Artista liberado de Bangu pede Justiça a amigos presos

Um total de 139 suspeitos não tinha antecedentes criminais. Defensoria diz que prisões miram população pobre e negra

22/04/2018 - 11h15 (Atualizado em 20/04/2024 - 14h11)

O artista circense Pablo Dias Bessa Martins divulgou vídeo no qual agradece pela liberdade, após passar duas semanas no presídio de Bangu, no Rio. Ele também pede que amigos presos com ele em suposta festa de milicianos sejam liberados.

Na madrugada do dia 7 de abril, 159 pessoas foram presas em um show de pagode no bairro de Santa Cruz, na zona Oeste do Rio, sob a acusação de serem milicianos. O ministro extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann, em entrevista, afirmou que o grupo deveria explicar o que fazia em "festa de bandido".

Entre os presos, 139 não têm antecedentes criminal. "Há balconistas, palhaços e motoristas de ônibus", segundo a Defensoria Pública, que divulgou o vídeo do artista. A Justiça determinou que Pablo fosse liberado na última quinta-feira (19), mas ele só deixou o presídio na tarde de sábado (21). "Além do caso de Pablo, também atuamos em 40 casos, com o objetivo de conseguirmos na Justiça a revogação das prisões", informou a Defensoria.

Depoimento do artistas de circo Pablo Dias Bessa Martins
Na madrugada do dia 7 de abril, uma operação da polícia prendeu 159 pessoas em um show de pagode em Santa Cruz, alegando que todos seriam milicianos. Entre as pessoas presas, há trabalhadores com a carteira assinada sem qualquer antecedente criminal. São balconistas, palhaços e motoristas de ônibus. Na tarde deste sábado (21), Pablo Dias Bessa Martins, artista de circo que estava com viagem programada para a Suécia, onde iria se apresentar, foi o primeiro a ser solto. Neste domingo (22), às 10h 30, ele dará uma entrevista coletiva junto com o nosso defensor-público geral do Estado do Rio, André Castro. Além do caso de Pablo, também atuamos em mais 40 casos, com o objetivo de conseguirmos na Justiça a revogação das prisões. Vale a pena conferir seu depoimento!
Posted by Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro on Sunday, April 22, 2018

"Quero agradecer a Deus por ter o meu direito de ser humano, de estar livre. Como disse um rapaz com quem trabalhei, o Marcos Frota, lugar de artista é no palco, no picadeiro. Estou livre para isso: para voar, para saltar, para arrancar sorriso das pessoas", disse o artista circense.

Ele agradeceu à Defensoria, amigos e familiares por não terem desistido da sua causa. "Não desejo isso pra ninguém, nem para um inimigo, nem para os meus amigos, que a Justiça seja feita o mais rapidamente possível", complementou. No fim do vídeo, ainda gritou: "I´m free!" (estou/sou livre!).