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Acusados de matar família carbonizada no ABC vão a júri popular nesta segunda-feira

Previsão é que julgamento dos quatro réus dure até três dias, no Fórum de Santo André; o da filha das vítimas foi adiado

São Paulo|Do R7

Quatro réus serão julgados pela morte de um casal e do filho de 15 anos no ABC paulista
Quatro réus serão julgados pela morte de um casal e do filho de 15 anos no ABC paulista

Começa nesta segunda-feira (13) o julgamento de quatro réus acusados de matar a família Gonçalves e carbonizar seus corpos, no ABC paulista, em janeiro de 2020. O julgamento acontece no Fórum de Santo André, na região metropolitana de São Paulo, e será presidido pelo juiz Lucas Tambor Bueno, a partir das 10 horas. A previsão é que dure até três dias.

Sete jurados vão decidir o destino de Carina Ramos de Abreu, namorada da filha das vítimas, dos irmãos Juliano Oliveira Ramos Júnior e Jonathan Fagundes Ramos, primos de Carina, e Guilherme Ramos da Silva, vizinho dos dois.

De acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo, Ana Flávia Martins Meneses Gonçalves, filha do casal carbonizado, será julgada apenas no dia 19 de setembro, às 10h. Inicialmente, ela também estaria no mesmo júri, mas trocou de advogado e ele pediu o adiamento na sexta-feira (10).

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Os réus respondem por três homicídios triplamente qualificados – meio cruel, motivo torpe e sem chance de defesa das vítimas –, ocultação de cadáver, roubo e associação criminosa.


Na decisão, o magistrado destacou que "a imputação de três crimes de homicídio multiqualificado, três crimes de ocultação de cadáver, roubo circunstanciado e associação criminosa é gravíssima e demonstra comportamento incompatível com o convívio em sociedade, não se admitindo a concessão de qualquer benefício liberatório a quem responde por tão graves condutas".

O julgamento deveria ter ocorrido em 21 de fevereiro, mas foi remarcado para junho depois que uma das testemunhas não compareceu ao fórum. Na ocasião, a defesa dos réus não abriu mão do depoimento.


A partir desta segunda, as 17 testemunhas previstas começam a ser ouvidas.

Casal e o filho de 15 anos foram mortos e carbonizados; corpos foram achados em carro
Casal e o filho de 15 anos foram mortos e carbonizados; corpos foram achados em carro

Vítimas

A morte dos empresários Romuyuki e Flaviana Gonçalves e do filho deles, Juan Victor, de 15 anos, teve o envolvimento da filha do casal e da namorada dela. Ana Flávia e Carina foram acusadas de planejar a morte dos três integrantes da família.


De acordo com a polícia, as duas informaram aos três suspeitos que havia R$ 85 mil na casa e ajudaram o trio a entrar na residência. No dia do roubo, segundo a denúncia feita pelo Ministério Público, eles não encontraram o dinheiro e, depois de ameaçar as vítimas, decidiram matá-las.

Os corpos do casal e do adolescente foram colocados dentro do carro da família e levados para uma estrada de terra em São Bernardo do Campo. O veículo foi incendiado, e as vítimas, carbonizadas.

À Record TV, Carina Ramos admitiu ter participado do planejamento do assalto, mas não das mortes. Ela disse que a ex-namorada tinha arquitetado o crime. Já Ana Flávia se disse inocente e afirma que os assassinatos foram premeditados pela ex-companheira.

Segundo Ana Flávia, Carina a convenceu de que não aconteceria nada à família, a não ser uma simulação de assalto. Os irmãos também se sentiram enganados por Carina ao perceber que não havia dinheiro na casa: "Foi uma cilada que ela arranjou pra nós porque a intenção dela, na verdade, não era roubar o dinheiro, porque não tinha dinheiro, a intenção delas foi querer matar eles".

Ana Flávia e Carina confessam ter planejado o crime, mas negam ter participado das mortes
Ana Flávia e Carina confessam ter planejado o crime, mas negam ter participado das mortes

Investigação

Com a quebra de sigilo de contas na internet e as conversas entre o casal por um aplicativo de mensagens, a Polícia Civil descobriu que Ana Flávia e Carina haviam feito buscas relacionadas aos assassinatos.

Elas pesquisaram termos referentes ao seguro de vida de Romuyuki, como "seguro de vida cobre quais mortes", "seguro de vida por morte assassinato" e "segurado de homicídio", no celular de Ana Flávia em 24 de dezembro de 2019, cerca de um mês antes do crime.

No dia 30 de dezembro, o casal pesquisou a compra de um carro de luxo, apesar de estar endividado. Dois dias antes das mortes, Carina também fez pesquisas sobre reforma do piso de uma casa. A metragem e a descrição da planta são compatíveis com o imóvel onde a família foi morta, o que indica a intenção das duas de se apossar da casa.

O assassinato da família foi descoberto em 28 de janeiro de 2020. Ana Flávia e Carina foram presas um dia depois. Jonathan, Guilherme e Juliano tiveram a prisão decretada poucos dias após o crime.

Justiça

Vera Lúcia Chagas Conceição, que perdeu a família, aguarda a punição dos envolvidos, entre eles a própria neta: "Só vejo três caixões — do meu neto, genro e da minha filha — e eu prometi justiça, estou clamando por justiça".

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