Antes da prisão, André do Rap levava vida de luxo em mansões
Procurado novamente após soltura no sábado (10), traficante vivia entre carros importados e contava com lancha e helicóptero à sua disposição
São Paulo|Do R7, com informações da Record TV
Um dos maiores traficantes internacionais do país é procurado novamente. André Oliveira de Macedo, de 43 anos, conhecido como André do Rap, estava preso quando o ministro do STF Marco Aurélio Melloconcedeu um habeas corpus, e ele foi libertado no sábado (10).
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No dia seguinte, o presidente do Supremo, Luiz Fux, suspendeu a decisão e André do Rap voltou a ser considerado foragido. A polícia continua fazendo buscas, mas acredita que ele fugiu do país.
Acusado de vários crimes ligados ao tráfico internacional, André do Rap seria o responsável por enviar drogas em navios saídos do porto de Santos, em São Paulo, para a Europa.
Quando foi preso, no ano passado, a polícia descobriu um patrimônio avaliado em mais de R$ 28 milhões. Duas mansões em um condomínio de luxo em Angra dos Reis, carros importados, um helicóptero e uma lancha - que foi a peça-chave para a polícia chegar ao traficante.
Ele é o número dois da maior facção criminosa do país.
Soltura
André estava preso há um ano e um mês na penitenciária de segurança máxima de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo. Mas no último sábado (10), após a decisão do STF, André saiu pela porta da frente.
O narcotraficante foi recebido do lado de fora pelo advogado e seguiu para um hangar em Maringá, no interior do Paraná, onde teria embarcado em um jatinho particular, tudo indica, para fora do país.
A decisão sobre a liberdade de André, nessa hora, já havia sido suspensa. de criminoso livre, oito horas depois, André passou a condição de foragido da justiça, mais uma vez.
André do Rap foi solto por um habeas corpus concedido pelo ministro do supremo tribunal federal, Marco Aurélio Mello. Ele acatou a um pedido dos advogados do traficante, que alegaram que o prazo da prisão preventiva de André do Rap tinha vencido. Um pedido semelhante já havia sido negado anteriormente, pelo Superior Tribunal de Justica.
André é acusado de tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e financiamento de narcotráfico. Ele já tinha sido condenado em primeira instância a 14 anos de prisão. Mas a pena foi reduzida na segunda instância a 10 anos.
O ministro da Suprema Corte determinou no ato de soltura, que André atendesse aos chamados judiciais e informasse à justiça um endereço fixo, bem como qualquer mudança de casa. A residência informada é uma casa simples na periferia do Guarujá na Baixada Santista, local onde o traficante nunca esteve desde que foi colocado em liberdade.
A decisão que mandava soltar o traficante foi suspensa pelo STF a pedido da Procuradoria-Geral da República. Na decisão, o presidente do STF, Luiz Fux, alega que a decisão liminar de Marco Aurélio foi cassada porque poderia causar grave lesão à ordem e à segurança pública. Destacou ainda que o acusado é uma pessoa de altíssima periculosidade, com dupla condenação por tráfico internacional de drogas, envolvimento com organização criminosa e que já esteve foragido por mais de cinco anos.
Mordomias
André do Rap sempre gostou de luxo e mordomias. Ele tinha duas casas em um condomínio em Angra dos Reis, no litoral fluminense. Foi em uma dessas casas que André foi preso no dia 15 de setembro do ano passado. após semanas de investigação, o traficante foi rastreado e flagrado ao sair de um shopping da cidade.
Mais de 20 policiais de São Paulo cercaram a propriedade por volta das 6h30 da manhã. A policia agiu rápido. Na praia e dentro da mansão.
André do Rap não reagiu. Na casa, ainda estavam outros dois traficantes, dois pilotos de helicópteros, três marinheiros e oito mulheres. todos foram presos. André portava documentos com nome falso de Carlos.
A Record TV teve acesso a outra mansão de André que fica a 200 metros da primeira, onde ele foi preso. O imóvel era alugado por R$ 20 mil ao mês. Os quartos e suítes têm vista para a baía de Angra dos Reis. Tudo com piso de granito, decorado com muito luxo. No andar de cima ficam os quartos, e embaixo as áreas comuns. A sala de jogos tem vista para a piscina e para o mar. A sala de estar e a de jantar são muito bem mobiliadas e sofisticadas. A vista da piscina é cinematográfica.
Vários bens foram apreendidos durante a operação. O mais valioso foi um helicóptero avaliado em R$ 7 milhões que era para uso pessoal do traficante. Dessa forma, economizava tempo nos deslocamentos de uma cidade pra outra.
Uma lancha novinha avaliada em R$ 6 milhões estava atracada em frente à mansão. André não poderia imaginar que seria justamente o que levaria a polícia até ele.
Segundo o delegado responsável, a embarcação estava em nome de uma empresa cuja sede era um casarão abandonado no centro de Santos.
"Ela [lancha] está em nome de um empresário, que tem uma moto CG", afirmou o delegado. "Como um cara que tem uma moto CG tem uma lancha de R$ 6 milhões? A gente acredita que ele [André do Rap] usava esses laranjas para lavar o dinheiro."
A casa luxuosa de André em Angra dos Reis era apenas um refúgio do traficante, usada para lazer e confraternização com amigos. A base do tráfico ficava no litoral paulista, próximo ao porto de Santos.
André era o administrador dos negócios internacionais da organização criminosa. Ele era o comando de inteligência e estratégia do tráfico. Tinha como comparsas mafiosos italianos. As autoridades brasileiras estimam que ele tenha enviado dezenas de toneladas de cocaína com alto grau de pureza pelo porto de Santos, no litoral paulista, desde 2013.
“Ele detém a rota do tráfico entre América do Sul e Europa. Essa rota vai via porto de Santos”, conta o delegado Fábio Pinheiro Lopes.
De acordo com a polícia, a droga seguia em navios cargueiros para a região da Calábria onde fica o principal porto da Itália para transporte de container. De lá, a droga era distribuída para outros países na Europa.
A polícia de São Paulo montou uma força tarefa para encontrar o traficante foragido. Há uma suspeita de que ele possa estar no Paraguai.
Marco Aurélio Mello quer levar o caso para o plenário do STF. O ministro disse ter sido "censurado" pela decisão do presidente do STF, ao suspender a liminar que dava liberdade ao traficante. “A gente acredita que mesmo preso ele continuava mandando, controlando esse império, agora solto vai controlar mais ainda”, diz Lopes.