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Funcionários do Metrô apontam descarrilamentos, lentidão e batidas como razões para greve

Sindicato da categoria defende uma consulta pública e afirma que concessões vão resultar em aumento da tarifa para os passageiros

São Paulo|Isabelle Amaral, do R7

Presidente do sindicato explica as razões da greve
Presidente do sindicato explica as razões da greve

O Sindicato dos Metroviários, que está à frente da greve do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens e Transportes) nesta terça-feira (3), em São Paulo, disse que, entre as razões pelas quais não concorda com a privatização das linhas de trens, estão as falhas constantes no transporte público por trilhos, como descarrilamentos e lentidão. Para a associação, se privatizarem todas as linhas, problemas como esses serão ainda mais recorrentes.

Camila Lisboa, presidente do Sindicato dos Metroviários, cita outras falhas, como trens andando de portas abertas, batida entre vagões e passageiros que precisam caminhar pelos trilhos quando o veículo para. Além disso, ela afirma que se as linhas forem administradas por concessões, o valor da tarifa será maior, causando impacto no bolso do público.

“A linha 9-Esmeralda [hoje administrada pela ViaMobilidade] era a melhor avaliada da CPTM, tinha 83% de aprovação das pessoas que utilizavam os serviços. A linha 8-Diamante [também administrada pela ViaMobilidade] era segunda melhor avaliada. Foram estruturas que tinham um serviço excelente. Agora, a aprovação da linha 9-Esmeralda, por exemplo, caiu para 53%”, afirmou Lisboa.

Greve afeta 4,5 milhões de passageiros
Greve afeta 4,5 milhões de passageiros

Dados obtidos pelo R7 já mostraram que houve um aumento de 275% no registro de falhas logo após a ViaMobilidade assumir o serviço.


Os problemas nessas duas linhas privatizadas foram pautados pelo governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O político afirmou que o Executivo não ficou “satisfeito” com o serviço prestado inicialmente pela empresa, mas que enxerga disposição do grupo de “virar o jogo”. Ele disse que o principal erro que levou a uma sequência de falhas foi o fato de a empresa não ter mensurado corretamente o nível de deterioração do sistema que assumiria.

O MP (Ministério Público) atendeu ao pedido de Freitas e decidiu dar uma segunda chance à ViaMobilidade.


O governador também investiu R$ 62 milhões em um estudo que avalia a privatização do Metrô. Porém, a presidente do Sindicato dos Metroviários alega que a empresa responsável pela pesquisa é a mesma que fez estudos para a privatização das linhas 4 e 5, da ViaQuatro, e 8 e 9, da ViaMobilidade. A mulher ainda contesta o fato de que a companhia foi contratada pelo governo sem passar por licitação. Esse processo é atualmente investigado pelo MP.

“Será que o governador já pegou trem ou metrô lotado? Desconfio que não. Ele não sabe a situação real do transporte público”, opinou Lisboa.


Privatização pode aumentar a tarifa?

A sindicalista explica que a privatização das linhas do Metrô e da CPTM pode aumentar a tarifa, “dinheiro este que sai do bolso dos passageiros”. O contrato de concessão de cada empresa é de 30 anos e garante que, durante esse período, a companhia receba valores em dinheiro, estejam as pessoas usando ou não o transporte.

“O dinheiro do Metrô público e da CPTM é repassado para essas empresas, mas se todas as linhas forem privatizadas pode acontecer de não ter de onde as companhias privadas tirarem o dinheiro, além das tarifas, e decidirem aumentar o valor da passagem, ocasionando um impacto direto no bolso do passageiro”, menciona Lisboa.

A sindicalista ainda ressalta que, apesar de o governador ter contratado uma empresa para fazer estudos sobre a privatização, há um leilão marcado para o dia 29 de fevereiro para a concessão da linha 7-Ruby.

Tarcísio deu entrevista nesta terça para falar sobre a greve
Tarcísio deu entrevista nesta terça para falar sobre a greve

Durante entrevista na manhã desta terça-feira (3), Tarcísio de Freitas garantiu que, futuramente, a população será ouvida sobre as privatizações no setor de transportes e saneamento básico. Camila, por outro lado, questiona quando, como e onde.

“Vi, na fala do governador [durante a entrevista], muita rigidez e braveza contra os trabalhadores do Metrô, mas rigidez e braveza que não vejo quando ele vai falar sobre os problemas das linhas 8 e 9, por exemplo”, rebateu a presidente do sindicato.

O que diz o governo?

Veja a nota na íntegra:

"Sobre a greve anunciada para esta terça-feira, 3 de outubro, pelos sindicatos dos trabalhadores do Metrô, CPTM e Sabesp, o Governo de São Paulo reforça que esta é uma greve ilegal e abusiva, a qual torna refém a população que precisa do transporte público. É absolutamente injustificável que um instrumento constitucional de defesa dos trabalhadores seja sequestrado por sindicatos para ataques políticos e ideológicos à atual gestão.

É importante esclarecer à população que a greve não foi convocada para reivindicar questões salariais ou trabalhistas, mas sim para que os sindicatos atuem, de forma totalmente irresponsável e antidemocrática, para se opor a uma pauta de governo que foi defendida e legitimamente respaldada nas urnas.

O programa estadual de parcerias, concessões e desestatizações visa a melhoria na prestação dos serviços públicos aos cidadãos e está totalmente amparado pelas leis brasileiras. Assim, ao chantagear a população com greves ilegais, os sindicatos atentam não só contra a legislação vigente, mas também à ordem pública e ao aprimoramento das políticas públicas.

O Governo de São Paulo está agindo com total transparência e respeito à legalidade na condução das propostas de parceria, concessão e desestatização. Contratou estudos de viabilidade técnico-financeira de órgãos de excelência internacional e deu publicidade a todas as etapas cumpridas até o momento, tanto nos canais oficiais do Estado como pela imprensa.

A esfera de debate para privatização são as audiências públicas e não por meio da ameaça ao impedimento do direito de ir e vir do cidadão. É por meio do processo de escuta de diálogo das desestatizações que os sindicatos contrários devem se manifestar, de forma democrática, convencendo atores políticos e a própria sociedade de que a proposta do Governo de São Paulo não é a ideal. Infelizmente, aqueles que deveriam representar os trabalhadores preferem agir de forma truculenta, promover o caos e prejudicar toda a população.

O Estado vem atuando tempestivamente nas esferas administrativa e judicial para que a população não seja prejudicada. O Tribunal Regional do Trabalho já decidiu contrariamente à greve das três categorias e determinou a manutenção dos serviços de transporte em 100% nos horários de pico e 80% nos demais períodos, além de 85% do contingente da Sabesp. A Justiça também proibiu a liberação das catracas, proposta de forma irresponsável pelos grevistas, sem levar em conta os altos riscos de tumultos e acidentes nas estações.

O Governo de São Paulo continuará trabalhando para preservar a ordem pública e garantir os direitos dos cidadãos que tanto precisam dos serviços públicos. Os servidores da Sabesp, do Metrô e da CPTM merecem líderes sindicais que priorizem o respeito à legalidade e o atendimento à população."

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