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Laboratórios se aproximam de lançar vacinas orais contra covid

Atualmente, há três candidatas sendo testadas em humanos; imunizantes desse tipo facilitaram campanhas de vacinação

Saúde|Fernando Mellis, do R7

É possível que resultados de estudos avançados em humanos sejam conhecidos ainda em 2021
É possível que resultados de estudos avançados em humanos sejam conhecidos ainda em 2021 É possível que resultados de estudos avançados em humanos sejam conhecidos ainda em 2021

A corrida de vacinas contra covid-19 envolve também a busca por fórmulas que possam ser administradas por outras vias e que tenham a mesma capacidade das tradicionais injeções intramusculares.

Três dos 64 estudos clínicos em humanos listados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) são de vacinas por via oral — comprimido ou cápsula.

Vale ressaltar que a gigante Pfizer começou os testes da vacina contra covid-19 em humanos em abril de 2020 e obteve o primeiro registro, no Reino Unido, em dezembro.

Vaxart

Nesta semana, a empresa de biotecnologia Vaxart, sediada na Califórnia (EUA), divulgou resultados promissores dos estudos pré-clínicos (em animais) da vacina em comprimido desenvolvida por ela.

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A vacina se mostrou eficaz ao proteger os pulmões de hamsters infectados pelo novo coronavírus.

O estudo também concluiu que todos os roedores que receberam os dois comprimidos do imunizante desenvolveram altos títulos de anticorpos na comparação com os não vacinados.

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Os dados da primeira rodada de testes em humanos devem ser conhecidos na semana que vem.

O diretor-executivo da Vaxart, Andrei Floriu, apontou pontos positivos da possível vacina oral em relação às tradicionais.

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"Nossa vacina oral pode ajudar a combater a epidemia de covid-19 em todo o mundo porque é estável em temperatura ambiente, tornando-a mais fácil de transportar, armazenar e administrar do que as injetáveis. Também pode agradar àqueles que se sentem desconfortáveis ​​com as injeções".

Assim como as vacinas russa Sputnik V, chinesa da CanSino e da Janssen, a produzida pela Vaxart utiliza um adenovírus — neste caso o do tipo 5 (Ad5), causador de resfriado comum — para levar genes codificados, como se fossem pedaços, do coronavírus e então despertar uma resposta imunológica contra o vírus causador da covid-19.

Symvivo

A australiana Symvivo iniciou no fim do ano passado os estudos de fase 1 com 24 participantes para comprovar a segurança e a imunogenicidade (capacidade de gerar anticorpos) de sua vacina oral contra covid-19.

Com uma tecnologia exclusiva chamada bacTRL, os pesquisadores da Symvivo desenvolveram uma vacina candidata contra covid-19 que usa bactérias probióticas modificadas para levar o material genético do coronavírus.

Uma vez administrada, a vacina leva pedaços importantes do vírus — que não se reproduzem e nem causam doença — até o trato gastrointestinal.

Essas bactérias se ligam às células epiteliais do intestino, replicam-se e entregam o DNA que vai codificar a proteína espícula (spike) do SARS-CoV-2 para que o nosso corpo desenvolva os antígenos necessários.

ImmunityBio

Adenovírus (esq.) serve de meio de transporte para genes da proteína de pico do coronavírus
Adenovírus (esq.) serve de meio de transporte para genes da proteína de pico do coronavírus Adenovírus (esq.) serve de meio de transporte para genes da proteína de pico do coronavírus

A também californiana ImmunityBio testou com sucesso em primatas uma vacina contra covid-19 que possui versões subcutânea, oral e sublingual. 

Foi desenvolvida uma versão seca (liofilizada) e encapsulada para criar a versão oral termicamente estável da vacina.

Os estudos de fase 1 com 20 participantes, com dados divulgados em dezembro, mostram que não houve efeitos adversos graves em quem recebeu a vacina subcutânea. 

Agora, a empresa está recrutando voluntários para a fase 2, mais ampla do que a anterior, enquanto a vacina oral entra nos testes de fase 1.

O produto também passa por estudos em voluntários na África do Sul, local onde uma cepa preocupante do coronavírus foi detectada no fim do ano passado. 

Os primeiros resultados em animais mostraram que as formulações combinadas inibiram a níveis indetectáveis a replicação do coronavírus em macacos, além de eliminar 100% da infecção em poucos dias.

A tecnologia usada pela ImmunityBio é semelhante à da Vaxart, mas com adenovírus tipo 5 de segunda geração. 

De acordo com os desenvolvedores, essa vacina é projetada "para abordar um problema potencial que pode surgir quando as plataformas adenovirais de primeira geração são usadas como vetores de vacina: a inativação da vacina devido à imunidade pré-existente ao próprio vetor". 

Ou seja, pessoas que já tiveram contato com adenovírus no passado estariam sujeitas a ter uma resposta mais fraca à vacina. O imunizante da Universidade de Oxford usa um adenovírus de chimpanzé justamente para evitar essa possível resistência.

O presidente da ImmunityBio, Patrick Soon-Shiong, afirmou em comunicado que a versão oral da vacina pode ser usada como reforço em todo o mundo, vencendo obstáculos impostos pela logística dos imunizantes injetáveis tradicionais.

"A descoberta emocionante de que a formulação oral termicamente estável desencadeia respostas imunes suficientes para inibir a replicação do vírus a níveis indetectáveis ​​é um bom presságio para a possibilidade de que esta formulação oral possa servir como um reforço heterólogo universal. Nossa cápsula oral pode ser uma solução para os enormes desafios da logística da cadeia de frio e permitir a distribuição global da vacina."

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