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Tecnologia e Ciência

Bancos que fizeram empréstimo a Musk para comprar Twitter vão registrar perdas financeiras

Incertezas econômicas e queda de anunciantes da rede social devem impactar ainda mais os resultados das empresas que fizeram os empréstimos ao bilionário

Tecnologia e Ciência|Do R7

Empresas que emprestaram dinheiro para a compra do Twitter enfrentarão perdas
Empresas que emprestaram dinheiro para a compra do Twitter enfrentarão perdas

Alguns dos bancos que emprestaram 13 bilhões de dólares (R$ 69,39 bilhões) a Elon Musk para a aquisição do Twitter estão se preparando para contabilizar essas perdas neste trimestre, mas é provável que o façam de uma forma que não se torne um grande obstáculo para seus resultados, segundo três fontes com conhecimento direto da situação.

Os bancos normalmente vendem esses empréstimos aos investidores no momento da transação. Mas os bancos envolvidos com o Twitter, liderados pelo Morgan Stanley, podem enfrentar perdas de bilhões de dólares se tentarem fazer isso agora, já que investidores evitam comprar dívidas de alto risco durante períodos de incerteza econômica, disseram participantes do mercado.

Além disso, a rede social viu os anunciantes fugirem em meio a preocupações com a abordagem de Musk com relação à moderação dos tuítes, o que impactou as receitas da companhia e sua capacidade de pagar juros da dívida.

A maior parte da dívida — 10 bilhões de dólares (R$ 53,38 bilhões) em empréstimos garantidos pelos ativos do Twitter — pode ter que ser amortizada em até 20%, disse uma das fontes. O impacto no empréstimo, distribuído entre sete bancos, provavelmente será administrado pela maioria das empresas, sem criar um efeito significativo nos resultados, acrescentou a fonte.


Outra das três fontes afirmou que alguns bancos podem receber apenas uma redução de 5% a 10% na parte garantida do empréstimo.

Três fontes do setor bancário disseram que os 3 bilhões de dólares restantes, que não são garantidos, podem levar a perdas mais acentuadas para os sete bancos do Twitter. A Reuters não conseguiu determinar quanto os bancos planejavam amortizar a parte não garantida da dívida.


As instituições consideraram substituir a parte não garantida da dívida por um empréstimo a Musk apoiado por suas ações da Tesla, afirmou uma das fontes familiarizadas com as negociações. Musk, no entanto, disse que é melhor evitar tais empréstimos no atual ambiente macroeconômico.

Além do Morgan Stanley, o grupo inclui Bank of America, Barclays, Mitsubishi UFJ Financial Group, BNP Paribas, Mizuho Financial Group e Société Générale.


SocGen, Musk e representantes do Twitter não comentaram o asssunto, e representantes de outros bancos não se manifestaram.

Flexibilidade contábil

De acordo com os padrões contábeis, os bancos devem marcar o empréstimo com seu valor de mercado quando alguns deles divulgarem os resultados do quarto trimestre, disseram vários banqueiros e contadores.

Uma das fontes, familiarizada com o pensamento de um dos bancos envolvidos no empréstimo, acrescentou que algumas instituições sofrerão um impacto menor inicialmente e o reduzirão ao longo do tempo se as avaliações continuarem piorando.

As perdas projetadas também podem ser divididas entre os bancos de investimento e o trading, para torná-las pequenas o suficiente para não precisarem ser divulgadas separadamente, disse uma das fontes. Quaisquer baixas contábeis provavelmente seriam divididas e distribuídas por vários meses, a fim de reduzir o impacto nos lucros em qualquer trimestre, disseram duas das fontes com conhecimento direto do assunto.

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Alguns participantes do mercado esperam que as perdas da dívida sejam significativas, a menos que as condições de mercado melhorem. Duas das fontes do setor bancário disseram que se os bancos tentarem vender os empréstimos agora não obterão mais de 60 centavos de dólar no título garantido e um preço ainda mais baixo na parte não garantida, que poderá somar bilhões de dólares em perdas para o sindicato.

Em setembro, os bancos de Wall Street, liderados pelo Bank of America, sofreram uma perda de 700 milhões de dólares com a venda de cerca de 4,55 bilhões de dólares em dívidas que respaldavam a aquisição alavancada da empresa de software empresarial Citrix Systems.

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De 35 bilhões de dólares a 40 bilhões de dólares desses empréstimos estão parados nos registros contábeis bancários, de acordo com dois banqueiros de renda fixa.

Os banqueiros envolvidos com o Twitter, no entanto, são mais otimistas. “Eu não apostaria contra Elon Musk”, disse o presidente-executivo do Morgan Stanley, James Gorman, em entrevista à Reuters Next no início deste mês. "Não apoiamos esse tipo de negócio e esse tipo de oportunidade a menos que acreditemos que seja real."

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