No RJ, faltam mais de mil vagas para adolescentes apreendidos
Segundo o secretário Estadual de Educação, Pedro Fernandes, já existe um plano elaborado para combater o problema; única resistência é financeira
Rio de Janeiro|Da Agência Brasil
Pesquisa desenvolvida na Vara da Infância e da Juventude do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro) identificou que há carência de 1.086 vagas para adolescentes apreendidos no sistema socioeducativo.
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Os dados foram apresentados nesta segunda-feira (8) em seminário na Emerj (Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro) pela juíza titular da vara, Vanessa Cavallieri, que alertou que o problema é ainda mais grave na capital.
"Hoje temos um sistema socioeducativo à beira de colapso pela absoluta falta de vagas. Isso faz com que a gente não consiga ter um atendimento socioeducativo eficiente, de forma a realmente ressocializar esse adolescente e impedir que ele continue na escalada do crime."
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A pesquisa compara o número de vagas disponíveis para a capital fluminense com outras capitais brasileiras. Segundo os dados, o Rio tem apenas cinco vagas no sistema socioeducativo para cada 100 mil habitantes, enquanto Belo Horizonte tem 17, Porto Alegre tem 25 e São Paulo tem 32.
"A consequência disso é que eles dormem em alojamentos superlotados, sem cama para todos. Dormem dois em uma única cama, e, às vezes, até três", descreve a juíza. Ela destacou que a falta de estrutura e de agentes prejudica o trabalho de ressocialização, porque faltam vagas para que os adolescentes estudem, façam cursos profissionalizantes e pratiquem atividades esportivas. O Rio de Janeiro está descumprindo sistematicamente a Lei do Sinase (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo)".
A juíza apresentou o perfil dos 4.842 adolescentes apreendidos em flagrante entre 2017 e 2018: 95% eram meninos e 68% tinham entre 16 e 18 anos; quase 90% vieram de famílias abandonadas pelos pais e 70,35% só cometeram o primeiro ato infracional depois de terem evadido da escola, o que ocorria principalmente no sexto ano do ensino fundamental. As três infrações mais frequentes cometidas por eles foram roubo, tráfico de drogas e furto.
O secretário estadual de educação do Rio, Pedro Fernandes, também estava no seminário e comentou os dados apresentados em entrevista à Rádio Nacional, da EBC. Ele reconheceu que a superlotação existe e disse que as medidas para solucioná-la dependem do reequilíbrio das contas do estado.
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"O planejamento já está elaborado, o que estamos enfrentando de resistência é a questão financeira", afirmou Fernandes.
"É muito importante trabalhar, não só nas construções de novas unidades, mas, acima de tudo, melhorar o processo. Não podemos continuar com o pensamento de as unidades serem só depósito de gente. Temos que trabalhar para buscar o caminho de ressocializar essa garotada."
O secretário disse que vai verificar a denúncia de que não há vagas para que todos os adolescentes apreendidos estudem. "Vou conversar agora com o diretor geral e, se a informação proceder, vamos fazer uma reunião de emergência para reverter esse processo, porque é inadmissível."