Por paz no funk, grupo protesta no centro de São Paulo
Organização do ato diz que são esperadas cerca de mil pessoas
São Paulo|Do R7

Centenas de manifestantes estavam reunidos embaixo do viaduto do Chá, na região central de São Paulo, por volta das 16h30 desta terça-feira (16), em um protesto que pedia a paz no funk. Eles também cobravam o esclarecimento do assassinato do funkeiro MC Daleste, no último dia 7, durante um show em Campinas. Até o horário, o grupo estava apenas na calçada.
Segundo Marcelo Rocha Anastacio, presidente da Liga do Funk, que organizou o ato, são esperadas cerca de mil pessoas. A caminhada deve começar por volta das 17h, passando pela prefeitura, pela Câmara Municipal até chegar à Secretaria da Segurança Pública, no largo do São Francisco. Algumas viaturas da Polícia Militar que estavam no local saíram por volta das 16h.
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A morte de MC Daleste
O artista foi ferido menos de dez minutos após o começo do show que fazia, no último dia 6, em uma quermesse dentro de um conjunto habitacional na periferia de Campinas. Antes do tiro fatal, Daleste chegou a ser baleado de raspão na axila direita. Ao reparar que algo havia o atingido no braço, o funkeiro reclamou com a plateia. Mas, na hora, não desconfiou que fosse um tiro.
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Segundo o delegado de Homicídios de Campinas, Rui Pegolo, a primeira bala só deixou um arranhão. Por isso, o MC não entendeu o que estava acontecendo.
— Acreditamos que ele imaginou que fosse uma pedra, já que ele se reporta ao público reclamando daquilo, pois se imaginasse que fosse um tiro, acreditamos que teria parado o show naquele momento.
Depoimentos
Mais de uma semana após a morte de Daleste, o crime ainda é um mistério. Até agora, testemunhas, amigos e parentes da vítima foram ouvidos. A polícia analisa fotos e vídeos feitos pelo público para tentar encontrar pistas do atirador. Por ora, a certeza é de que a morte do funkeiro foi premeditada e que a pessoa responsável entendia bem de disparo de arma de fogo.
Conforme peritos de Campinas, o criminoso estaria em um local elevado, à esquerda do palco, a uma distância entre 20 e 30 metros. Dificilmente seria alguém da plateia.
A polícia ainda não sabe qual arma foi usada. As cápsulas deflagradas não foram encontradas no local. A bala que atingiu o abdômen do funkeiro atravessou o corpo e saiu pelas costas. Somente um pequeno fragmento dela foi recuperado.
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A hipótese mais recente trabalhada durante a investigação do caso é de que a arma usada no assassinato seja de “calibre mais avantajado”.
Linhas de investigação
A polícia trabalha com, pelo menos, três linhas de investigação para tentar chegar ao assassino. Uma delas seria a de crime passional.Testemunhas disseram aos investigadores que o funkeiro teria se envolvido em uma briga em Campinas, um mês antes, por causa de uma moça. A hipótese é negada pela família da vítima. Daleste vivia há quatro anos com Érica Teixeira e, segundo ela, eram felizes e não havia motivos para traição.
Outra hipótese investigada seria uma briga com os organizadores da quermesse em Campinas, o que também é negado pela família do MC.
A terceira dá conta de que o assassino seria um policial. A possibilidade surgiu a partir da acusação de um amigo do cantor. MC Daleste estaria sendo extorquido por policiais militares, mas os parentes do cantor também rebatem a afirmação.
Para Roland Pellegrine, pai do funkeiro, o filho foi executado por alguém que não suportava vê-lo vencer na vida. O jovem fazia uma média de 40 shows por mês e faturava cerca de R$ 200 mil.
Daleste é o sexto funkeiro morto no Estado de São Paulo nos últimos três anos. Até hoje, nenhum caso foi esclarecido.