A CPI da Prevent Senior da Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta segunda-feira (4), por unanimidade, o relatório final que propõe indiciamento de 20 pessoas, entre executivos e médicos da operadora de saúde. Os irmãos Eduardo Parrillo e Fernando Parrillo, proprietários do plano de saúde, estão entre os indiciados.
Durante as investigações da comissão, eles não compareceram nas três tentativas de depoimentos a que foram convidados. Cópias do documento serão enviadas a 15 órgãos, entre eles: Ministério Público do Estado de São Paulo, Polícia Civil de São Paulo e Tribunal de Contas do Município.
O documento, redigido pelo vereador Paulo Frange (PTB), ressalta que a comissão apurou a ocorrência de cinco tipos de crime: homicídio e tentativa de homicídio, perigo para a vida ou saúde de outrem, omissão de socorro, crime contra a humanidade e falsidade ideológica.
Os irmãos Parrillo foram indiciados por omissão de socorro, por terem negado o devido atendimento médico a milhares de pacientes que buscaram tratamento eficaz contra a Covid-19 e receberam medicação ineficaz para combater a doença. Entretanto, Eduardo Parrillo também foi indiciado por crime contra a humanidade, previsto no Tribunal Penal Internacional de Roma, por distribuir medicamentos sabidamente ineficazes e promover pesquisas em seres humanos, desrespeitando as normas legais.
Aos outros 18 médicos citados no documento foi atribuída a participação na elaboração do protocolo de manejo clínico, na colaboração de distribuição de medicamentos ineficazes contra a Covid-19 e na elaboração de pesquisas em seres humanos sem a devida observância das normas legais.
Inicialmente, o relatório pedia o indiciamento de 21 pessoas. Entretanto, após a votação, os parlamentares optaram por excluir o nome da médica e ex-funcionária da Prevent Senior Carla Guerra sob a justificativa de que ela teria colaborado com as investigações. Carla foi alvo de pedido de indiciamento no relatório final da CPI da Covid no Senado por perigo para a vida ou a saúde de outrem e crime contra a humanidade.
Com as investigações, a CPI constatou que a Prevent Senior adotou um protocolo institucional para tratamento contra a Covid-19 com medicamentos comprovadamente ineficazes, além de ter realizado pesquisas com seres humanos e ferido a autonomia médica ao impor aos seus funcionários a doutrina da aplicação do "Kit Covid", composto de medicamentos sem comprovação científica, que era enviado aos clientes do plano de saúde diagnosticados com a doença.
O grupo ainda relembra uma ideia que foi citada por muitas vezes durante as oitivas: a de que os hospitais da empresa possuem taxas de letalidade elevada entre os pacientes hospitalizados com síndrome respiratória aguda.
A comissão da Câmara pediu indiciamento de mais pessoas relacionadas à Prevent Senior do que a CPI da Covid no Senado Federal. Para o vereador Frange, isso se dá pela diferença de profundidade entre as duas investigações. "Nós avançamos muito porque a CPI do Senado Federal foi uma CPI genérica e não entrou na situação específica da Prevent no município de São Paulo. Nós aqui tivemos a oportunidade de aprofundar tudo isso; por isso que surge o caso de mais 20 pessoas indiciadas. O Senado indicou dez", disse Frange em coletiva de imprensa.
O Estadão entrou em contato com a Prevent Senior após a votação do relatório, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.