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Após décadas de disputa, Parque Augusta será inaugurado em SP

Área verde de 23 mil metros quadrados abre neste sábado (6) como opção de lazer na região central após acumular polêmicas 

São Paulo|Do R7

Vista aérea do Parque Augusta, nova área verde da região central de SP
Vista aérea do Parque Augusta, nova área verde da região central de SP Vista aérea do Parque Augusta, nova área verde da região central de SP

O Parque Augusta será inaugurado neste sábado (6), na região central de São Paulo, após mais de duas décadas de disputas, incertezas e atrasos até que o cobiçado terreno se tornasse uma área de lazer aberta à população e com infraestrutura.

O espaço de cerca de 23 mil metros quadrados terá trilhas, brinquedos para crianças cachorródromos, equipamentos de ginástica, academia e arquibancada. O bosque, cuja preservação é determinada em lei, será mantido. A área inclui resquícios históricos como degraus, piscos e percursos, dentre outros.

O local, que passou por uma ampla reforma, abrigou a escola de freiras Des Oiseaux até o final dos anos 60. Nos anos 70, a Prefeitura de São Paulo declarou a área de utilidade pública com vistas à construção de um jardim. No entanto, logo os então proprietários da área reverteram a decisão. Seguiram-se então diversas tentativas de construção de empreendimentos no local, que acabaram não vingando. 

Foi no início dos anos 2000, no entanto, que o destino da área começou a mudar. Moradores do entorno, que já usavam o espaço para lazer, de forma informal, decidiram pleitear a construção de um parque em uma região com poucos espaços verdes. Sérgio Carrera, morador do entorno, lembra que teve amor à primeira vista pela área ao começar a passear com seu cachorro no local. Ele ajudou a fundar o movimento hoje conhecido como Comitê de Ação Aliados do Parque Augusta".

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Os participantes começaram a organizar abaixo-assinados, abraços coletivos ao terreno, eventos como piqueniques e a levantar documentos referentes à regularização do terreno. Descobriram, entre outras coisas, que a escritura determinava a existência de uma "servidão de passagem" entre as ruas Marques de Paranaguá e Caio Prado, ou seja, uma passagem aberta ao público, um dos limitadores do uso do terreno para empreendimentos. 

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As negociações continuaram, até que, em 2019, as construtoras Setin e Cyrela fizeram um acordo com a Prefeitura, com a mediação do Ministério Público para a construção do parque em vez das torres comerciais pretendidas. Elas assumiram o trabalho e os custos de implantação do parque, em cerca de R$ 11 milhões. Por outro lado, receberam títulos de potencial construtivo - certificados que liberam a construção acima do permitido em determinadas áreas e que podem ser vendidas no mercado imobiliário.

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A obra restaurou ainda o portal da rua Caio Prado e da Casa das Araras, espaços tombados, e, no caso do segundo, que receberá atividades educativas e culturais.

Com a inauguração neste sábado, os moradores do entorno comemoraram os anos de dedicação ao projeto. "Eu fico arrepiado. É um sentimento indescritível. Fui chamado de louco por ir contra o poder da especulação imobiliária", afirma o morador Sérgio Carrera. Ele comemora o fato de a região, dominada por prédios e concreto, ter um espaço de lazer e contato com o meio ambiente. Mas afirma que o parque tem um significado que vai além disso. "Não celebramos apenas a criação do parque como espaço físico, mas como um símbolo de resistência que mostra o poderão do cidadão", diz.

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Terreno

O terreno do parque fica em uma área com edificações tombadas. A área foi sede do Palacete Uchoa, 1902, obra que teve projeto do arquiteto francês Victor Dubugras e foi demolida 60 anos depois. Em 1906, o imóvel foi vendido às Cônegas de Santo Agostinho, sendo transformado no Colégio Des Oiseaux, exclusivo para meninas e que funcionou até 1967.

Ao longo dos anos, o colégio criou um edifício anexo. Como o lote era maior, o terreno do parque ainda contemplou a a Escola Santa Mônica, de 1910 a 1974, e o Instituto Superior de Filosofia, Ciências e Letras Sedes Sapientiae, projetado por Rino Levi e construído em 1941 (sendo incorporado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 1946).

Segundo levantamento da Prefeitura, um decreto municipal de 1973 determinou a proteção do bosque e ocupação máxima de 25% do total do terreno. Em 1989, a área foi declarada patrimônio ambiental em novo decreto, dessa vez estadual. Já em 2002, a implantação do Parque Augusta foi determinada no Plano Diretor, enquanto o espaço foi oficialmente criado um ano depois.

Após o fechamento das escolas, o terreno foi utilizado como estacionamento, além de abrigar atividades diversas e ter sido cogitado para empreendimentos habitacionais e comerciais. No entanto, a pressão pela Parque Augusta acabou resultando na sua construção e inauguração neste sábado, com o nome de Parque Augusta Bruno Covas, em homenagem ao ex-prefeito. 

Em relação à fauna e a flora do local, foram registradas 21 espécies de aves silvestres no espaço. Há ainda um bosque com espécies arbóreas nativas, frutíferas como abacateiro e mangueira, além de palmeiras, como o areca-bambu.

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