Esquema pagava cartão, viagens e faculdade da filha de prefeito de São Bernardo, aponta PF
Investigações começaram em julho, a partir da apreensão de R$ 14 milhões em espécie no apartamento do servidor
São Paulo|Rafaela Soares, do R7, e Natalia Martins, da RECORD, em Brasília
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As investigações da Polícia Federal sobre um suposto esquema de corrupção na prefeitura de São Bernardo do Campo (SP) apontaram que o suspeito de atuar como operador financeiro, Paulo Iram Paulino de Costa, usava dinheiro desviado para pagar contas pessoais do prefeito da cidade, Marcelo Lima (Podemos), e de familiares dele. Entre os gastos estão faturas de cartão de crédito, contas de celular e mensalidades da faculdade de medicina da filha.
Segundo o inquérito, ao qual a RECORD teve acesso, a metodologia de controle era “marcadamente informal”, com registros manuscritos em blocos de anotações.
A reportagem procura a defesa dos citados e aguarda resposta. O espaço permanece aberto.
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Um dos exemplos citados pela PF mostra um saldo inicial de caixa de R$ 1,8 milhão, com diversas saídas registradas, como “Personal”, “Lixo”, “Saúde” e “APTO” (apartamento). Os valores variavam de R$ 5.000 a R$ 22 mil.
Outro ponto destacado no relatório é o pagamento de passagem aérea para a esposa de Marcelo Lima, emitida por uma companhia americana, com destino a Washington (EUA).
A mensalidade da faculdade de medicina da filha, no valor de R$ 8.000, também teria sido paga com dinheiro desviado. “É relevante mencionar que [a filha do prefeito] foi beneficiária do Auxílio Emergencial durante o período da pandemia de Covid-19, ocasião em que seu pai exercia o cargo de vice-prefeito da cidade”, registra o relatório.
Conversas
As trocas de mensagens diretas entre Paulo Iram e Marcelo Lima começaram em 26 de julho de 2022 e se estenderam até o fim daquele ano. “[As mensagens] demonstravam uma relação de subordinação financeira, com Marcelo solicitando pagamentos e Paulo Iram os executando, inclusive utilizando a conta da companheira [de Paulo]”, aponta o documento.
A PF destacou ainda que as mensagens eram configuradas como temporárias e apagadas automaticamente. “Essa medida sugere uma tentativa deliberada de ocultar o rastro das transações e das discussões financeiras durante esse período”, afirma o documento.
PF apura esquema de corrupção em São Bernardo (SP) após apreender R$ 14 mi com servidor
Divulgação/PF/Arquivo
Nomeações
Em outra conversa obtida pelos investigadores, Marcelo Lima trata diretamente sobre a nomeação dele e da esposa para cargos na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. A corporação confirmou que Paulo chegou a ser nomeado assessor de um gabinete, no mesmo dia da conversa em que o assunto foi abordado, enquanto a esposa do prefeito figurou entre os assessores por um período, mas não consta mais na lista atual.
“Tais fatos demonstram a capacidade de Marcelo” em dispor de cargos públicos para indivíduos de sua confiança, solidificando sua rede de influência política", aponta a investigação.
Para a PF, em sintase, Marcelo Lima emerge como o eixo articulador das movimentações financeiras ilícitas, com Paulo Iran atuando como seu braço operacional.
“A documentação e as comunicações revelam um esquema estruturado de arrecadação e distribuição de valores de origem ilícita, dissimulado por anotações informais e comunicações cifradas, tudo sob a supervisão direta do chefe do Executivo municipal”, pontua.
Nota da Prefeitura
Em nota, a Prefeitura de São Bernardo informou que vai colaborar com todas as informações necessárias em relação ao caso. “A gestão municipal é a principal interessada para que tudo seja devidamente apurado. Reforçamos que o episódio não afeta os serviços na cidade.”
Perguntas e respostas
Qual é o foco das investigações da Polícia Federal em São Bernardo do Campo?
As investigações da Polícia Federal (PF) concentram-se em um suposto esquema de corrupção na prefeitura de São Bernardo do Campo (SP), onde o operador financeiro Paulo Iram Paulino de Costa teria desviado dinheiro para pagar contas pessoais do prefeito Marcelo Lima e de sua família.
Quais despesas foram pagas com o dinheiro desviado?
Entre as despesas pagas com o dinheiro desviado estão faturas de cartão de crédito, contas de celular e a mensalidade da faculdade de medicina da filha do prefeito, que custa R$ 8 mil.
Como era o controle financeiro do esquema?
O controle financeiro do esquema era descrito como “marcadamente informal”, com registros manuscritos em blocos de anotações. Um exemplo de movimentação financeira mostra um saldo inicial de R$ 1,8 milhão, com saídas registradas para diversos itens.
O que foi destacado no relatório da PF sobre as passagens aéreas?
O relatório da PF destaca o pagamento de uma passagem aérea para a esposa de Marcelo Lima, emitida por uma companhia americana, com destino a Washington (EUA).
Qual foi a situação da filha do prefeito durante a pandemia?
A filha do prefeito foi beneficiária do Auxílio Emergencial durante a pandemia de Covid-19, período em que Marcelo Lima exercia o cargo de vice-prefeito da cidade.
Como se desenvolveu a comunicação entre Paulo Iram e Marcelo Lima?
As trocas de mensagens diretas entre Paulo Iram e Marcelo Lima começaram em 26 de julho de 2022 e se estenderam até o final daquele ano, demonstrando uma relação de subordinação financeira, com Marcelo solicitando pagamentos e Paulo Iram os executando.
O que a PF observou sobre a natureza das mensagens trocadas?
A PF observou que as mensagens eram configuradas como temporárias e apagadas automaticamente, sugerindo uma tentativa de ocultar as transações e discussões financeiras.
Quais cargos foram discutidos nas conversas entre Marcelo Lima e Paulo Iram?
Nas conversas, Marcelo Lima tratou sobre a nomeação dele e da esposa para cargos na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. A PF confirmou que Paulo foi nomeado assessor de um gabinete no mesmo dia da conversa.
Qual é a conclusão da PF sobre o papel de Marcelo Lima no esquema?
A PF concluiu que Marcelo Lima é o eixo articulador das movimentações financeiras ilícitas, com Paulo Iram atuando como seu braço operacional. O relatório aponta que a documentação e as comunicações revelam um esquema estruturado de arrecadação e distribuição de valores de origem ilícita.
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