Rio de Janeiro RJ deverá pagar indenização aos pais de João Pedro, morto há dois anos no Complexo do Salgueiro

RJ deverá pagar indenização aos pais de João Pedro, morto há dois anos no Complexo do Salgueiro

Pais do jovem devem receber mensalmente 2/3 de salário mínimo, que serão pagos até a data em que João completaria 25 anos

João Pedro foi morto com tiro de fuzil

João Pedro foi morto com tiro de fuzil

Reprodução

O estado do Rio foi condenado a pagar uma pensão à família de João Pedro Matos Pinto, de 14 anos, morto ao ser baleado durante uma operação das polícias Civil e Federal no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, há dois anos, em maio de 2020.

Os pais do jovem deverão dividir igualmente o pagamento de 2/3 de salário mínimo, que serão pagos mensalmente até a data em que o adolescente completaria 25 anos. Após essa data, o valor passará a 1/3 de salário mínimo, a serem pagos até o dia em que ele completaria 65 anos.

Segundo a Defensoria Pública do Rio, a investigação começou a ser feita pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) e pelo MPF (Ministério Público Federal). Com indícios de que a morte teria sido provocada por policiais civis, o MPF deixou o caso, mas a defensoria pediu que o inquérito voltasse à promotoria federal, já que no estado a investigação estava parada desde outubro de 2020.

Pai de João Pedro, Neilton ainda busca respostas para a morte do adolescente.

“Nós estamos todos muito tristes com essa situação, pois a minha família ainda não teve a resposta que a gente esperava. Nós sabemos que nenhum valor é suficiente para reparar a dor que nós sentimos todos os dias, mas já é alguma coisa, pelo menos a Justiça está reconhecendo que o Estado tem que arcar com a responsabilidade pelo que fez. Mesmo com toda a tristeza, estamos felizes pelo estado ter reconhecido a responsabilidade pela morte do João, isso é muito importante para nós”, disse Neilton.

Relembre o caso

João Pedro, de 14 anos, foi assassinado a tiros durante uma operação policial em conjunto com a Polícia Federal no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, no dia 18 de maio de 2020, para cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão contra integrantes de uma facção criminosa.

Segundo a denúncia da 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo Niterói e São Gonçalo, os agentes alteraram e fraudaram a cena do crime enquanto aguardavam a chegada da equipe de peritos, com a intenção de criar vestígios de um suposto confronto com criminosos.

Ainda de acordo com o MP-RJ, os policiais civis plantaram no local diversos artefatos explosivos e uma pistola, posicionaram uma escada junto ao muro dos fundos do imóvel e produziram marcas de disparos no portão da garagem.

Em fevereiro, a Justiça do Rio aceitou a denúncia do MP e tornou réus os policiais civis Fernando de Brito Meister, Mauro José Gonçalves e Maxwell Gomes. A Justiça determinou ainda que os réus sejam suspensos da função pública e proibiu que eles acessem qualquer unidade da Polícia Civil.

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