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Narcoterrorismo e táticas de guerra: relatório do Rio mostra ao STF perfil de confronto do CV

Documentos enviados a Alexandre de Moraes descrevem o Comando Vermelho como ‘narcoterrorista’, com poder de fogo militar

Rio de Janeiro|Do R7, em Brasília

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Governo do Rio apresenta relatório ao STF, descrevendo o Comando Vermelho como uma organização narcoterrorista.
  • Operação Contenção resultou na prisão de 99 indivíduos e emprego de táticas de guerra urbana pela facção.
  • Grupo realizou ataques em resposta à operação, gerando controle social e intimidação na população.
  • Relatório destaca impactos econômicos na estrutura do CV, incluindo bloqueio de R$ 6 bilhões e falhas na preservação da cena do confronto.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Relatório apresentado por Cláudio Castro mostra táticas de guerrilha pelo Comando Vermelho no Rio de Janeiro Tânia Rêgo/Agência Brasil - 28.10.2025

O Governo do Rio de Janeiro apresentou ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes um retrato da Operação Contenção — ação de grande porte realizada em 28 de outubro nos complexos da Penha e do Alemão.

Nos documentos oficiais, o Estado classifica o CV (Comando Vermelho) como organização narcoterrorista, comparável a grupos armados internacionais, e descreve um inimigo com táticas de guerra urbana, armamento de uso militar e estrutura de comando interestadual.


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Segundo o relatório encaminhado a Moraes, a operação teve como objetivo cumprir 100 mandados de prisão e 145 de busca e apreensão, dentro de uma investigação que apontou lideranças de 11 estados diferentes atuando sob o comando da facção.

Entre os 99 presos, 27 vieram de outros estados, como Bahia, Pará, Goiás, Maranhão e Pernambuco. Ao todo, 121 pessoas morreram no confronto, dentre elas quatro policiais.


Táticas de guerrilha e poder de fogo

A facção empregou estratégias típicas de combate militar, com barricadas, roupas camufladas, casas-mata, trincheiras e artefatos explosivos lançados por drones. O arsenal apreendido soma 122 armas, sendo 96 fuzis, 12 explosivos e mais de 5,6 mil munições, avaliados em R$ 12 milhões.

As forças policiais mobilizaram 2.500 agentes — entre civis e militares — apoiados por blindados, drones e helicópteros de observação.


O governo enfatiza que o uso da força seguiu os parâmetros da ADPF 635, decisão do STF que regula operações em comunidades, e sustenta que não houve mortes de civis alheios ao conflito.

Represália e caos urbano

Horas após a ofensiva, o CV desencadeou uma série de ataques coordenados em resposta à operação.


O grupo impôs toques de recolher, incendiou veículos e bloqueou vias importantes, como Avenida Brasil, Linha Vermelha e Linha Amarela, além da BR-101 em São Gonçalo.

O governo descreve o episódio como uma tentativa de “controle social e intimidação coletiva”, comparando o cenário ao de 2010, quando o Rio viveu uma onda de ataques semelhante.

A dimensão nacional do crime

Os relatórios mostram que o Rio se tornou ponto de convergência das principais facções brasileiras.

Entre os mortos ou presos estão líderes de organizações de outros estados, como “PP” (Pará), “Chico Rato” e “Gringo” (Manaus), “Mazola” e “DG” (Bahia), além de “Rodinha” (Goiás).

A SSINTE, setor de inteligência da Polícia Civil, identificou rota de envio de drogas e armas partindo do Rio para Minas Gerais e Bahia, coordenada por “Piter” ou “Pity”, chefe de uma organização criminosa em Jacinto (MG).

Golpe financeiro bilionário

O balanço geral da Operação Contenção, de abril a outubro de 2025, aponta o bloqueio de mais de R$ 6 bilhões em bens e valores ligados à facção.

O governo trata o resultado como “golpe sem precedentes na estrutura econômica do CV”, atingindo redes de lavagem de dinheiro, tráfico de armas e financiamento de milícias.

Controvérsias e dificuldades na perícia

O relatório também reconhece falhas na preservação do local do confronto.

Moradores removeram corpos da área de mata da Serra da Misericórdia e os levaram ao Hospital Getúlio Vargas e à Praça da Penha, o que comprometeu a perícia.

O governo afirma que a decisão de não isolar a área foi motivada pela necessidade de socorrer feridos sob fogo intenso e pela impossibilidade material de estabilizar o terreno.

Diante da situação, a 22ª DP instaurou inquérito por fraude processual para apurar a descaracterização dos corpos.

Transparência e controle

Para assegurar legalidade e fiscalização, a operação contou com acompanhamento do Gaeco (Ministério Público) e uso de câmeras corporais por equipes da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil.

Os equipamentos registraram as ações e permitiram rastreabilidade das imagens.

A operação também teve ambulâncias posicionadas em pontos estratégicos e horário calculado para evitar o fluxo escolar e o deslocamento de trabalhadores.

Um retrato da guerra urbana

Os documentos enviados a Alexandre de Moraes mostram o esforço do governo fluminense em demonstrar planejamento, transparência e observância legal diante de um inimigo descrito como paramilitar e nacionalmente articulado.

A retórica do relatório é clara: trata-se de um conflito entre o Estado e uma facção com características de guerra irregular, onde o narcotráfico se funde à lógica do terrorismo.

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