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'Ainda há muita coisa a ser investigada', diz família de Marielle após prisão de mandantes do crime

PF prendeu deputado federal Chiquinho Brazão e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do RJ Domingos Brazão

Rio de Janeiro|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

Família elogiou investigação
Família elogiou investigação Família elogiou investigação (Câmara Municipal do Rio/Divulgação - Arquivo )

A família da vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018, elogiou a operação da Polícia Federal que prendeu neste domingo (24) os irmãos Chiquinho Brazão e Domingos Brazão, acusados de serem os mandantes do crime, que também tirou a vida do motorista Anderson Gomes. Chiquinho é deputado federal e Domingos, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro. Os parentes de Marielle pediram que as apurações continuem, porque "ainda há muita coisa a ser investigada". 

"Hoje é um dia histórico para a democracia brasileira e um passo importante na busca por justiça no caso de Marielle e Anderson. São mais de 6 anos esperando respostas sobre quem mandou matar Marielle e o porquê", escreveram em nota divulgada nas redes sociais.

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"É importante não perdermos de vista que até o momento ninguém foi efetivamente responsabilizado por esse crime, entre os apontados como executores e mandantes. Todas as prisões são preventivas e ainda há muita coisa a ser investigada e elucidada, principalmente sobre o esclarecimento das motivações. Mas, os esforços coordenados das autoridades são uma centelha de esperança", destacou a família. 

Reconhecemos o empenho da Procuradoria Geral da República, da Polícia Federal, do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e do Ministro Alexandre de Moraes do STF para avançar por respostas sobre o caso. Agora, aguardamos o resultado da condução da investigação e a eventual denúncia dos mandantes e de todos os responsáveis pelas obstruções da Justiça. Neste dia de dor e esperança, nossa família segue lutando por justiça. Nada trará nossa Mari de volta, mas estamos a um passo mais perto das respostas que tanto almejamos

(Família de Marielle Franco, em nota nas redes sociais)

Também foram cumpridos 12 mandados de busca e, além dos irmãos, o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, o delegado Rivaldo Barbosa, foi preso. Os mandados foram expedidos pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. A operação teve participação da Procuradoria-Geral da República e do Ministério Público do Rio de Janeiro. 

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Quem são os irmãos Brazão

João Francisco Inácio Brazão, conhecido como Chiquinho, é deputado federal do União Brasil pelo Rio de Janeiro. Assim como Marielle, ele era vereador do município quando o assassinato ocorreu. O envolvimento do parlamentar fez com que as investigações fossem ao STF, já que Chiquinho tem foro privilegiado. A relatoria do processo foi distribuída por sorteio ao ministro Alexandre de Moraes, da Primeira Turma, por se tratar de uma ação criminal.

Domingos Brazão é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro. Autor dos disparos que mataram Marielle e Anderson, o ex-policial militar Ronnie Lessa afirmou aos investigadores, em delação premiada, que Domingos teria encomendado o crime.

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Lessa teria afirmado que o crime seria uma vingança contra o ex-deputado estadual Marcelo Freixo e a ex-assessora dele, Marielle Franco. Os três, segundo os investigadores, travavam disputas na área política do estado.

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Os embates teriam começado em 2008, quando Freixo presidiu a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das milícias na Assembleia Legislativa do Estado e citou Brazão, então deputado estadual, como um dos envolvidos com grupos paramilitares.

Nos anos seguintes, a relação teria piorado. Nomeado conselheiro do Tribunal de Contas do estado em 2015, com a oposição de Freixo, Brazão foi preso e afastado temporariamente do cargo dois anos depois por suspeita de corrupção. No entanto, foi reconduzido em 2021. Aliados políticos de Brazão também foram presos.

A Polícia Federal já havia divulgado que as investigações seriam concluídas até o fim de março. O STJ (Superior Tribunal de Justiça) ficou responsável por analisar o caso porque é a corte responsável por julgar governadores, desembargadores e integrantes dos tribunais de contas dos estados.

A motivação do crime teria sido um embate entre Marielle Franco e Chiquinho Brazão em torno de um projeto de lei, de autoria de Brazão, que regularizava terrenos dominados pela milícia. Marielle era contra o projeto e considerada o principal ponto de resistência dentro da Câmara de Vereadores.

A lei foi aprovada, mas vetada pelo então prefeito Marcelo Crivella. O veto foi derrubado pelos parlamentares, o que motivou o MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) a entrar com uma ação no TJRJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro). O tribunal declarou a lei inconstitucional por "usurpar a função do chefe do Executivo e ferir a constituição do estado do Rio de Janeiro."

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