Entenda como criminosos "aliciam" pombos para enviar drogas e celulares para dentro dos presídios
Pássaro que levava celular, bateria e chips para presos foi capturado em Mauá
São Paulo|Caroline Apple, do R7
Um pombo foi capturado por agentes penitenciários, neste domingo (7), próximo ao Centro de Detenção Provisória de Mauá, na Grande São Paulo. O pássaro levava duas pequenas mochilas carregadas com celular, bateria e chips. Não é a primeira vez que esse tipo de caso acontece no Estado.
O que pouco se comenta é como esses pássaros são "aliciados" pelos criminosos para carregarem drogas, telefones e qualquer outro objeto que seja proibido dentro dos presídios, desde que o pássaro aguente o peso.
De acordo com o ornitólogo especialista em pombos, Dario Ricciardelli, diferente dos pombos-correio, que tem senso natural de direção, os pombos de rua que são usados para essa prática são treinados a partir da alimentação.
— As pessoas têm que entender que o pombo nunca vai para lugar nenhum, ele sempre volta para o lar. No caso do pombo de rua ele é treinado por meio da alimentação. Quando se alimenta um animal com pão, milho e pipoca, por exemplo, o pombo acaba adotando o presídio como lar. Depois de ganhar a confiança do pombo (que demora cerca de um mês), basta entregar a ave a alguém que foi visitar o presídio, deixa-lo com fome por alguns dias, e, após carregá-lo com a mercadoria, soltá-lo ao lado da muralha. A fome o fará lembrar que ali tem comida.
Ricciardelli afirma que esse treinamento é diferente do acontece com o pombo-correio. De acordo com o ornitólogo, o pombo-correio tem senso de direção apurado a ponto de fazê-lo voltar ao ninho onde foi criado mesmo a quilômetros de distância.
— Com certeza não é esse tipo de ave que se treina em presídios. Esse pombo-correio é criado para ser um atleta e participar de exposições e corridas. Somente algumas situações podem fazer um pombo-correio se perder: chuva de granizo, explosões solares e predadores naturais, são alguns exemplos.
A SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) afirma que os pombos não são "criados" nas unidades prisionais, e sim atraídos por migalhas de pão e restos de alimentos, jogados propositadamente pelos presos.
De acordo com a secretaria, como se trata de animais de pequeno porte, eles conseguem passar por frestas, no caso de unidades que têm tela de proteção nos pátios. Por isso, o profissionalismo e a competência dos Agentes de Segurança, quando identificam, impedem a entrada das aves que eventualmente tentam entrar nas unidades carregando produtos ilícitos.
A secretaria ainda diz que as unidades da SAP recolhem em todas as manhãs o lixo produzido, para não atrair roedores, pombos e demais pragas urbanas.