Homens envolvidos na morte de família carbonizada no ABC Paulista têm julgamento adiado
Juliano Oliveira e Jonathan Fagundes vão a júri popular no dia 21 de agosto, enquanto os outros três envolvidos são julgados hoje
São Paulo|Isabelle Amaral, do R7
Os irmãos Juliano Oliveira Ramos Júnior e Jonathan Fagundes Ramos, acusados de participar da morte da família carbonizada no ABC paulista, em 2020, tiveram, mais uma vez, o julgamento adiado. De acordo com o TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo), o processo da dupla foi "desmembrado", e o julgamento está previsto para ocorrer em 21 de agosto.
Os outros três envolvidos no crime, Ana Flávia Martins Meneses Gonçalves (filha e irmã das vítimas), Carina Ramos de Abreu e Guilherme Ramos da Silva, continuam participando do Tribunal do Júri, que ocorre nesta segunda-feira (12) e deve se estender por mais dois dias, para, enfim, ser decretada a sentença dos réus. O conselho de sentença é formado por quatro mulheres e três homens.
O julgamento dos réus já foi adiado, ao menos, cinco vezes, o que tem deixado a família das vítimas aflita. Andréia Veras, irmã de Romuyuki Veras Gonçalves, afirmou que espera que os envolvidos recebam pena máxima e que Ana Flávia, sua sobrinha, suspeita de arquitetar o assassinato do pai, da mãe e do irmão, "morreu para a família".
De acordo com o TJ, o julgamento dos dois irmãos foi adiado porque o advogado precisou ser trocado.
Os cinco réus respondem pelos seguintes crimes:
• três homicídios triplamente qualificados (por motivo fútil, com emprego de meio cruel e uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas);
• ocultação de cadáver;
• roubo; e
• associação criminosa.
Relembre o crime
A morte dos empresários Romuyuki Veras Gonçalves e Flaviana de Meneses Gonçalves e do filho deles, Juan Victor Gonçalves, de 15 anos, teve o envolvimento da filha do casal e da namorada dela. Ana Flávia e Carina foram acusadas de planejar o assassinato da família.
De acordo com a polícia, as duas informaram aos outros três suspeitos que havia R$ 85 mil na casa e ajudaram o trio a entrar na residência. No dia do roubo, segundo a denúncia feita pelo Ministério Público, eles não encontraram o dinheiro e, depois de ameaçar as vítimas, decidiram matá-las.
Os corpos do casal e do adolescente foram colocados dentro do carro da família e levados a uma estrada de terra em São Bernardo do Campo. O veículo foi incendiado, e as vítimas, carbonizadas.
À Record TV, Carina Ramos admitiu ter participado do planejamento do assalto, mas não das mortes. Ela disse que a ex-namorada tinha arquitetado o crime. Já Ana Flávia afirmou ser inocente e que os assassinatos foram premeditados pela ex-companheira.
Segundo Ana Flávia, Carina a convenceu de que não aconteceria nada à família, a não ser uma simulação de assalto. Os irmãos também se sentiram enganados por Carina ao perceber que não havia dinheiro na casa: "Foi uma cilada que ela arranjou para nós, porque a intenção dela, na verdade, não era roubar o dinheiro, porque não tinha dinheiro; a intenção dela era matar eles".
Como a polícia chegou aos suspeitos?
Com a quebra do sigilo de contas na internet e de conversas do casal por um aplicativo de mensagens, a Polícia Civil descobriu que Ana Flávia e Carina haviam feito buscas relacionadas aos assassinatos.
Elas pesquisaram termos referentes ao seguro de vida de Romuyuki, como "seguro de vida cobre quais mortes", "seguro de vida por morte assassinato" e "segurado de homicídio", no celular de Ana Flávia em 24 de dezembro de 2019, cerca de um mês antes do crime.
No dia 30 de dezembro, o casal pesquisou a compra de um carro de luxo, apesar de estar endividado. Dois dias antes das mortes, Carina também fez buscas sobre reforma do piso de uma residência. A metragem e a descrição da planta são compatíveis com o imóvel onde a família foi morta, o que indica a intenção das duas de se apossar da casa.
O assassinato da família foi descoberto em 28 de janeiro de 2020. Ana Flávia e Carina foram presas um dia depois. Jonathan, Guilherme e Juliano tiveram a prisão decretada poucos dias após o crime.