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Líder de comunidade é buscado sob escombros na Baixada Santista

Rafael Rodrigues é um dos desaparecidos no Morro do Macaco Molhado, em Guarujá. Ele ajudava em resgate de soterrados quando houve deslizamento

São Paulo|Do R7

Voluntários colaboram com bombeiros no Morro do Macaco Molhado
Voluntários colaboram com bombeiros no Morro do Macaco Molhado WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO

Nos trabalhos de resgate do Morro do Macaco Molhado, em Guarujá, na Baixada Santista, chama a atenção a presença de jovens na faixa dos 20 anos. Grande parte está ali à procura daquele a que se referem como "padrinho", "irmão" ou "mestre", com quem aprenderam sobre a capoeira, a cultura afro-brasileira e a vida: o líder comunitário Rafael Rodrigues, de 33 anos, um dos desaparecidos no temporal que atingiu a Baixada Santista. Até a manhã desta quinta-feira (5), eram 27 os mortos na Baixada Santista por causa das fortes chuvas.

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Rafael estava preocupado com os efeitos da chuva desde a noite de segunda. Naquele dia, às 23h59, fez a última publicação em uma rede social, na qual alertava sobre a situação, e saiu de casa em plena madrugada para ajudar no resgate de vítimas em uma encosta do bairro vizinho, no Morro do Macaco Molhado, também chamado de Morro Bela Vista.

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Foi atingido por um segundo deslizamento com outro voluntário e dois bombeiros, os cabos Moraes e Batalha. Com exceção de Moraes os demais estão desaparecidos, soterrados sob a lama e o entulho.

Rafael se tornou o mestre de outros tantos meninos e meninas ainda adolescente, quando começou a dar aulas de capoeira em um abrigo há mais de 20 anos. O projeto cresceu e mudou de nome algumas vezes até se tornar a Associação Cultural Afroketu, de capoeira, percussão e danças afro-brasileiras, que atende hoje mais de cem crianças e adolescentes.


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"Ele é um pai para todo mundo, um amigo, irmão. Dá conselho, briga quando precisa, faz tudo", diz mestre Sandro, de 41 anos, outra liderança do Afroketu. "Vieram (pessoas do projeto para o resgate) porque ele sempre se doou para todo mundo." Hoje professor do Afroketu, Daniel de Moura, de 28 anos, começou como aluno há 12 anos. "(A associação) é uma família, um pelo outro até hoje. E o Rafael é um pai para todo mundo."


Atuação

Produtor cultural, Rafael tem filhos e estava no último ano da graduação em Direito. É assessor de Políticas Públicas Para a Juventude na prefeitura de Guarujá há três anos. "Encontrei com ele na última semana e estava feliz, empolgado com os conhecimentos que ganhava (no curso de Direito), em como isso poderia ajudar mais a comunidade", diz a professora Roseli Alexandre, de 54 anos, que acompanha o trabalho de Rafael desde a adolescência. "Todo dia, passava às 21, 22 horas na frente da sede do projeto e via aquela gente toda envolvida. Agora nem imagino como vai ser."

Também professor, Luiz Alexandre, de 60 anos, diz que Rafael tem atuação que vai além de Guarujá, envolvendo-se em projetos em outras cidades da Baixada e do Estado. "É um verdadeiro Zumbi da modernidade, ele nos dignifica, nos representa. Um cara que não espera acontecer." 

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