SP começa a fabricar hoje ButanVac ao custo de um terço da CoronaVac
Butantan produzirá 1 milhão de doses mesmo sem aval da Anvisa para teste em pessoas; vacina custa US$ 3 contra US$ 10 da chinesa
São Paulo|Daniela Salerno, da Record TV*
O Instituto Butantan vai anunciar, nesta quarta-feira (28), a fabricação de 1 milhão de doses da ButanVac mesmo sem autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para iniciar os testes do imunizante em humanos. Nesta terça (27), a agência solicitou mais informações para o Butantan.
A produção de uma vacina ButanVac custa cerca de US$ 3 (quase R$ 17), praticamente um terço das duas doses (também uma vacina) da CoronaVac. Feito em parceira com o laboratório chinês Sinovac, o imunizante custa US$ 10,30 (quase R$ 57) aos cofres públicos.
O projeto do governo paulista é fabricar e armazenar 18 milhões de doses até a primeira quinzena de junho, tamanha a confiança da gestão Doria no fármaco produzido completemente em território nacional. A ideia é fabricar 40 milhões de doses, no mínimo, neste ano, disse o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, comemorou o dia "emblemático" do anúncio da fabricação da ButanVac, uma vez que, em abril do ano passado, o governo paulista anunciou a parceria com a Sinovac para produzir a CoronaVac.
"Um ano depois, temos essa vacina em uso, que sustenta o programa de imunização nacional, e hoje temos a segunda vacina. O valor do investimento público em ciência é inestimátivel. Houve muito ceticisismo, inclusive da comunidade científica. Temos que aperfeiçoar nosso sistema produtivo. Já existe 1 milhão de doses em processamento", afirmou.
Covas também destacou que "a vacina começa a ser produzida integralmente no Brasil, não dependemos de importação. Nossa capacidade de produção é muito grande", enfatizou.
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Isso porque se trata de uma tecnologia que o Brasil já domina. No caso da ButanVac, a plataforma usada é o vírus de gripe aviária inativado, que funciona como vetor para transportar a proteína Spike. É por meio dela que o coronavírus se liga às células humanas, instruindo o corpo a induzir a resposta imune contra a covid-19.
Esse volume de vacinas é o chamado "quantitativo de risco", uma remessa de um determinado imunizante ou medicamento produzido mesmo sem o aval das autoridades porque o fabricante acredita que cai funcionar.
Negativa da Anvisa
Nesta terça-feira (27), a agência estatal negou um pedido da administração Doria para começar os testes da ButanVac em pessoas. Até agora, o fármaco só foi testado em animais -- com resultados promissores.
A Anvisa alegou falta de documentos para frear o andamento da vacina. Entre as exigências da agência, estão informações como a composição da vacina, o processo de produção em São Paulo e o tamanho da amostra de humanos que passarão pelos testes.
O Butantan já adiantou que as etapas de convocação de voluntários serão divulgadas assim que a Anvisa liberar os estudos.
Em nota, o Instituto ainda informou que recebeu os "apontamentos" da agência e que "manterá contato com o órgão regulador para viabilizar os esclarecimentos necessários ao seguimento do processo de autorização dos estudos clínicos de fases 1 e 2 da ButanVac".
No mesmo comunicado, o Butantan adotou tom de cobrança a fim de acelerar a liberação dos experimentos. "O Butantan espera que o órgão regulador tenha o devido senso de urgência e aprove o quanto antes o início dos testes para que a nova vacina, a primeira a ser produzida no país sem necessidade de importação de matéria-prima (IFA), seja disponibilizada rapidamente à população brasileira", termina a nota.
*Com a colaboração de Fabíola Perez, do R7