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Atraso no calendário põe em risco votação do Orçamento e deve frear investimentos no País em 2014

Projeto está longe de análise no Congresso e especialista diz: 'Brasil só anda depois do carnaval'

Brasil|Carolina Martins, do R7, em Brasília

Parlamentares devem encerrar o ano sem votar orçamento de 2014
Parlamentares devem encerrar o ano sem votar orçamento de 2014

O cronograma de votação da LOA (Lei Orçamentária Anual), lei que define como o governo vai gastar o dinheiro público em 2014, está atrasado em um mês no Congresso. O projeto precisa ser aprovado até o fim deste ano para que a presidente Dilma Rousseff tenha a liberdade de usar o dinheiro previsto no orçamento no ano que vem. 

No calendário da CMO (Comissão Mista do Orçamento) está previsto que, no início de novembro, os deputados e senadores do colegiado deveriam estar na fase de ajustes da proposta, informando o que eles gostariam de alterar ou retirar do texto.

Mas, somente na última sexta-feira (8), com um mês de atraso, foi apresentado o primeiro relatório da comissão. O texto é de responsabilidade do senador Eduardo Amorim (PSC-SE), que até o fechamento desta reportagem não foi localizado para comentar o atraso na entrega do relatório.

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Com isso, a previsão de votar a proposta de Orçamento até o dia 12 de dezembro na comissão está prejudicada. Se mantidos os prazos do calendário, a votação deve ocorrer somente em 12 janeiro para depois ir ao plenário da Câmara e do Senado.

Como neste ano as férias dos parlamentares começam dia 20 de dezembro, a votação da LOA deve ficar para fevereiro do ano que vem, quando o Congresso voltar a funcionar.


Segundo o especialista em Orçamento e Finanças Públicas, Paulo Brasil, esse atraso é constante na política brasileira. O economista lamenta que o planejamento do que será feito com dinheiro público seja tratado com descaso pelo parlamento.

— Eu acho isso lamentável. [A LOA] Vai passar ao largo do final de 2013 e vai ser resolvida depois de muita discussão política, com travamento de pauta, no começo de 2014. O País só começa a andar depois do carnaval. Talvez não tenha relação direta, mas lamentavelmente as coisas funcionam dessa forma.


Em 2013, Dilma não tinha diretriz do que podia usar para investir no País e, por isso, adotou medida para liberar R$ 37 bilhões
Em 2013, Dilma não tinha diretriz do que podia usar para investir no País e, por isso, adotou medida para liberar R$ 37 bilhões

Lei de Diretrizes Orçamentárias

A LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), que deve orientar a elaboração do orçamento anual, também não foi votada até agora. Esse projeto é fundamental para a definir em quais áreas o dinheiro público deve ser investido ou se haverá algum tipo de isenção de impostos, por exemplo.

A Constituição Federal manda que os parlamentares aprovem a LDO até julho ou não terão direito ao recesso parlamentar. Mas, quatro meses depois, o projeto ainda não foi votado e isso não foi motivo para que deputados e senadores perdessem as férias do meio do ano.

Os parlamentares instituíram o recesso branco e ficaram longe do Congresso durante quase 15 dias em julho, mesmo sem ter aprovado a LDO. A votação não saiu porque os parlamentares queriam pressionar o governo pela aprovação do projeto de orçamento impositivo, que obriga a União a liberar dinheiro para as emedas que eles apresentam.

Como o orçamento impositivo foi aprovado na Câmara e está em fase final de votação no Senado, os parlamentares marcaram a apreciação da LDO para o dia 19 de novembro.

Para Paulo Brasil, projetos tão importantes como os que envolvem orçamento, que vão definir o destino do dinheiro público, não deveriam ser usados como barganha.

— Esse é o nosso medo, de que essas peças, que são eminentemente técnicas, que são tão importantes para o País, fiquem à mercê desse jogo político.

Filme repetido

Essa não é a primeira vez que a votação sobre o que será feito com o dinheiro público atrasa no Congresso. O Orçamento de 2013, que deveria ser aprovado no fim de 2012, foi votado no Congresso somente em março deste ano.

Durante os três primeiros meses de 2013, a presidente Dilma não tinha nenhuma diretriz atualizada do que poderia gastar. Quando isso ocorre, a Presidência pode usar a previsão de orçamento do ano anterior e dividir o valor total por 12, para saber quanto pode usar para pagar as despesas do mês, como o salário dos servidores e as contas de água e luz dos ministérios.

Já os investimentos ficam suspensos. Não é possível direcionar dinheiro público para financiar obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), por exemplo. O dinheiro existe, mas não pode ser usado sem aval do Congresso.

Para o País não parar de crescer durante o período em que não havia autorização para usar os recursos, Dilma assinou uma Medida Provisória, liberando R$ 37 bilhões — o equivalente a um terço do orçamento total previsto — para poder investir.

No ano passado, a votação do orçamento atrasou devido ao impasse sobre a votação dos vetos presidenciais. Depois da polêmica com vetos referentes aos royalties do petróleo, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que as matérias deveriam ser votadas em ordem cronológica.

Como havia mais de 3.000 vetos trancando a pauta, uma parte dos parlamentares usou esse argumento para obstruir a votação do orçamento. 

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