Foragido desde 2018, o miliciano Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho, um dos criminosos mais procurados do Rio de Janeiro, decidiu se entregar à Polícia Federal, por volta das 18h, na véspera de Natal, acompanhado de uma advogada e da filha, de 22 anos. A data não foi escolhida à toa. A negociação da discreta rendição começou há cerca de dez dias e buscou um momento que não chamasse a atenção da imprensa. Foi a defesa do criminoso que procurou a Secretaria de Segurança Pública. Os advogados confiaram as tratativas ao secretário Victor Santos — que trabalhou por muitos anos na Polícia Federal. De acordo com informações da RECORD, poucas pessoas sabiam da negociação. Em entrevista ao Balanço Geral RJ, Santos disse considerar que o cerco ao miliciano levou à rendição.• Clique aqui e receba as notícias do R7 no seu WhatsApp • Compartilhe esta notícia pelo WhatsApp • Compartilhe esta notícia pelo Telegram • Assine a newsletter R7 em Ponto Ao ser preso, Zinho foi ouvido informalmente. O criminoso passou pelo procedimento-padrão: esteve pelo IML (Instituto Médico-Legal) antes de dar entrada no sistema prisional, na penitenciária de Benfica, na zona norte da capital. Nas primeiras horas desta segunda-feira (25), Zinho foi encaminhado a Bangu 1, presídio de segurança máxima, em uma ação que mobilizou 50 agentes. Ele foi isolado em uma cela de 6 m² em uma galeria destinada a milicianos. Por enquanto, sem direito a banho de sol. Um dos pedidos da defesa dele é que o criminoso não seja transferido para um presídio fora do estado, para que possa ficar perto da família. A prisão de Zinho foi comemorada pelas autoridades, inclusive o governador Cláudio Castro, que se referiu ao criminoso como "o inimigo número 1 do estado". Zinho não estaria exercendo a liderança da maior milícia do Rio de Janeiro de forma presencial desde a morte do sobrinho dele, conhecido como Faustão, em outubro deste ano. O chefe do grupo teria ficado a distância na articulação da organização criminosa para não se expor e não ser capturado. Isso porque, após a morte de Faustão, foi ordenado o ataque a ônibus que destruiu mais de 30 coletivos — o maior já registrado na cidade — e parou a zona oeste da capital. Com Zinho fora do estado, a organização criminosa enfraqueceu. Por medo de perder território e ser assassinado, ele teria se entregado, para responder pelos crimes de forma segura. Zinho é acusado de chefiar a maior milícia do estado do Rio de Janeiro, que tem forte atuação na zona oeste da capital. Contra ele havia 12 mandados de prisão em aberto. Entre as acusações está a morte de Jerominho, ex-vereador e fundador da milícia Liga da Justiça — que controlou regiões da zona oeste no início dos anos 2000. Antes de assumir a liderança do grupo criminoso, Zinho era o responsável pelo braço financeiro da milícia e, segundo as investigações, comandava a lavagem de dinheiro do crime. Ele sucedeu aos irmãos, que morreram em ações policiais: Wellington da Silva Braga, conhecido como Ecko, em 2021, e Carlos Alexandre Braga, vulgo Carlinhos Três Pontes, em 2017. Recentemente, o nome de Zinho voltou ao noticiário quando uma investigação da Polícia Federal mostrou uma ligação entre o grupo dele e a deputada estadual Lucinha. A parlamentar seria chamada de "madrinha" pelos milicianos em trocas de mensagem e teria atuado com a sua assessoria para atender aos interesses da milícia.