Suspeita de matar família fugiu de casa por 15 dias aos 12 anos
Histórico familiar de Ana Flávia pode ser uma peça chave para descobrir a motivação para o crime que deixou pai, mãe e irmão mortos
São Paulo|Do R7
O histórico familiar de Ana Flávia Gonçalves pode ser peça-chave para descobrir a motivação do crime do qual a jovem é a principal suspeita. A informação é da Record TV. Romuyuki Gonçalves, de 43 anos, Flaviana Gonçalves, de 40 anos, e Juan Gonçalves, de 15 anos, pai, mãe e irmão da suspeita, respectivamente, foram encontrados carbonizados dentro de um carro nesta terça-feira (28).
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Com apenas 12 anos, Ana Flávia já apresentava problemas comportamentais e fugiu de casa. A menina foi encontrada em uma comunidade quase duas semanas depois do desaparecimento. De acordo com parentes, o comportamento da jovem mudou quando ela começou a se relacionar com Carina Ramos, de 31 anos, também suspeita dos assassinatos. Ana se distanciou da família, que era contra o relacionamento das duas.
A jovem trabalhava com a mãe e ganhava, além do sálario e sem que o pai soubesse, uma mesada. Ana Flávia também foi presenteada com um carro quando completou 18 anos e teve a faculdade de engenharia paga pelas vítimas. Ela nunca terminou o curso.
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Ana nunca escondeu sua orientação sexual da família e já havia apresentado mais de uma namorada aos pais. Seu relacionamento com Carina dura cerca de dois anos e é marcado por idas e vindas. Em agosto do ano passado, Ana Flávia participou de uma reunião familiar acompanhada de outra namorada. Porém, reatou de repente com Carina e as duas se casaram em segredo. A união da dupla só foi descoberta depois do crime.
O avô de Ana Flávia faleceu no ano passado e deixou uma herança de R$ 85mil para os três filhos, um deles Flaviana, mãe da suspeita. Segundo a família das vítimas, a motivação do crime teria sido financeira. Um laudo apontou que a família foi morta a pauladasantes de ter o corpo colocado dentro do porta-malas do carro.
Na delegacia, as duas suspeitas presas não conseguiram explicar as marcas e hematomas que apresentam no corpo. A polícia está buscando um terceiro suspeito de envolvimento no caso.
O caso
Três corpos carbonizados foram encontrados dentro de um Jeep Compass em uma área de mata na Estrada do Montanhão, área de mata em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, na madrugada de terça-feira (28). Quando as equipes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros chegaram ao local, o veículo ainda estava pegando fogo.
Os corpos eram do casal Flaviana Gonçalves, de 40 anos, e Romuyuki Gonçalves, de 43 anos, e seu filho mais novo, Juan Gonçalves de 15.
A filha mais velha do casal, Ana Flávia Gonçalves, de 24 anos, e a mulher dela, Carina Ramos, de 31, tiveram prisão temporária de 30 dias decretada na noite de quarta-feira (29). A polícia justificou o pedido de prisão alegando contradições no depoimento do casal.
De acordo com a polícia, as suspeitas mencionaram que a família tinha uma dívida com um agiota e que Flaviana teria saído de casa de madrugada para realizar o pagamento e depois seguiria para Minas Gerais. A presença do adolescente no carro, porém, fez a polícia desconfiar da versão. A Polícia Civil já tinha como uma das linhas de apuração uma possível briga familiar. Os pais, segundo os investigadores, não aceitavam o relacionamento da filha com outra mulher.
Investigação
Na primeira visita da polícia à casa onde a família morava, em um condomínio de Santo André, os agentes encontraram o imóvel revirado, além de marcas de sangue pelos cômodos. Os investigadores consideraram estranho a residência estar nestas condições, pois não havia sinais de arrombamento. Do local foram roubados eletrodomésticos, cerca de R$ 8 mil, dólares, joias e uma arma.
De acordo com a perícia, litros de água sanitária e manchas de sangue foram encontrados no quarto do adolescente. Também foram localizadas manchas de sangue em peças de roupa de Ana Flávia, a filha.
Um laudo preliminar da polícia apontou que, antes de terem seus corpos carbonizados, as três vítimas morreram com pauladas na cabeça. Como todos os golpes foram do lado direito, a suspeita é de que o autor seja canhoto. Uma testemunha que está sendo preservada contou aos policiais que ouviu barulhos estranhos vindos da casa onde as vítimas moravam, em Santo André.
Uma testemunha revelou que viu um homem de cerca de 1,90 m de altura, junto com as duas suspeitas, na noite do crime, carregando algo pesado para o carro. A investigação quer saber se seriam os corpos das vítimas, já mortas na casa.
Câmeras
As suspeitas sobre a filha ganharam força depois de as imagens da câmera de segurança mostrarem que ela e a mulher estavam na casa na noite do crime. Por diversas vezes, as duas foram flagradas manobrando os carros da família. O carro de Ana Flávia e Carina também é visto entrando e saindo do local várias vezes. Em depoimento à polícia, Carina, que chegou às 20h ao local, alegou ter entrado por volta das 22h. Câmeras mostram que ela usava um casaco com capuz, mesmo fazendo calor, o que também gerou desconfiança da polícia.
Quando o veículo da família deixa o condomínio, por volta de 1h, o carro de Carina e Ana Flávia sai na frente. Duas horas depois, os corpos de Flaviana, Romuyuki e Juan são encontrados.
Segundo a polícia, ao serem questionadas para onde seguiram após deixarem o condomínio, cada uma das suspeitas disse que se dirigiram a lugar diferente. A polícia vai pedir a quebra do sigilo telefônico das duas mulheres para analisar sua troca de mensagens.
Lucas Domingos, advogado do casal, nega qualquer tipo de participação das duas no crime e diz que não ter certeza se há contradições em seus depoimentos.
A polícia investiga se Flaviana, a mãe, teria sido obrigada a dirigir seu próprio carro com os corpos do marido e do filho no porta-malas. Imagens de câmeras de segurança do condomínio mostram o momento da saída do Jeep que, mais tarde, seria encontrado com os três mortos. Também está sendo apurada a hipótese de Flaviana ter sido rendida antes mesmo de chegar em casa e de seu corpo ter sido transportado no porta-malas junto com os outros dois.