Justiça promove primeira audiência de acusados de matar cinegrafista em protesto no Rio
Fábio Raposo Barbosa e Caio Silva de Souza respondem por explosão e homicídio qualificado
Rio de Janeiro|Do R7
A 3ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro realiza nesta sexta-feira (25), às 13h, a primeira parte da audiência de instrução e julgamento dos réus Fábio Raposo Barbosa e Caio Silva de Souza, acusados pela morte do cinegrafista Santiago Andrade, durante uma manifestação em 6 de fevereiro deste ano.
Foram convocadas a depor 16 testemunhas. Os dois jovens respondem pelos crimes de explosão e de homicídio doloso triplamente qualificado, por motivo torpe, sem chance de defesa à vítima e com uso de explosivo. Se condenados, a pena pode chegar a 35 anos.
Santiago Andrade foi atingido por um rojão que teria sido aceso por Fábio Raposo e Caio de Souza. Ambos estão presos no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, zona oeste do Rio.
O delegado Maurício Luciano, da 17ª DP (São Cristóvão), concluiu as investigações em 13 de fevereiro, após colher depoimento de um colega de trabalho de Caio Silva de Souza. Um funcionário do Hospital Estadual Rocha Faria, na zona oeste do Rio, que não teve a identidade revelada pela polícia, disse ter ouvido de Caio Silva de Souza a confissão do ato,segundo o delegado Maurício Luciano.
— Após cometer esse ato, ele [Souza] ligou para esse colega e disse que tinha feito uma besteira, tinha matado uma pessoa.
O manifestante trabalhava na unidade de saúde como auxiliar de serviços gerais, empregado por uma empresa terceirizada.
De acordo com Luciano, as imagens obtidas pela polícia e o depoimento do colega de trabalho de Souza são "provas abundantes" de que ele estava envolvido na morte do cinegrafista.
Souza disse em depoimento ter sido incentivado por Fábio Raposo a acender o rojão. Entretanto, de acordo com o delegado, foi Raposo quem acendeu o rojão, enquanto Souza segurava. Já Raposo disse à polícia ter somente repassado o rojão para Souza. Segundo a versão dele, Souza acendeu o artefato.
De acordo com o delegado Maurício Luciano, a polícia teve acesso a imagens que mostram que Raposo passou o artefato para Souza, que o colocou no chão. O delegado disse, contudo, que não é possível identificar com certeza quem o acendeu.
Souza também negou ter conhecimento de que o artefato explosivo se tratava de um rojão. Ele disse à polícia acreditar que fosse um sinalizador e que, por isso, não sabia do poder explosivo do artefato.