suspeita assumiu ter feito os procedimentos em cinco — não em seis — mulheres, mas negou a versão de que se apresentava como médica ou como major do Exército e disse que contava ser técnica de enfermagem.
Ao depor, a suspeita disse que o procedimento feito em Vânia deu errado pela falta de cuidado por parte da vítima, que não teria seguido as recomendações e nem a dieta. Segundo Cecília, a aplicação na advogada teria inflamado após Vânia ter comido 1 kg de chocolate às vésperas da prova da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
— Como ela quer que fique bom se ela não seguiu a dieta recomendada? Logo após o procedimento, ela viajou ao Peru e comeu comidas condimentadas. A Vânia me disse que ela teria comido um quilo de chocolates na véspera da prova da OAB.
De acordo com Zahra, a falsa médica foi denunciada pelo o Cremerj (Conselho Regional de Medicina) por prática ilegal da profissão, mas ao ser investigada na época, nada foi encontrado.
O delegado disse que encaminhou as vítimas para fazerem exame de corpo de delito e aguarda os resultados para anexar à investigação.