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BMW lança i3 no Brasil por R$ 225.950. Hatch elétrico promete gastar R$ 7 a cada 160 km percorridos

Aceleramos o modelo, que chega carregado de tecnologias e com autonomia de até 300 km

Carros|Diogo de Oliveira, do R7

Hatch pode ser carregado em tomadas comuns de 110 e 220 Volts
Hatch pode ser carregado em tomadas comuns de 110 e 220 Volts
Interior do modelo é revestido com materiais ecológicos
Interior do modelo é revestido com materiais ecológicos
Alavanca do câmbio e ignição ficam na coluna de direção
Alavanca do câmbio e ignição ficam na coluna de direção

A BMW lançou nesta quarta-feira (10), em São Paulo, o hatch i3, primeiro carro da marca bávara 100% movido a eletricidade. O modelo desembarca no Brasil cinco meses após estrear nos Estados Unidos e no Japão, mercados onde os veículos elétricos e híbridos recebem incentivos fiscais por serem ecológicos. Como por aqui não existe lei que beneficia estes modelos, o i3 chega em duas versões a preços bem salgados: R$ 225.950 e R$ 235.950 (completo).

Para driblar a falta de infraestrutura, a BMW optou por trazer somente as configurações com "extensor de autonomia". Funciona assim: além do potente motor elétrico de 170 cv, que é alimentado por um conjunto de baterias de íon-lítio (como nos smartphones), o i3 traz um pequeno motor a gasolina de 647 cm³ capaz de gerar 34 cv de força. Este é usado apenas para alimentar o elétrico — não traciona as rodas traseiras.

Essa combinação aumenta a autonomia, que chega a 300 km. Na prática, o i3 funciona no modo elétrico quase todo tempo, considerando que o hatch circulará por ambientes urbanos. Segundo a fábrica alemã, numa conta realista, o modelo roda entre 130 km e 160 km com as baterias carregadas. Depois disso, o pequenino motor a gasolina de dois cilindros é acionado para alimentar o elétrico, permitindo percorrer mais 100 km.

Para os executivos da BMW, a autonomia de até 300 km é mais que suficiente para o dia a dia na cidade. Pesquisas apontaram que os clientes (em potencial) percorrem até 200 km por dia, quando muito — na maioria dos casos, a distância diária é inferior a 100 km. O hatch ainda oferece dois modos de condução que desligam alguns sistemas para ampliar a autonomia — o EcoPro acrescenta 20 km, e EcoPro + amplia em até 40 km.


Carregando as baterias com R$ 7

Além de não queimar combustível nem emitir gases do efeito estufa, um grande diferencial dos carros elétricos é o fato de poder recarregar as baterias em uma tomada comum. No caso do i3, o proprietário poderá plugar o cabo em tomadas convencionais de 110 e 220 Volts, ou requisitar a instalação do "i Wallbox", console de maior voltagem que leva entre 3 e 5 horas para carregar totalmente as baterias — na tomada são 8h (220V) ou 16h (110V).


Outro dado importante do "i Wallbox" é a aplicação. Com o equipamento, que custa R$ 7.500, além de carregar as baterias mais rápidamente, os donos do i3 que moram em condomínios evitarão dores de cabeça com a vizinhança. Isso porque apenas com o console de alta voltagem é possível computar os gastos diretamente na conta do cliente — evitando o repasse para os demais moradores. A boa notícia é que uma carga custa R$ 7, em média.

Aceleração de esportivo num corpinho de minivan


No breve contato com o i3, dentro de um condomínio fechado na zona oeste da capital paulista, impressionou a capacidade do modelo de ganhar velocidade, tanto nas acelerações quanto nas retomadas. Pelos dados de fábrica, são 3,9 segundos para arrancar do 0 aos 60 km/h, e 7,9 segundos para atingir os 100 km/h. Ao volante, o torque "parrudo" de 25,5 kgfm empurra o corpo contra o encosto dos bancos e impressiona pela intensidade.

Como em outros veículos elétricos, o torque é sempre despejado por inteiro, e isso muda por completo o estilo de condução, uma vez que o motor não trabalha com faixa de giros. Dessa forma, tem-se a energia integral à disposição desde o primeiro toque no pedal do acelerador. No entanto, o i3 se diferencia por oferecer o que a BMW chama de "one pedal feeling": ao soltar o acelerador, o freio motor é tão forte que dispensa a ação dos freios.

Em outras palavras, dependendo da velocidade e da situação, o condutor não precisa acionar os freios. O hatch simplesmente perde velocidade até parar por completo, apenas utilizando o freio motor. Isso ocorre em situações de trânsito pesado, por exemplo. Um dado curioso é que, à medida que o hatch perde velocidade, a energia cinética produzida pela desaceleração realimenta o pacote de baterias, preservando a autonomia.

Outro aspecto interessante no i3 é o silêncio absoluto dentro da cabine. Os elétricos, em geral, costumam emitir um silvo nas acelerações, produzido aparentemente pelo câmbio — a maioria do tipo CVT (continuamente variável). O barulho não incomoda, mas é perceptível. No hatch elétrico da BMW, não se houve qualquer barulho. Nada. O isolamento acústico é impressionante, tanto em relação aos motores quanto aos ruídos aerodinâmicos.

Tela widescreen de 8,8 polegadas do sistema ConectedDrive
Tela widescreen de 8,8 polegadas do sistema ConectedDrive

"Cliente vai pagar pela alta tecnologia"

Sem benefícios fiscais e sem infraestrutura, o BMW i3 chega ao Brasil sem grandes perspectivas de vendas, o que era natural e esperado. A montadora alemã espera entregar cerca de 100 unidades até o fim do ano. De certa forma, este volume é até otimista, considerando-se que o mercado brasileiro vive uma recessão. Contudo, os executivos da marca apostam na alta tecnologia do hatch elétrico, que pode ser vista em todas as partes.

A estrutura da cabine, por exemplo, é inteira feita de fibra de carbono, material superleve, extremamente rígido e muito caro — normalmente usado em supercarros. Sua elevada rigidez, por sinal, permitiu a construção da célula sem as colunas centrais, permitindo a instalação das chamadas portas suicidas (que se abrem simetricamente opostas). Isso torna excelente o acesso aos bancos traseiros nos dois lados do hatch.

Já a cabine é ampla, alta e generosa, traz bancos dobráveis e lembra a praticidade do Honda Fit. O entre-eixos de 2,57 metros não é enorme, e três adultos podem ficar apertados no banco traseiro. De toda forma, o espaço é muito bom e conta com a ausência do túnel central, obtida com o posicionamento dos motores na traseira e com o deslocamento do câmbio para coluna de direção. O painel é limpo, tem poucos botões e usa materiais ecológicos.

Rodas enormes, de aros 19 e 20, calçam pneus verdes e estreitos
Rodas enormes, de aros 19 e 20, calçam pneus verdes e estreitos

Ao mesmo tempo, a sofisticação aparece nas tecnologias embarcadas. Há seis air bags, controles de estabilidade e de tração, sistema anticolisão, sensores de obstáculos, faróis de LED adaptativos, teto solar, ar-condicionado automático, controle de cruzeiro e sistema de som fornecido pela Harman-Kardon. A "cereja do bolo" é o sistema ConectedDrive, que inclui uma generosa tela widescreen no centro do painel repleta de funcionalidades.

O sistema trabalha com um SIM Card, tal como um aparelho celular, fornecido pela Vodafone e com rede habilitada. A partir dele, é possível acessar a internet, interagir com o smartphone a partir de aplicativos diversos (Apps) e navegar por GPS com serviços de trânsito que indicam das melhores rotas — exatamente como no Waze, aplicativo famoso por indicar as rotas menos congestionadas. Há ainda um serviço de Concierge, com central telefônica.

O proprietário do i3 pode, por exemplo, ligar para a central e pedir que localizem um estabelecimento. Dependendo do caso, é possível até realizar a operação completa — como um envio de flores. O sistema também liga para o Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) se registrar um acidente grave, envia a localização e pode até verificar (por telemetria) quantas pessoas estavam a bordo e quantos airbags estouraram.

Carro de imagem, para o cliente e para a marca

Futurista e, ao mesmo tempo, real, o BMW i3 chega ao Brasil como referência em tecnologia e ecologia. É um carro do futuro já disponível para compra no presente. Seu "calcanhar de Aquiles" deve ser mesmo o preço. Segundo a montadora, mais da metade dos R$ 225.950 iniciais seriam impostos. Ao mesmo tempo, a conta do consumo impressiona: são R$ 7 por carga e, aproximadamente, R$ 0,05 por quilômetro percorrido (no modo 100% elétrico).

Ou seja, se o comprador colocar na ponta do lápis, gastará pouco com eletricidade, terá à disposição tecnologias de ponta e um "cartão de visitas" ecológico. Se residir em São Paulo, ganhará ainda o direito de circular todos os dias sem restrições — a prefeitura liberou o i3 do rodízio. Ainda assim, será um carro de imagem, extremamente caro, e limitado ao uso urbano, uma vez que não foi concebido para percorrer grandes distâncias.

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