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Do 1º caso à vacina: SP é o ponto de partida da pandemia no Brasil

Estado com mais casos e mortes decorrentes do novo coronavírus, São Paulo voltou à fase amarela após taxas de internações pela doença subirem

São Paulo|Do R7

Ao fim de fevereiro, após primeiro caso oficial, uso de máscaras tornou-se rotina
Ao fim de fevereiro, após primeiro caso oficial, uso de máscaras tornou-se rotina Ao fim de fevereiro, após primeiro caso oficial, uso de máscaras tornou-se rotina

Em um ano que será historicamente marcado pela pandemia, o local a receber a primeira remessa de vacinas de imunização contra a covid-19 foi também a porta de entrada para o primeiro caso confirmado do novo coronavírus em todo o país, de um homem infectado chegando à cidade de São Paulo após uma viagem à Itália.

O Estado brasileiro com mais casos e mortes decorrentes de infecção pelo vírus vive as últimas semanas antes do início do programa de vacinação, com fase inicial prevista para 25 de janeiro, sob momento de tensão: desde o último dia 30, face ao aumento das taxas de internação por covid-19 e de leitos UTI para a doença nos hospitais, São Paulo retrocedeu da fase verde do Plano SP à amarela.

Assim, todas as 17 regiões de São Paulo seguirão na fase amarela pelo menos até 4 de janeiro, data marcada pelo governo de João Doria para a próxima reclassificação da fase em todo o Estado.

Início da pandemia em SP

Observando a distância o avanço do vírus em países europeus, São Paulo teve o primeiro caso do novo coronavírus no Estado – e em todo o país – confirmado em 26 de fevereiro. Um homem de 61 anos, que havia viajado à Itália entre os dias 9 e 21 daquele mês, retornou ao Brasil no fim do mês, e teve a infecção confirmada após dois testes.

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Governador de São Paulo, João Doria
Governador de São Paulo, João Doria Governador de São Paulo, João Doria

Em 13 de março, duas semanas após o anúncio, com o aumento no número de casos, João Doria determinou a suspensão das aulas nas escolas estaduais e recomendou o cancelamento de eventos no Estado. Três dias depois, primeira morte por covid-19confirmada no país: um homem de 62 anos faleceu no hospital Sancta Maggiore, da Rede Prevent Sênior, na zona sul da cidade de São Paulo.

Na semana seguinte, o governo paulista decretou estado de calamidade públicae quarentena até 7 de abril – estado no qual São Paulo permanece até o momento. Foram considerados essenciais os serviços dos setores de saúde, abastecimento, segurança, limpeza e alimentação – os últimos, porém, apenas com delivery. Outros estabelecimentos, como como shoppings, igrejas, escolas, restaurantes e bares, foram fechados.

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Reabertura econômica na capital paulista

Em 22 de abril, o governo chegou a apresentar um plano de reabertura econômica para o Estado, mas o rápido avanço do vírus o fez recuar, até que, no final de maio, foi anunciado o Plano São Paulo, com cinco fases graduais de retomada das atividades econômicas.

A cidade de São Paulo nunca passou pela fase vermelha – a mais crítica – e começou o plano (1º de junho) na laranja, na qual permaneceu até 3 de julho, data da quarta atualização feita pelo governo de João Doria, quando avançou à amarela.

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A capital paulista, assim como outras regiões próximas, permaneceu estável no Plano SP até 9 de outubro, dia em que Grande São Paulo, Taubaté, Campinas, Piracicaba, Sorocaba e Baixada Santista foram à fase verde. As regiões, se somadas, formam 76% da população paulista.

Movimentação em bar de São Paulo
Movimentação em bar de São Paulo Movimentação em bar de São Paulo

Neste nível, são permitidos eventos, convenções e outras atividades culturais com o público em pé. Além disso, o horário de funcionamento dos estabelecimentos também foi estendido para até 12 horas, com máximo de 60% da ocupação.

Em 30 de novembro, um dia após o segundo turno das eleições municipais, cujo o eleito em São Paulo foi Bruno Covas (PSDB), o governo de Doria anunciouque todo o Estado iria à fase amarela, incluindo a capital. A justificativa da gestão estadual para a reclassificação foi o aumento no número de casos e internações por covid-19 nos hospitais da cidade.

A próxima reclassificação de fase para todo o Estado, anunciou Doria, acontecerá em 4 de janeiro próximo.

Evolução dos casos no Estado

Local do primeiro caso e da primeira morte por covid-19, São Paulo foi onde o vírus fez mais vítimas e infectados no Brasil ao longo dos nove últimos meses.

Estado mais populoso do Brasil, com 46 milhões de habitantes segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), São Paulo viu a pandemia acelerar logo nas primeiras semanas: um mês após a confirmação do primeiro caso, eram 1.052 casos confirmados e 58 mortes; dois meses depois, 20.715 casos e 1.700 mortes; em 26 de maio, 86.017 casos e 6.423 mortes haviam ocorrido no Estado.

Ruas dos centros de comércio de São Paulo lotaram no mês de dezembro, em meio à pandemia
Ruas dos centros de comércio de São Paulo lotaram no mês de dezembro, em meio à pandemia Ruas dos centros de comércio de São Paulo lotaram no mês de dezembro, em meio à pandemia

Com as seguidas semanas de estabilidade nos critérios estabelecidos pelo Plano SP do governo do Estado e o avanço à fase verde, São Paulo somava, em 9 de outubro, 1.028.190 casos e 37.068 óbitos decorrentes do vírus.

Atualmente, quase um quinto dos casos (19%) e aproximadamente um quarto das mortes (24%) registradas no país ocorreram em solo paulista. São, ao todo, mais de 1,3 milhão de casos e 43 mil mortes.

Vacina e atritos com o governo federal

Em 11 de junho passado, o governo de São Paulo anunciou a parceria entre o laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantan pela produção da CoronaVac, vacina imunizante contra a covid-19.

Foi em 19 de novembro, cinco meses após o primeiro anúncio da produção em parceria com a Sinovac, que o Estado recebeu a primeira remessade vacinas – com 120 mil doses – a chegarem no Brasil. Duas semanas depois, o governo recebeu mais 600 litros a granel do imunizante, equivalentes a 1 milhão de doses.

Laboratório da Sinovac em Pequim
Laboratório da Sinovac em Pequim Laboratório da Sinovac em Pequim

No último dia 7, Doria confirmou o início da vacinação para 25 de janeiro de 2021, começando com profissionais da Saúde, idosos, indígenas e quilombolas, que representam 9 milhões de pessoas no Estado, na primeira fase do plano de imunização, que irá até 28 de março.

A produção da vacina também gerou um novo atrito entre João Doria e Jair Bolsonaro: o presidente acusou Doria de usá-la para fins políticos, defendeu a não obrigatoriedade da vacinação e disse em mais de uma oportunidade que o país só ofertaria a vacina após aprovação da Anvisa, em tom de contradição ao governador paulista.

Um episódio em particular impediu por um dia o avanço da produção da vacina. Em 9 de novembro, a Anvisa interrompeu os estudos clínicos da CoronaVac sob a justificativa de um “evento adverso grave”: a morte de um voluntário que havia tomado a vacina. No dia seguinte, a gestão estadual paulista confirmou que o óbito se tratava de um caso de suicídio, e os estudos prosseguiram.

Até o momento, o governo de Doria assegurou a compra de 46 milhões de doses do imunizante criado em parceria com a Sinovac, e afirmou que poderá distribuir a CoronaVac para outros Estados, caso haja solicitações.

Periferia sofreu mais

Se a pandemia do novo coronavírus atingiu fatalmente a todos, a proporção foi pior para os habitantes das periferias de São Paulo.

Os dados oficiais, divulgados pela própria prefeitura paulistana, indicaram bairros como Brasilândia, Sapopemba, Grajaú e Capão Redondo liderando entre os distritos com mais óbitos na capital paulista.

Leia também: Sem sinal: como bairro ‘esquecido’ de São Paulo vive a pandemia

Sob o recorte racial, também foram registrados índices maiores de letalidade por covid-19 entre a população negra em São Paulono Rio de Janeiro e, de modo geral, em todo o Brasil e no mundo.

Dados do boletim epidemiológico em São Paulo, divulgados ao fim de abril, apontaram que o risco de morte de negros pelo vírus era 62% maior em relação aos brancos; aos pardos, o risco era 23% maior. Das possíveis razões, questões socioeconômicas como saneamento básico precário, insegurança alimentar e dificuldade de acesso à assistência médica foram as apontadas pelos especialistas para as diferenças nos índices de letalidade da doença.

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