'Não é algo fora do comum', diz diretor da OMS sobre cão com varíola do macaco
Mike Ryan acrescentou, entretanto, que preocupação é que doença se espalhe por outras espécies de pequenos mamíferos
Saúde|Do R7
O diretor-executivo para Emergências da OMS (Organização Mundial de Saúde), Mike Ryan, afirmou nesta quarta-feira (17) que o primeiro caso de um cachorro com varíola do macaco "não é algo fora do comum" em relação a doenças infecciosas, mas alertou para a necessidade de vigilância.
"Nesses casos de transmissão a um cachorro em um contexto familiar fechado, um animal infectado não é algo fora do comum. Vemos que a doença quando passa de uma espécie para outra e permanece nessa espécie é uma coisa. O que nós não queremos ver acontecer é a doença se movendo de uma espécie para outra e continuar passando para novas espécies. É assim que o vírus se adapta e evolui, e essa é provavelmente a situação mais perigosa."
Ele salientou que já foi observado no passado que um vírus consegue se espalhar "em uma população de pequenos mamíferos com alta densidade de animais", o que seria um risco, pois o patógeno poderia ser carregado, por exemplo, por roedores para comunidades ainda não afetadas.
A diretora de Preparação Global para Riscos Infecciosos da OMS, Sylvie Briand, acrescentou que não há evidências de que cachorros infectados possam transmitir para outros cães ou reinfectar humanos.
O problema, segundo ela, é que, "quanto mais esses vírus se transmitem, mais podem evoluir".
"Sempre que infectam uma nova espécie, podem adquirir novas propriedades e evoluir. É importante monitorarmos a situação e sermos vigilantes para evitar outras situações", destacou.
O caso do cachorro foi relatado no último dia 10 por pesquisadores da França na revista científica The Lancet. O animal dormia com os donos, que tiveram a doença.
Ryan salientou que "os animais de estimação não representam risco, e as pessoas que têm animais devem protegê-los, tal qual fazem em outros contextos".
Os CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos recomendam que pacientes com suspeita ou confirmação de varíola do macaco, se possível, tirem os pets do ambiente em que permanecerão durante o curso da doença.
Não havendo essa possibilidade, deve-se evitar ao máximo o contato, assim como o contato dos animais com roupas de cama do paciente, por exemplo.
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