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Com 98% de adesão, Projeto S inicia análise de resultados na segunda

Coordenadores do estudo de vacinação em massa em Serrana (SP) veem participação acima do esperado e apontam próximas etapas

São Paulo|Guilherme Padin, do R7

Ao todo, 27.150 pessoas foram imunizadas com as duas doses da vacina
Ao todo, 27.150 pessoas foram imunizadas com as duas doses da vacina

Encerrada a vacinação em massa contra a covid-19 em Serrana (SP), no último dia 11, o Projeto S se aproxima agora da próxima etapa do programa: a análise dos resultados. Os primeiros dados serão revelados em maio.

A iniciativa do Instituto Butantan estuda a eficiência da CoronaVac na diminuição das taxas de transmissão do novo coronavírus.

Na avaliação dos cientistas que se debruçam no estudo, a fase de imunização obteve sucesso no município. A adesão do público-alvo alcançou 97,9% ou 27.150 pessoas em uma população de 45.644 habitantes.

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Outro dado visto com bons olhos pelos especialistas do projeto foi o número de mortes. Desde fevereiro, no início da pesquisa, houve 20 óbitos por covid-19 na cidade.


Destes, 14 foram pessoas que não tomaram a vacina. Das seis restantes, cinco tomaram somente a primeira dose. A única pessoa que foi imunizada duas vezes apresentou sintomas dois dias após a última aplicação, o que indica que foi infectada antes da vacinação.

À reportagem do R7, Ricardo Palacios, diretor-médico de pesquisa clínica do Butantan e um dos idealizadores do estudo, e Pedro Garibaldi, hematologista e coordenador médico do estudo, avaliaram a etapa da vacinação na cidade e explicaram os próximos passos para a pesquisa.


Garibaldi comenta que antes do início da imunização, após questionários feitos pelas equipes de pesquisa em Serrana, a expectativa de adesão era de 85% do público. Diante das fake news a respeito da CoronaVac e do que avalia como “desacordo entre poderes”, prossegue ele, os pesquisadores não esperavam um resultado tão alto na adesão à vacina.

“Mudamos de patamar: das dúvidas das pessoas sobre a eficácia da vacina para um momento que a população quer se proteger e proteger a família. Esse desacordo de poderes não aconteceu aqui: o discurso era o mesmo da prefeitura, da secretaria estadual e do Butantan”, afirma o coordenador do estudo.


Palacios também relembra mensagens negativas sobre a vacina, inclusive de autoridades, e diz que bons resultados em um estudo desse porte dependem essencialmente do envolvimento da comunidade. “Falamos com lideranças da cidade, comunitárias ou de outros âmbitos, para estimular a vacinação. Esse trabalho permitiu que a população se informasse, se apropriasse do projeto e, assim, se garantiu o sucesso do estudo”, diz o médico colombiano.

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Para ele, o projeto também serve para que a população compreenda que pode participar ativamente de avanços científicos no país. “Independentemente do estrato econômico ou de educação, todos podem participar. Sem o apoio da comunidade, não alcançaríamos qualquer resultado no projeto”, assegura Palacios.

Quais são as próximas etapas

Além da análise dos dados, projeto seguirá com monitoramento na cidade até 2022
Além da análise dos dados, projeto seguirá com monitoramento na cidade até 2022

Uma vez concluídas as medidas que envolvem intervenções junto à população, a próxima etapa será descobrir se a imunização em massa de fato atingiu o objetivo mais importante do projeto: reduzir a transmissibilidade do vírus no município.

A fim de que o estudo obtenha resultados mais robustos, os cientistas aguardam o início da próxima semana para começar a análise dos resultados da vacinação em massa. Isto porque o último grupo da cidade foi vacinado em 11 de abril e, para a pessoa imunizada gerar anticorpos contra o novo coronavírus, leva ao menos duas semanas.

Os coordenadores consideram que até o meio de maio os dados iniciais do estudo já devem ser divulgados.

Para uma resposta positiva, os primeiros indicadores, que também são uma meta do estudo, devem ser a redução de mortes por covid-19 e internações em leitos de UTI pela doença, apontam os especialistas.

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“Vamos acompanhar as internações e mortes por covid, que devem ter uma tendência decrescente importante assim que os imunizados tiverem anticorpos. Casos leves não são uma preocupação. Fazemos analogia com a vacina de influenza: não estamos focados em eliminar casos leves, o que queremos é evitar que adoeçam gravemente ou morram”, afirma Ricardo Palacios.

Além do baixo número de mortes recentes pelo vírus, das quais nenhuma atribuída à CoronaVac, os pesquisadores também apontam que não houve qualquer fato grave ao longo dos dois meses de imunização. “Fomos rigorosos com a vacinação das 27 mil pessoas, e assim não houve relato de qualquer inconveniente relevante”, diz Palacios.

Para além da vacinação e da análise de resultados, outro processo importante que começou no ano passado e não será interrompido é o monitoramento na cidade. Os cientistas do Projeto S farão vigilância por mais um ano da população vacinada e não vacinada, sobretudo com casos de morte e internação em decorrência do novo coronavírus.

“A análise dos dados é o mais importante nesse momento, mas ela vem de um projeto de vigilância que vai continuar. Aprimorada, ativa, com coleta de PCR... e isso continua. A parte da vacinação acaba, mas o estrutural para que os dados sejam organizados seguirá acontecendo”, diz Pedro Garibaldi.

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