Intervenção no Rio: gabinete vai gastar R$ 192 mi até sexta (28)
Decreto chega ao fim no próximo dia 31, após 319 dias. Mensagem gravada do presidente Michel Temer foi exibida em cerimônia de encerramento
Rio de Janeiro|Rayssa Motta, do R7*, com Estadão Conteúdo e Agência Brasil
Faltando quatro dias para o fim da intervenção federal na área da segurança pública do Estado do Rio, o GIF (Gabinete de Intervenção Federal) prometeu empenhar R$ 192 milhões, ou 16% do orçamento total de R$ 1,2 bilhão, até sexta-feira (28). Nas regras do orçamento público, quando um valor é empenhado, o governo assume que terá crédito para fazer o pagamento pelos bens ou serviços.
Segundo balanço divulgado nesta quinta-feira (27), até o momento, o GIF empenhou para gastar R$ 890 milhões, ou 74% do orçamento.
Leia também
Apesar da burocracia para gastar o montante federal disponível, o interventor, general Braga Netto, fez um balanço positivo dos dez meses de trabalho, durante cerimônia que marcou simbolicamente o fim da intervenção na sede do CML (Comando Militar do Leste), no centro do Rio. Em discurso, Braga Netto classificou a intervenção como "inédita e extraordinária".
Leia também: Dez meses de intervenção: gabinete usou 6% do orçamento, diz relatório
"Após dez meses de trabalho, a intervenção atingiu todos os objetivos propostos, de maneira a recuperar a capacidade operativa dos órgãos de segurança pública e baixar os índices de criminalidade. Temos a convicção de que trilhamos um caminho difícil e incerto, mas cumprimos a missão", afirmou.
Braga Netto defendeu mais uma vez a importância da continuidade da integração das forças. “Os desafios da segurança pública só serão vencidos se enfrentados de forma integrada, onde cada organização oferece as suas melhores capacidades para atingirmos o bem comum”, apontou. O general já havia demonstrado preocupação com o legado da intervenção federal após o governador eleito Wilson Witzel anunciar a extinção da Secretaria de Segurança Pública.
Ainda durante o discurso, o interventor comparou o início da intervenção em fevereiro deste ano a um avião que precisou começar a funcionar em pleno voo. “Diferente do que muitos imaginam, não tínhamos um plano pronto. A surpresa foi nossa companheira e sabíamos que a demanda requerida era urgente. Sentimos orgulho quando literalmente percebemos que os homens e mulheres que se somavam à equipe inicial, não apenas aprendiam a pilotar esse ‘avião’, mas estavam construindo-o em pleno voo”, disse.
Mais: Intervenção no Rio deixou de lado ações de inteligência, diz relatório
A cerimônia de encerramento simbólico também teve a presença do governador em exercício, Francisco Dornelles (PP), do ministro da Justiça, Torquato Jardim, e o comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas.
Durante a cerimônia, Jardim apresentou uma mensagem de áudio gravada do presidente Michel Temer elogiando o trabalho realizado pela intervenção. Sem detalhar os números, Temer destacou a queda em indicadores de criminalidade e o apoio da população. “Não foi sem razão que a população do Rio de Janeiro em todas as pesquisas revelava o aplauso à intervenção”, afirmou.
Já Dornelles lembrou que antes da intervenção “o estado do Rio estava à beira da convulsão social”. O governador em exercício agradeceu ao general Braga Netto pelo legado que a intervenção deixará no Rio.
*Estagiária do R7, sob supervisão de PH Rosa