Justiça decreta prisão de Rogério de Andrade por morte de contraventor
Sobrinho do bicheiro Castor de Andrade é acusado de ser o mandante do assassinato de Fernando Iggnácio
Rio de Janeiro|Do R7
A Justiça do Rio decretou a prisão preventiva do sobrinho do bicheiro Castor de Andrade, Rogério de Andrade, na noite de sexta-feira (12), e de mais cinco acusados pela morte do contraventor Fernando Iggnácio em novembro do ano passado.
A polícia procurou, neste sábado (13), Rogério em endereços no Rio, mas, até as 17h, ele não havia sido localizado. Procurada, a defesa disse que avalia as hipóteses e não respondeu se o cliente irá se entregar.
A denúncia do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) aponta que Rogério de Andrade é o mandante do crime. A motivação seria a disputa de contraventores pelo controle de pontos de exploração do jogo do bicho, videopôquer e máquinas caça-níquel.
Fernando, que era genro de Castor, foi assassinado no estacionamento de um heliporto no Recreio dos Bandeirantes, em novembro de 2020.
Segundo a investigação, no dia do crime, por volta das 9h, quatro dos seis investigados foram até o local da execução de automóvel. Três deles invadiram o terreno baldio, que faz divisa com o heliporto, com duas armas, entre elas um fuzil AK-47.
Por cerca de quatro horas, eles aguardaram Fernando Iggnacio retornar de uma viagem de Angra dos Reis, na Costa Verde. Após descer do helicóptero, a vítima foi alvejada com três disparos, um deles na região da cabeça, no estacionamento do heliporto.
Ainda de acordo com a denúncia, um dos responsáveis pela segurança pessoal de Rogério de Andrade foi o responsável por contratar os demais denunciados para executar o crime.
A investigação identificou também que dois deles já trabalharam como seguranças da Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel, cujo patrono é Rogério de Andrade.
Durante a apuração da Polícia Civil, dois investigados foram presos. Um deles foi localizado na Bahia, em janeiro. No mês seguinte, o suspeito de contratar os criminosos se entregou às autoridades.
Defesa
Ao R7, o advogado de Rogério, Raphael Mattos, respondeu que o inquérito policial foi concluído sem citar o cliente dele, mas retornou à delegacia, há uma semana, para que fosse incluído o nome de Rogério de Andrade como um dos autores.
Mattos afirmou ainda que o cliente não foi ouvido durante meses de investigação e que “estranhamente” foi intimado na última semana, sem o conhecimento da defesa.
O advogado declarou que a ordem de prisão é baseada em “palavras” do Ministério Público, sem provas. A defesa afirmou que deve entrar com um pedido de habeas corpus na Justiça na próxima semana.
Disputa em família
Após a morte de Castor, a família Andrade entrou em disputa pelos pontos do jogo do bicho.
Em 1998, Paulo Roberto Andrade, o Paulinho, que havia declarado guerra ao primo Rogério de Andrade, foi assassinado na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.
A polícia identificou e prendeu como autor dos crimes o ex-PM Jadir Simeone Duarte, que acusou Rogério de ser o mandante.
O lugar de Paulinho na batalha foi assumido pelo cunhado Fernando Iggnácio, que, segundo a polícia, controlava uma empresa exploradora de caça-níqueis na zona oeste.
Rogério e Fernando começaram a bater de frente em 2001, mesmo ano em que a polícia passou a apreender aparelhos de caça-níqueis e videopôquer no estado do Rio. Os conflitos se iniciaram com ataques às máquinas de um grupo por integrantes do outro, mas logo evoluíram para tiroteios que deixaram mais de 50 mortos.
Rogério escapou de uma tentativa de assassinato em 2001. Nove anos depois, em abril de 2010, um de seus filhos, de 17 anos, morreu num atentado a bomba.