Laudo da polícia contesta falas ao MP de testemunhas do Jacarezinho
Perita apontou incompatibilidades em ao menos dois depoimentos em comparação com provas técnicas
Rio de Janeiro|Do R7
Um laudo da Polícia Civil contestou as versões apresentadas por testemunhas da morte de Omar Pereira da Silva, um dos 28 mortos no Jacarezinho, na operação mais letal do Rio, em maio deste ano. Na última semana, dois policiais civis envolvidos no caso se tornaram réus por acusação de fraude processual, sendo que um deles também por homicídio.
Segundo a polícia, a Divisão de Homicídios da Capital identificou divergências em alguns depoimentos colhidos pela força-tarefa do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), que faz uma investigação paralela sobre a ação no Jacarezinho, e solicitou uma análise completar para confrontar versões de seis testemunhas com provas periciais.
A denúncia do MP-RJ apontou que o crime ocorreu quando a vítima estava encurralada em um dormitório infantil, desarmada e já baleada no pé.
De acordo com o laudo, uma das pessoas ouvidas afirmou que o policial atirou duas vezes contra a vítima, e um dos tiros atingiu o braço. No entanto, o documento apontou que o exame de necropsia mostra que Omar foi atingido por um tiro na região toráxica.
Outra testemunha afirmou que, ao sair do local, viu Omar deitado na cama, mas que não sabia dizer se ele permaneceu na mesma posição no momento dos disparos porque estava de costas.
Na análise, a perita responsável pelo laudo considerou duas possibilidades em relação à vítima ter sido atingida na cama, com o policial fora do quarto, e afirmou que seriam ambas incompatíveis com a trajetória e o impacto da bala.
Por outro lado, a perita identificou compatibilidade na versão apresentada por um dos policiais envolvidos. Segundo o atirador, Omar estava, em pé, na entrada do quarto quando foi ferido.
Outras três pessoas não apresentavam elementos suficientes, de acordo com o documento, para analisar compatibilidade com os achados criminalísticos dos referidos laudos.
Em nota, o MP informou que está em consulta com a promotoria que ficará com atribuição no processo já judicializado. O setor ainda não analisou os autos por não ter sido intimado.