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Foliões relatam como foram alvos de golpes e dizem como se prevenir

Em festas de rua, furto e clonagem de cartões são ocorrências comuns. Polícia recomenda atenção e alerta que esbarrões ajudam a disfarçar crimes

São Paulo|Mariana Morello, do R7*

Foliões relatam como foram alvos de golpes e dão dicas de prevenção
Foliões relatam como foram alvos de golpes e dão dicas de prevenção

O Carnaval de rua 2020 ainda não começou oficialmente, mas desfiles e festas de blocos já agitam a cidade de São Paulo desde o início do ano. A grande concentração de pessoas se torna cenário propício para roubos, furtos e golpes. Alguns dos métodos aplicados são velhos conhecidos dos foliões. O R7 ouviu depoimentos de vítimas dos golpes e dicas de como se prevenir e como agir em casos semelhantes.

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Golpes com cartão

O golpe da troca do cartão é frequente e pode acontecer de diversas maneiras. Na sua versão mais recorrente, o ambulante troca o cartão do folião por outro idêntico e a senha é colocada no cartão errado, possibilitando com que o golpista veja a sequência numérica ou que a máquina adulterada grave a senha. Na hora de devolver, o cartão entregue à vítima é outro. 


O golpista pode ainda tirar uma foto da frente e do verso do cartão. Com as informações nas imagens (número do cartão, validade e código de segurança) ele realiza compras na internet e fraudes. Neste caso, o cartão verdadeiro é devolvido, dificultando a descoberta do golpe. 

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Caroline G.R., de 30 anos, foi vítima de golpe durante um cortejo na Praça da Bandeira, no centro de São Paulo, quando seu grupo de amigos foi comprar bebida com ambulantes. Todos compraram na mesma barraquinha mas, na vez dela, os vendedores tentaram distraí-la. Estranhando a atitude, a moça não quis entregar o cartão e pegou a máquina de pagamento. "Ele [ambulante] falou 'não, deixa comigo'. Eu fiquei com aquilo na cabeça, mas desencanei".

Quando o grupo estava indo embora, a foliã resolveu checar sua conta no banco. Viu que os golpistas já haviam sacado R$ 500 e feito diversas compras, e que o cartão devolvido para ela era de outra pessoa. Na mesma hora, ela acionou o banco para que as providências pudessem ser tomadas.


Graças à rapidez, Caroline só perdeu o valor sacado da conta. Os outros gastos foram ressarcidos. A advogada reforça a importância de ficar atenta e dá algumas dicas: "Nunca deixe que peguem o seu cartão e o identifique de alguma maneira, com um adesivo, por exemplo. Se desconfiar de algo, digite a senha errada. Sempre confira se estão devolvendo o cartão certo."

O advogado Markus Caetano alerta para a importância de acionar a instituição financeira responsável assim que o golpe for identificado. Os passos a serem seguidos são: fazer um BO indicando que o cartão foi clonado ou roubado, ligar no SAC e indicar as compras não reconhecidas, solicitar o estorno ou devolução da quantia gasta, pedindo também o cancelamento do cartão.

Com isso, a vítima fica munida de provas para ajudar na contestação. Caso o banco não queira arcar com as despesas, o folião pode ir diretamente ao Procon ou ao Juizado Especial Cível e entrar com uma ação.

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Um dos organizadores da Confraria do Pasmado, Bruno Ferrari, de 34 anos, quase foi uma vítima em novembro de 2019, enquanto acompanhava o bloco Charanga do França pelas ruas do centro da cidade. Bruno foi comprar uma cerveja e percebeu que um dos ambulantes vendia bebidas mais baratas que as dos outros. 

"Fui comprar mas, como já sabia do golpe, fiquei atento ao entregar meu cartão. Quando ele [o vendedor] foi cobrar percebi que escondeu o cartão embaixo da máquina e encaixou um idêntico no lugar certo. Logo falei que aquele não era o meu cartão e que conhecia o golpe", conta o folião. Depois de relutar, o ambulante devolveu o cartão certo a Bruno, que conseguiu escapar de um prejuízo.

O ocorrido reforça a importância de comprar produtos com vendedores credenciados. Nos blocos e festas oficiais do carnaval, vendedores cadastrados vendem a mesma marca de produto, com preço tabelado.

Agora existem marcas de cartões de crédito pré-pagos, que são gratuitos, possuem chip e bandeira aceitos em todas as maquininhas, e o folião pode recarregar com a quantia que quiser, diminuindo as chances de golpe e prejuízo.

Roubo e furto

Nem sempre smartphones são furtados com o intuito de revenda. Com o aparelho em mãos, os golpistas podem ter acesso a todos os dados financeiros e pessoais das vítimas e, com isso, realizam diversos golpes.

Michelle Viana (centro à dir.) com amigos durante a Peruada em 2019
Michelle Viana (centro à dir.) com amigos durante a Peruada em 2019

A coordenadora de recursos humanos Michelle Viana, de 38 anos, estava na Peruada, tradicional festa de rua dos alunos da Faculdade de Direito da USP que acontece em novembro, quando teve seu celular furtado. "Fizeram um empréstimo de R$ 50 mil em meu nome, várias transações para outras contas e compras. Eu sou desatenta para banco e só notei em dezembro, quando começaram a cair as parcelas. O golpista quebrou a segurança do aparelho, mudou todas as minhas senhas da vida (e-mail, face, insta, banco, etc) e teve acesso ao meu banco. Foi bem complicado de resolver."

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Michelle conseguiu acionar o banco que, em 48 horas, forneceu toda a assistência necessária e acompanhou o caso de perto até o assunto ser resolvido, sem que ela tivesse prejuízo. 

A polícia recomenda que os foliões estejam sempre em alerta, olhando ao redor até antes de fazer uma selfie com o celular. Ainda de acordo com o órgão, as pessoas embriagadas costumam ser mais vulneráveis e devem ter cuidado com os esbarrões e empurrões, que podem disfarçar um furto.

*Estagiária do Portal R7, sob a supervisão de Clarice Sá

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