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Em ato no centro, famílias pedem liberdade de negros presos em SP

Parentes e amigos afirmam que Igor Barcelos Ortega, Bárbara Querino e Marcelo Dias são inocentes. Manifestação aconteceu na nesta quinta (13)

São Paulo|Kaique Dalapola, do R7

Cerca de 100 pessoas participaram de manifestação no centro de São Paulo
Cerca de 100 pessoas participaram de manifestação no centro de São Paulo Cerca de 100 pessoas participaram de manifestação no centro de São Paulo

Cerca de 100 pessoas se reuniram na região central de São Paulo, nesta quinta-feira (13), para gritar pedidos de justiça e liberdade para três negros presos injustamente, segundo as famílias. A manifestação foi organizada por amigos e parentes de Igor Barcelos Ortega, 21 anos, Bárbara Querino, 20 anos, e Marcelo Dias, 39 anos.

O ato começou por volta das 16h, em frente ao Palácio da Justiça, na Praça da Sé. No local, as três famílias colheram cerca de 100 assinaturas e tentaram protocolar o primeiro documento solicitando uma audiência pública em conjunto dos três casos. No entanto, a documento teria algum erro e foi sugerido protocolar depois — o que foi aceito pelas famílias.

A ideia é que sejam processados juntos os casos do ajudante geral Igor, que está preso desde outubro de 2016 e foi condenado a 15 anos e seis meses de prisão, acusado de roubo e tentativa de latrocínio; da modelo Bárbara, presa em janeiro deste ano, condenada a cinco anos e quatro meses de prisão acusada de roubo; e do educador Marcelo, o único que ainda não foi julgado, preso em junho deste ano suspeito de tráfico.

“Nós viemos para pedir justiça pelos três que estão presos injustamente. Por isso eu peço para que os juízes e promotores leiam com carinho e com amor o processo. Eles precisam saber que eu e minhas irmãs não conseguimos comer, nem beber direito, porque eles foram presos e são inocentes”, explica Rosmari Dias, tia de Marcelo.

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Familiares de preso no Palácio da Justiça, em SP
Familiares de preso no Palácio da Justiça, em SP Familiares de preso no Palácio da Justiça, em SP

O sobrinho dela foi preso logo após participar de uma reunião da organização não-governamental que fazia parte. Ele estava indo embora quando presenciou uma perseguição policial a dois rapazes. Os perseguidos teriam jogado uma sacola com drogas ao lado do carro que estava com Marcelo. Depois da perseguição, os PMs voltaram e disseram que a sacola pertencia ao educador. Ele foi preso em flagrante.

Marcelo ainda vai ser julgado. A expectativa de Tatiana Dias, 37 anos, irmã do educador, é que “o juiz veja que ele é inocente, e a verdade seja dita, para ele voltar para rua”. Ela avalia que o ato foi positivo, conseguiu chamar atenção para os casos.

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Elisabeth Barcelos, mãe de Igor, estava no ato com o pensamento dividido. Ao mesmo tempo que caminhava pedindo justiça para seu filho, estava preocupada com o pai, de 77 anos, que ficou em casa aos cuidados da irmã. Na manhã desta quinta-feira (13), o aposentado teve algum problema de saúde e perdeu o movimento do braço e da perna.

“Ele tinha ido no banco e deu esse problema nele. Um amigo nosso colocou ele no ônibus e o motorista deixou ele na porta de casa. Quando eu voltar para casa vou ver se consigo leva-lo no médico. Isso tudo é por causa da preocupação dele com o Igor”, explica Elisabeth.

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Apoio nas redes sociais

A ato unificado aconteceu graças à interação das famílias nas redes sociais. A amiga de Bárbara e uma das organizadoras do ato, Mayara Vieira, 23 anos, diz que viu o caso do Igor e do Marcelo na internet e entrou em contato com as famílias para juntar forças.

Agora, as famílias se consideram parte da mesma luta. “Eu me sentia sozinha, agora não me sinto mais porque tenho vocês aqui comigo”, falou ao microfone Fernanda Querino, mãe de Bárbara, no momento de finalização do ato, em frente ao Ministério Público.

Ato terminou na Praça João Mendes, no centro de SP
Ato terminou na Praça João Mendes, no centro de SP Ato terminou na Praça João Mendes, no centro de SP

Além das famílias e amigos, a manifestação contou com a presença de movimentos negros e que atuam contra a violência do Estado e o encarceramento em massa. Para o integrante de um dos grupos que organizou o ato, o professor Alaru, da UCPA (União dos Coletivos Pan Africanistas), as famílias tem que estar unidas para provar a inocência dos presos.

“Nós não podemos acreditar em promessas de partidos políticos, a justiça não é cega, a justiça é branca e racista. Nós temos que nos organizar, entre nós, em nome de uma única bandeira, a bandeira do povo preto. Lutar por liberdade e poder para o povo preto”, disse Alaru, em forma de jogral.

A integrante-fundadora do Movimento Independente Mães de Maio, Debora Maria da Silva, também falou para os presentes. Em sua participação, ela ressaltou que as mães nunca vão deixar de atuar contra a violência que os filhos sofrem e disse que “a gente não vem para facilitar, vem para incomodar”.

A manifestação acabou às 19h30, na Praça João Mendes, após caminhas pela Praça da Sé, ruas Filipe Oliveira, Quintino Bocaiúva, Riachuelo, e viadutos Brigadeiro Luís Antônio e Dona Paulina.

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