Morador e PMs são ouvidos em segunda audiência sobre morte de Ágatha Félix
Próxima sessão terá interrogatório de PM acusado de disparar contra menina e deve ocorrer no próximo dia 28 de março
Rio de Janeiro|Victor Tozo, do R7*, com Fernanda Macedo, da Record TV Rio

Foi realizada na tarde desta quinta-feira (3) a segunda audiência sobre a morte da menina Ágatha Félix, de 8 anos, atingida por um policial militar no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, em 2019. Foram ouvidas três testemunhas de acusação, sendo um morador da região e dois PMs.
Thiago Gomes, dono de uma academia na área do crime, afirmou que não havia operação acontecendo no momento em que a menina foi baleada, bem como nenhum tiroteio, toque de recolher, festa ou situação atípica.
O morador relatou que, após ouvir dois tiros, viu o motorista da kombi onde Ágatha estava com a mãe dizer aos policiais que eles haviam atingido o veículo. Ele participou da reprodução simulada do crime.
Um dos PMs a prestar depoimento hoje foi Bruno de Souza, que está na corporação há nove anos e disse conhecer o cabo Rodrigo Soares, réu no processo e apontado como responsável pelo disparo que matou Ágatha.
O agente contou que estava baseado a 100 m do local do crime e afirmou ter efetuado três tiros contra um homem que, de acordo com ele, estava em um beco atirando contra os policiais.
Bruno declarou que só ficou sabendo que uma criança havia sido ferida quando chegou à base localizada na parte baixa da comunidade. Ele também disse não ter visto nenhuma festa ocorrendo no local e a kombi, além de não ter presenciado nenhum traficante em motocicleta.
A perícia atestou que o tiro que matou Ágatha não foi disparado pelo fuzil de Bruno e, por isso, ele não participou da reconstituição do caso.
O último a depor foi o PM Alanderson Sampaio. Ele afirmou ter visto dois indivíduos em uma moto, sendo que o garupa estaria armado. Disse ter ouvido vários disparos, mas não ter observado quem efetuou e nem revidado. Também declarou ter visto a kombi, mas não o PM Rodrigo atirando.
O Ministério Público questionou o depoimento de Alanderson, ressaltando que ele havia relatado em sede policial que viu o ocupante da garupa atirando. O agente alegou que presumiu que os disparos tinham sido feitos por ele.
O PM não participou da reprodução do crime, afirmando que não foi comunicado a tempo. Ele não respondeu a nenhum procedimento pela ausência.
A próxima audiência foi marcada para o dia 28 de março. Nela, deverá ser ouvido mais uma testemunha de acusação, além de duas testemunhas de defesa e o cabo Rodrigo, réu no processo.
Na primeira sessão, realizada no dia 9 de fevereiro, foram ouvidas seis testemunhas de acusação, incluindo a mãe de Ágatha, Vanessa Félix, e o motorista da kombi.
Relembre o caso
Ágatha foi morta em setembro de 2019. Ela estava com a mãe em uma kombi quando foi baleada nas costas no Complexo do Alemão.
Em novembro, a investigação da Polícia Civil confirmou que o tiro que matou a menina havia sido disparado por um PM. No mês seguinte, o cabo Rodrigo Soares se tornou réu pelo homicídio qualificado de Ágatha.
*Estagiário do R7, sob supervisão de Bruna Oliveira