Prefeitura propõe parceria para que AfroReggae permaneça no Alemão
No último sábado (20), José Junior disse que o projeto sairá da comunidade após ameças
Rio de Janeiro|Do R7

O prefeito Eduardo Paes e o secretário-chefe da Casa Civil, Pedro Paulo Carvalho, se reuniram nesta terça-feira (23) com o coordenador do AfroReggae, José Junior, para propor uma parceria entre a ONG e a Prefeitura do Rio. No último sábado (20), José Junior anunciou que o projeto não atuaria mais no complexo do Alemão, zona norte da cidade, por ameaças de traficantes.
Paes sugeriu que a prefeitura passe a administrar o espaço na comunidade.
— É inaceitável que uma instituição como o AfroReggae, que faz um trabalho importante nos mais variados campos em várias favelas da cidade, tenha que sair de qualquer lugar. Pedi que a gente pudesse incorporar aquele prédio como equipamento estatal e com a prefeitura bancando em sua plenitude ou mantendo algumas parcerias que o AfroReggae já tenha. No fundo, estou pedindo ao AfroReggae que não saia, que tenha um respaldo do poder público, do Estado no seu sentido mais amplo, para ali permanecer.
José Junior se disse interessado na proposta, mas considerou consultar a equipe antes de dar uma resposta ao prefeito.
— Acredito que o caminho oferecido pela prefeitura possa ser interessante, mas essa decisão não cabe a mim. Eu sou contra fechar, mas a minha equipe não quer isso. Parte dela mora no Alemão. Sabemos que para o AfroReggae sair de qualquer favela é muito ruim. Não queremos atingir a política de pacificação.
Na última terça-feira (16), a pousada do grupo e a sede do jornal Voz da Comunidade, na comunidade da Grota, dentro do complexo, foram incendiados. Para José Júnior, a ordem para o incêndio partiu do pastor Marcos Pereira, preso por suspeita de estuprar fiéis.
— A ordem vem do Marcos Pereira, que se diz pastor e não tem nada de pastor. Desde que nos posicionamos contra ele, aconteceram coisas. Não vai nos surpreender se aparecer droga no AfroReggae ou se alguém aparecer morto, até mesmo eu.
O R7 entrou contato com a defesa do pastor, mas não havia conseguido um posicionamento até a publicação desta reportagem.
Segundo a Polícia Civil, o principal suspeito do crime é Wagner Moraes da Silva. Ele foi encontrado no segundo andar do prédio com 30% do corpo queimado. Ele está internado no Centro de Tratamento para Queimados do hospital Pedro II, em Santa Cruz, na zona oeste.
De acordo com a perícia, uma lata de combustível foi encontrada. Também foram encontrados três focos de incêndio, dois no primeiro andar e um no terceiro. O segundo andar não foi atingido.