Tiroteios aumentaram 37% durante intervenção, diz Observatório
Relatório divulgado pelo Observatório da Intervenção aponta que chacinas aumentaram e apreensões de fuzis caíram; "pouca inteligência", diz estudo
Rio de Janeiro|Rayssa Motta, do R7*

Passados cinco meses desde o início da intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, a presença das Forças Armadas nas ruas não trouxe a percepção de que a segurança do estado melhorou. É o que aponta o relatório divulgado nesta segunda-feira (16) pelo Observatório da Intervenção do CESeC/Ucam (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes).
Segundo o estudo, os tiroteios e disparos cresceram 37% nos cinco primeiros meses de intervenção, ultrapassando a marca dos 4.000. As chacinas aumentaram 80% e as mortes em chacinas (três pessoas mortas na mesma ação ou mais) foram 128% maiores.
Por outro lado, a apreensão de fuzis, metralhadoras e submetralhadoras caiu 39% em relação ao mesmo intervalo do ano anterior — de fevereiro a junho.
Nesses cinco meses, os tiroteios e disparos de armas de fogo deixaram 637 mortos e 526 feridos no estado. Os policiais também são vítimas da violência armada: 46 agentes baleados vieram a óbito.
“Nosso diagnóstico é que o comando da intervenção investe muito em operações militares e pouco em inteligência. O resultado é o aumento daquilo que a população tem mais medo: bala perdida, fogo cruzado e tiroteios”, afirmou o Observatório.
Desde seu início, em 16 de fevereiro, a intervenção vem sendo marcada por operações que fazem incursões armadas em comunidades pobres: foram 280 operações monitoradas que contaram com a participação de 105 mil agentes e deixaram 69 mortos. Entre eles, o adolescente Marcus Vinícius, de 14 anos, baleado na barriga quando ia para a escola, no Complexo da Maré, na zona norte do Rio.
Procurada pelo R7, a Secretaria de estado de Segurança não respondeu até o fechamento desta matéria.
*Estagiária do R7, sob supervisão de PH Rosa