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"Não haverá nenhum aumento de impostos a curto prazo", diz Covas

Diferente do gestor Doria, Bruno Covas, novo prefeito de São Paulo, comenta como vai governar a cidade.

São Paulo|Do R7

Doria, ex-prefeito de São Paulo e Bruno Covas, atual prefeito da cidade
Doria, ex-prefeito de São Paulo e Bruno Covas, atual prefeito da cidade

João Doria foi eleito com um discurso de gestor, de ser diferente. O senhor é um político, que começou a carreira muito cedo, praticamente um político profissional em termos de atuação. Como essa diferença será refletida na cidade?

"É uma diferença de estilos, são pessoas diferentes. Tenho minha história, minha carreira. Ele tem a história dele. Agora, é o mesmo programa, as mesmas metas, as mesmas dificuldades a serem vencidas. O programa que foi combinado com a população durante a campanha, em 2016, são as 53 metas que foram estabelecidas no programa de metas aprovado pela Câmara Municipal. Então, a diferença de estilo não vai se traduzir em diferença de programas municipais. A população certamente vai notar em algum momento a diferença entre um e outro, mas ela não vai notar diferença na atuação e no dia a dia da Prefeitura."

Estilo do prefeito de SP muda, mas metas são as mesmas

Isso inclui manter mutirões nos fins de semana, essas ações que o Doria fazia?


"Vamos manter as ações de zeladoria no fim de semana."

O prefeito, antes de sair, por causa de sua ações, foi alvo de duas ações em que o Ministério Público teve liminares favoráveis, com relação ao Cidade Linda e à logomarca do Acelera. Como vai ser sua atuação?


"Nós temos um projeto na Câmara Municipal para permitir o nome Cidade Linda. A gente espera que a câmara possa aprovar o projeto. Decisão judicial a gente não comenta, a gente respeita."

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Mas e investir nessa ação mais midiática em cada ato?

"A população tem solicitado e tem todo o direito de ter o maior tipo de transparência possível. Ele (Doria) tinha, até porque tinha condições financeiras, uma equipe muito grande (paga por conta própria) para poder fazer esse acompanhamento. A equipe aqui (da prefeitura) é mais enxuta. Mas eu vou fazer e vou continuar com esse tipo de relacionamento com a população."

E na gestão? Até aqui, os recursos têm sido liberados a conta-gotas. Continuarão?

"Do ponto de vista fiscal, a situação é a mesma. Não tem varinha de condão. A situação fiscal permanece em grande dificuldade. A gente espera, com o programa de desestatização, ter recursos para investimento na cidade de São Paulo. O orçamento já foi elaborado prevendo recursos de investimento exatamente como fruto dessa desestatização, em especial por conta da venda do Anhembi. Comemoramos ontem a aprovação em primeira votação da autorização legislativa para a elaboração do PIU (Projeto de Intervenção Urbana), para poder aumentar o potencial construtivo e o valor daquele espaço."

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O prefeito fez várias viagens, alegando justamente atrair investidores. E o senhor?

"A SPNegócios tem uma agenda de reuniões internacionais para apresentar o programa de desestatização. Então, vou participar de alguns encontros, não sei de todos."

A meta no orçamento deste ano é obter R$ 1 bilhão com as desestatizações. O senhor acha que será possível cobrir?

"Para o Anhembi, o secretário Wilson Poit tem recebido uma quantidade considerável de empresários interessados em adquirir aquele espaço. E você tem o programa de concessão de parques, que não tem o aporte de recursos, mas tem a liberação de verba que iria para manutenção. Acho que a gente pode chegar a um valor muito próximo e talvez até ultrapassar R$ 1 bilhão."

Recentemente, houve a tentativa de reforma da Previdência, em que o governo não obteve votos necessários. Como avalia a câmara hoje? A base está rachada? Como ficará a situação eleitoral, que parte dos partidos não dará apoio a Doria?

"A base aliada não é a base do palanque do Doria nem do palanque do Alckmin, que são meus candidatos a governador e a presidente. A prefeitura independe disso - é baseada na governabilidade e na relação com a câmara. A decisão dos vereadores de não votar a Previdência é uma decisão que implica algumas consequências, do ponto de vista de ter de retirar mais recursos de outras áreas para poder pagar o déficit, que neste ano deve chegar a R$ 5,8 bilhões. É a escolha política que a câmara fez, diferentemente do que era a escolha política do Poder Executivo. Gostaria que a reforma tivesse sido aprovada, mas é decisão deles (dos vereadores), não tem nenhum problema. Respeitamos a decisão da câmara e vamos reorganizar o dia a dia da prefeitura com base na decisão."

Sem reforma da previdência haverá aumento de impostos, diz Covas

O senhor cogitou a possibilidade de aumentar impostos com essa decisão da câmara? No ano passado, a Secretaria da Fazenda tinha preparado um estudo para a revisão da Planta Genérica de Valores (que corrige o Imposto Predial e Territorial Urbano), mas praticamente congelou o IPTU.

"A não aprovação da reforma da Previdência contempla três possibilidades: ampliação de tributos, maior contenção de despesas, não pagamento das aposentadorias. Hoje, dessas três alternativas, estamos trabalhando única e exclusivamente com a maior contenção de despesas. Não haverá aumento de impostos a curto prazo ou qualquer tipo de contenção de pagamentos de aposentadorias, como está fazendo por exemplo o Rio de Janeiro. É uma das possibilidade, mas não é a possibilidade com que estamos trabalhando."

O senhor é conhecido por sua habilidade nos bastidores. Os vereadores o apontam como a pessoa que distribuía cargos dentro do governo. Vai continuar a dar cargos a vereadores de partidos que são da base hoje ou que venham a ser?

"A relação entre Executivo e Legislativo é uma relação republicana, aberta e transparente. Não se faz nada escondido, nada por baixo dos panos. A gente não faz nada com base em toma lá, dá cá. É uma relação daqueles que querem participar, querem se comprometer com os compromissos, com as metas assumidas por essa gestão, e participam do governo."

Mas essa distribuição de cargos não é toma lá, dá cá?

"Não. A partir do momento em que os vereadores não querem mais colaborar com a implementação de um programa de governo, não tem sentido eles participarem desse governo."

Alckmin diz que Bruno Covas está preparado para assumir Prefeitura

Existe algum projeto que sua gestão queira propor ao Legislativo ou implementar na cidade?

"Volto a dizer: a diferença de estilo, a diferença de histórico, de cada um dos dois nomes, o meu e o do Doria, não vai se refletir em uma diferença de ações da prefeitura."

Em um caso específico, o prefeito Doria anunciou o fim da Cracolândia, depois recuou. O senhor pretende acabar com ela até o fim do mandato?

"Seria um sonho de qualquer gestor a gente poder comemorar isso. Não tem como estabelecer uma meta, amanhã ou daqui a um mês."

Em outubro, o senhor foi afastado da Secretaria das Prefeituras Regionais em um contexto de críticas a falhas na zeladoria, de varrição, limpeza, tapa-buraco...

"Primeiro, essas fofocas todas não condizem com a realidade. Naquela época que acabei saindo da secretaria, um dos itens mais bem avaliados pela população era a própria varrição. A situação ainda não estava perfeita, mas estava melhor do que nós encontramos (no início da gestão)."

E como ficará a relação com o Tribunal de Contas do Município, que vem contestando algumas ações da atual gestão?

"Acho que eles (os conselheiros) prestam um excelente trabalho e vou marcar uma visita ao tribunal (para esclarecimentos) logo na primeira semana."

O senhor vai participar ativamente das campanhas de Doria ao governo do Estado e de Geraldo Alckmin à Presidência?

"Fora do horário de serviço, certamente o militante Bruno Covas, que é tucano de carteirinha, vai fazer campanha para os seus candidatos. Durante o horário de trabalho, há dedicação exclusiva à prefeitura."

E já pensa em reeleição em 2020?

"Eu penso em fazer um bom governo. Penso em um curto prazo em poder resolver os problemas da cidade de São Paulo."

E quais são os problemas mais graves da cidade?

"Hoje nós temos um problema grave de mobilidade. O tempo que as pessoas perdem no trânsito é muito grande, afeta demasiadamente a qualidade de vida da população. E não posso sossegar enquanto a gente não terminar com a fila da creche na cidade de São Paulo. Acho que educação, saúde e mobilidade são claramente os principais desafios na cidade de São Paulo."

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