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Homem com síndrome rara não consegue comer um pedaço de bolo sem ficar bêbado; entenda o caso

Britânico de 62 anos carrega um bafômetro no bolso para medir o nível de álcool no sangue de hora em hora

Saúde|Do R7


Um homem britânico de 62 anos não pode sair de casa sem carregar um bafômetro no bolso para verificar se não está bêbado, mesmo sem ingerir uma gota sequer de álcool. A embriaguez pode ser causada por algo que para a maioria da população é um hábito comum: a ingestão de carboidratos.

Um simples pedaço de bolo pode deixá-lo bêbado o suficiente para se esquecer das coisas que fez.

"Eu posso ir de totalmente sóbrio a três vezes acima do limite de direção em questão de minutos, o que é bastante assustador", contou ao jornal britânico Daily Mail.

Nick Carson, dono de uma empresa de limpeza, convive com a síndrome da autocervejaria (ABS, na sigla inglês), também chamada de síndrome da fermentação intestinal.


A condição é rara e pouco relatada na medicina moderna. Segundo estudos publicados na BMJ Open Gastroenterology e no Journal of Clinical Medicine, a embriaguez é desencadeada pela ingestão de carboidratos que, em razão de um desequilíbrio nos fungos da microbiota intestinal, são fermentados em etanol.

Essa fermentação resulta na produção endógena — no interior do organismo — de álcool.


"Comer um pouco de açúcar ou carboidratos pode me deixar bêbado rapidamente. Eu tento seguir uma dieta baseada em ceto [cetogênica], mas é difícil porque há carboidratos em todos os tipos de alimentos", diz Carson.

Em razão dessa diversidade, ele não tem ideia de onde ou quando pode ficar bêbado e desmaiar.


"Uma vez eu experimentei uma pequena porção de batatas fritas com baixo teor de gordura e fiquei tão embriagado que fiquei deitado na sala, vomitando, antes de finalmente desmaiar, 45 minutos depois de comer", relembrou.


A síndrome de Nick aconteceu em decorrência de uma exposição contínua a produtos químicos fortes no trabalho. Porém, levou anos até que ele obtivesse o diagnóstico. 

Os primeiros sintomas do britânico apareceram em 2003, enquanto ele estava aplicando um solvente para pisos e acabou desmaiando. A partir desse dia, o quadro piorou. Foi apenas durante um episódio da série médica Doc Martin que ele desconfiou da condição e procurou ajuda.

"Os médicos disseram que a superexposição ao solvente parecia desencadear a reação e quando eu comia alimentos açucarados e carboidratos, ele adicionava combustível ao fogo e fermentava", explica Carson.

A sensação da doença, segundo o empresário, não é agradável como as pessoas pensam. Ele conta que tem apagões de memória e, por muitas vezes, não consegue controlar suas falas e interações em público.

"É como sonambulismo com atividades, você não está ciente do que está fazendo, embora ainda esteja funcionando e fazendo coisas", diz Nick.

E acrescenta: "Às vezes as pessoas tratam minha condição como uma piada e dizem que vou ser barato para sair porque não preciso de uma bebida, mas na verdade é horrível".

O empresário relata que a síndrome afeta a sua identidade, já que a embriaguez põe em xeque o que é real ou não, além de deixar danos psicológicos, como uma sensação de culpa pelas coisas ditas e feitas na noite anterior.

A condição ainda desencadeia alguns gatilhos. No caso de Nick, um deles é a vontade repentina de comer doces.

"Comecei a ter desejos horríveis de pão de ló Vitória, e geralmente não gosto de doces. Há momentos em que eu teria matado por uma fatia e isso é ridículo, isso desencadeia um reflexo de apetite em seu cérebro", conta.

Para conviver bem com a síndrome, o empresário à esposa que gravasse os momentos em que passa por explosões repentinas de embriaguez e mantém uma vigilância regular dos produtos que consome.

"Como regra geral, tenho um bafômetro que uso a cada hora. É como sapatear em um campo minado e estou constantemente me controlando o tempo todo", revela Carson.

Uma dieta balanceada também passou a fazer parte da rotina do britânico, que tem que manter uma flora intestinal repleta de boas bactérias.

"Estamos tentando ser o mais natural possível. Estou em uma dieta cetôgenica com muitos vegetais e proteínas e me sinto muito melhor", descreve o empresário.

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