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Apps usam caso de racismo para camuflar precarização, diz sindicato

Sindicato e movimentos apontaram demagogia por empresas como iFood e Rappi em publicações sobre caso de racismo sofrido por motoboy em Valinhos (SP)

São Paulo|Guilherme Padin, do R7

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Os pronunciamentos de empresas de aplicativos em repúdio ao caso de racismo sofrido por Matheus Pires, entregador vítima de injúria racial em Valinhos (SP), geraram indignação entre a movimentos e grupos da categoria.

Em nota publicada na última segunda-feira (10), o SindmotoSP apontou demagogia por parte de empresas como o iFood e a Rappi em publicações contra o racismo feitas em suas redes sociais. “O caso do Coletino (apelido do Matheus) é tão sério como as centenas de preconceitos aos motocas que acontecem diariamente”, escreveu o órgão.


No texto, o sindicato ainda destaca que os entregadores têm trabalhado por mais de 12 horas diárias e, se não estiverem disponíveis nos finais de semana, são bloqueados pelas empresas - relato comum dos entregadores nas manifestações de julho. “Além disso, quantos sofreram acidentes, amputaram membros do seu corpo e estão abandonados? Ou seja, estão agora completamente sem amparo legal, desempregados e esquecidos por empresas bilionárias que lucram diante da exploração e total precarização da mão-de-obra”, prossegue a nota.

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Ao R7, Gilberto Almeida, presidente do Sindmoto, afirmou que as empresas se usaram do caso para fazer ‘marketing barato’. “O que o rapaz do condomínio fez com ele é algo que não podemos aceitar, mas o que o iFood, a Rappi e a Uber Eats fizeram chega a ser tão ridídculo quanto o papel daquele cidadão. Que moral eles têm pra falar alguma coisa?”, questionou Gil, e prosseguiu: “O Brasil parou todo no dia 1º de julho também por conta desse [aspecto] social que eles dizem que fazem e não fazem”.


Motoboy sofreu injúria racial em Valinhos (SP)
Motoboy sofreu injúria racial em Valinhos (SP)

A página “Treta no Trampo”, responsável pela mobilização e divulgação de manifestações dos motoboys em todo o Brasil, também se posicionou em repúdio à postura dos aplicativos: “Os apps usaram o caso do entregador Matheus para se promover, mas a real é que a gente sabe que se nada disso fosse filmado, ele seria mais um bloqueado. Nas redes sociais e nas mídias, os apps ficam fazendo propaganda e dizem que dialogam com os entregadores... na vida real isso NÃO É VERDADE!!!”

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O movimento Entregadores Antifascistas, que ganhou notoriedade na classe a partir de junho, apontou contradições em um posicionamento da Rappi pelas redes sociais. “Tweet bonito é propaganda, @rappibrasil! A gente quer ver ação. Vocês não forneceram nem a máscara que o entregador estava usando, muito menos a bag. Cadê o seguro de vida? Cadê uma plataforma de diálogo? Esse discurso a gente já conhece bem”, disse o grupo, em texto publicado no Instagram.

Outro lado

A reportagem procurou pelas duas empresas (iFood e Rappi) que se manifestaram publicamente a respeito do caso de racismo em Valinhos. Não houve resposta até a publicação deste texto.


O caso

Tão logo o motoboy Matheus Pires sofreu ofensas racistas de Mateus Almeida Prado Couto, morador de um condomínio em Valinhos, no interior de São Paulo, na última sexta-feira (7), empresas como iFood e Rappi se manifestaram pelas redes sociais repudiando a atitude de Prado Couto.

No mesmo dia, pelo Twitter, a Rappi escreveu para outras duas empresas e pediu pelo contato de Pires para prestar apoio ao motoboy e tomar providências quanto ao morador do condomínio.

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Já a iFood, pela mesma rede social, afirmou condenar qualquer forma de preconceito e disse se solidarizar com o entregador. Por isso, assegurou que ofereceria apoio jurídico e psicológico à vítima de racismo e também garantiu o descadastramento do agressor na plataforma.

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