Crivella é alvo de manobra ao tentar proibir pedágio na Linha Amarela
Prefeito do Rio de Janeiro quer proibir a cobrança na via por suspeita de superfaturamento nas obras da concessionária, ligada a César Maia
Rio de Janeiro|Do R7
O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB-RJ), tem mantido uma intensa queda de braço com a Justiça para suspender a cobrança do pedágio na via expressa Linha Amarela, no sentido Barra-Fundão. Crivella enfrenta o consórcio que administra a Linha Amarela e defende que o fim da cobrança seria uma forma de ressarcir os cofres da prefeitura do Rio de Janeiro em razão da suspeita de superfaturamento de obras feitas pela Lamsa, concessionária que administra uma das mais importantes vias da cidade. A atitude de Crivella teria provocado a fúria do grupo comandado pelo ex-prefeito do Rio, César Maia, atualmente vereador pelo DEM, que por isso estaria articulando as manobras para o impeachment do atual prefeito do Rio.
Advogado de Orlando Curicica pede impeachment de Crivella
Segundo assessores de Crivella, o pedido de impeachment não preocupa por ser considerado juridicamente fraco.
No entanto, seria uma maneira de deixar o “bode na sala”e a faca no pescoço de Crivella. O presidente da Câmara, Jorge Felipe, rejeitou o pedido por não haver motivação suficiente para o impedimento do prefeito.
Maia teria uma pesquisa que aponta Marcelo Freixo, do PSOL, como o preferido dos cariocas caso Crivella sofra o impeachment.
Por isso, o grupo político do ex-prefeito e atual verador estaria manobrando para evitar a votação direta para prefeito no caso do impedimento de Crivella, lembrando que o vice Fernando Mac Dowell faleceu no ano passado. O grupo de Maia estaria tentando uma composição de caciques da Câmara.
O PSOL, partido de Freixo, por sua vez, já se colocou contra as articulações de Cesar Maia para derrubar a eleição direta. Evidentemente, o partido quer a queda Crivella e a convocação de eleições diretas, apostando numa eventual eleição de Freixo. Seria uma maneira para tentar eleger Marcelo Freixo, derrotado por Crivella na última eleição
Leia também
Em meio a esse tiroteio, o que emerge é a relação de Maia com a Lamsa. A Lamsa - Linha Amarela - é uma empresa controlada 100% pela Invepar Rodovias, cujo controle está dividido da seguinte forma: 24,4% da OAS e os 75,6% da Previ / Petros / Funcef.
A OAS é alvo da Lava Jato e uma delação homologada em fevereiro incriminaria o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual presidente da Câmara e filho de César Maia, que teria recebido R$ 250 mil da OAS em caixa 2 quando se candidatou à prefeitura do Rio de 2012. Na época da concessão da Linha Amarela, Leo Pinheiro era presidente da OAS. Ele inclusive assina o contrato inicial junto com o ex-prefeito César Maia. Leo Pinheiro foi preso na Lava Jato e virou delator.
Eduardo Cunha
A concessionária Lamsa foi acusada de pagar propina a Eduardo Cunha na Operação Sépsis, desdobramento da Operação Greenfield e a Invepar foi alvo da 28ª Fase da Operação Lava Jato (Vitória de Pirro). O contrato da Linha Amarela foi assinado em 1994, quando César Maia era prefeito. O prazo de concessão original era de 120 meses e venceria em 2004. E 1996 a OAS cede a concessão para a Lamsa e em 1999, a prefeitura do Rio prorroga a concessão para 300 meses, a partir de 1998, válida até 2023.
O negócio é extremamente lucrativo. De acordo com os Balanços da Lamsa, a empresa teve lucro líquido de R$ 1,3 bilhão nos últimos 10 anos em valores corrigidos.
Operação Sepsis
Lamsa teria pago propina de R$ 1 milhão para Eduardo Cunha influenciar numa operação de R$ 382 milhões de verba da Caixa Econômica Federal. Dinheiro foi pago em conta na Suíça.
O delator Fábio Cleto, ex-presidente da CEF, disse que em 2012 o FI-FGTS comprou debêntures da Lamsa de R$ 382 milhões e teria sido pago 0,30% de propina para o ex-deputado Eduardo Cunha que tinha interesse na concretização da operação. A informação consta do inquérito do PMDB no Supremo Tribunal Federal. Na época, o presidente da Invepar era Gustavo Rocha.
Operação Vitória de Pirro
Esta foi a 28ª Fase da Lava Jato deflagrada em abril de 2016. A investigação foi sobre a suspeita da OAS ter pago propina para o ex-senador Gim Argelo atrapalhar as investigações da CPI da Petrobras. O então presidente da Invepar, Gustavo Rocha foi conduzido coercitivamente a depor. A sede da empresa no centro do Rio de Janeiro foi alvo de busca e apreensão. A PF encontrou mensagens de Leo Pinheiro, presidente da OAS preso na 7ª Fase da Lava Jato, para Rocha procurar e se acertar com Argello. A propina foi depositada na conta da Paróquia São Pedro em Taquaritinga.