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Voluntários dão aulas gratuitas ao ar livre no Rio de Janeiro

Iniciativa de cidadãos presente nas redes sociais, sem apoio oficial, o Adote já reúne 50 voluntários e cerca de 300 estudantes; não há limite de idade

Rio de Janeiro|Do R7

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Grupo de alunos é bastante heterogêneo
Grupo de alunos é bastante heterogêneo

Aos 85 anos, Edna quer, finalmente, aprender a ler e a escrever. Paula, de 19, tenta melhorar as notas de matemática e física. Luzia, de 67, pretende passar no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e tentar a universidade. Não há limite nem idade no Adote Um Aluno, projeto que, em pouco mais de um ano e meio, tomou praças do Rio com aulas gratuitas ao ar livre. Iniciativa de cidadãos presente nas redes sociais, sem apoio oficial, o Adote já reúne 50 voluntários e cerca de 300 estudantes. Esses tentam obter na rua o que não conseguem na escola tradicional: atenção individualizada.

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O movimento surgiu em março do ano passado a partir da iniciativa do engenheiro eletricista Silverio Morón, de 65 anos. Ele dava aulas particulares a estudantes de escolas privadas e um dia decidiu ir a uma praça perto de casa, em Botafogo, na zona sul, em busca de outro tipo de aluno. Em uma folha de papel escreveu que tirava dúvidas de matemática e física.

Hoje, o Adote um Aluno dá aulas públicas de diferentes disciplinas nas zonas sul, norte e oeste da capital fluminense.


O grupo de alunos é bastante heterogêneo. Atualmente, a faixa etária vai dos sete aos 85 anos - já houve uma senhora de 93. A "sala de aula" também é peculiar. Em geral, é composta por mesas e bancos de cimento usados para jogos. Sem paredes e sujeitos ao clima, os locais de estudo chamam a atenção de quem passa pelas praças de segunda a sábado. Os horários das disciplinas são pré-definidos e publicados em páginas no Facebook. Às vezes, porém, o mural virtual avisa: "Aula de hoje cancelada devido à ventania".

Alunos alegam dificuldade no aprendizado em turmas com grande quantidade de pessoas
Alunos alegam dificuldade no aprendizado em turmas com grande quantidade de pessoas

Apesar da diversidade de perfis, os estudantes apresentam motivos semelhantes para procurar as aulas. Alegam dificuldades para aprender em turmas grandes nas escolas, em contraste com a atenção individualizada dos voluntários.


"Passei três anos numa escola e saí sem saber nada", conta Edna Veiga, que, aos 85, tenta se alfabetizar.

Dezoito anos mais nova, Luzia dos Santos está de olho no Enem. Ela mora em Niterói, e atravessa a Baía de Guanabara três vezes por semana para ter reforço na Praça Mauro Duarte.


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Aos 19, Paula Sabino é aluna do terceiro ano do ensino médio no tradicional Colégio Pedro II. Desde o ano passado, também é aluna de Silvério. "Eu estava com dificuldade em matemática e física." A evolução das notas na escola foi enorme. "Saí do zero um, para seis, sete", vibra.

O retorno para quem dá as aulas é o sentimento de estar ajudando ao próximo. "Eu trabalho em escolas particulares, mas vim de escola pública e sempre quis retribuir o muito que recebi", diz a professora de biologia Alessandra Oliveira. 

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