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Em liberdade, médica acusada de mortes em UTI ainda não sabe onde vai trabalhar 

Justiça revogou a prisão de Virgínia Helena Soares de Souza na tarde de quarta-feira (20)

Cidades|Fernando Mellis, do R7

A médica Virgínia Helena (foto) deixou a cadeia na tarde de quarta-feira (20) acompanhada do advogado
A médica Virgínia Helena (foto) deixou a cadeia na tarde de quarta-feira (20) acompanhada do advogado A médica Virgínia Helena (foto) deixou a cadeia na tarde de quarta-feira (20) acompanhada do advogado (ANDRÉ RODRIGUES/ESTADÃO CONTEÚDO)

Após ficar 29 dias presa, a médica Virgínia Helena Soares de Souza, de 56 anos, deixou a cadeia na tarde de quarta-feira (20). Ela e mais outras sete pessoas são acusadas de antecipar a morte de pacientes internados na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba. Virgínia chefiava o setor e é apontada pelo Ministério Público como a mandante dos homicídios. Agora, em liberdade, ela poderá, inclusive, voltar a exercer a medicina, mas não em UTI.

O advogado dela, Elias Mattar Assad, afirmou que Virgínia foi pega de surpresa pela decisão do juiz Daniel Surdi de Avelar de revogar a prisão. No entanto, ela ainda não sabe o que vai fazer profissionalmente.

— Ela vai ficar em casa por um tempo, para se recuperar. Em seguida, vamos ver certinho como é que ela vai fazer para viver.

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Além de chefe de UTI, outras sete pessoas são denunciadas à Justiça por mortes em hospital

Virgínia foi proibida pelo juiz de trabalhar com a medicina intensiva. Ela estava na UTI do Hospital Evangélico desde 1988 e chefiava o setor desde 2006. Assad vai estudar se ela consegue exercer a medicina em outra área.

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A imagem desgastada pode dificultar que a médica volte a conseguir trabalho, de acordo com o advogado.

— Quando me perguntaram hoje, “veio buscar a doutora Virgínia?”. “Ou o que restou dela”, eu respondi.

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O juiz levou em conta fatores como Virgínia ter residência fixa, nunca ter sido presa e não ter queixas no CRM (Conselho Regional de Medicina). Também foi considerado o fato de os outros três médicos envolvidos e uma enfermeira terem sido soltos

Entenda o caso

As investigações começaram há um ano, após denúncias de funcionários do próprio hospital à ouvidoria do governo do Paraná. Virgínia foi indiciada pela polícia por homicídio qualificado, por não haver chance de defesa das vítimas.

Gravações telefônicas feitas com autorização da Justiça mostraram conversas da médica com outros médicos e demais funcionários. A polícia entendeu, após ouvi-las, que Virgínia ordenava o desligamento de aparelhos de alguns doentes.

Virgínia trabalhava na unidade há 24 anos. Ela era casada com o chefe da UTI, Nelson Mozachi, e assumiu o cargo quando ele morreu, em 2006.

Em nota divulgada no dia da prisão, o Hospital Universitário Evangélico disse que abriu sindicância interna para apurar os fatos, que reconhece a competência profissional de Virgínia e que “desconhece qualquer ato técnico dela que tenha ferido a ética médica”. Toda a equipe do setor foi trocada.

O CRM-PR (Conselho Regional de Medicina do Paraná) manifestou preocupação com a “condenação pública” dos envolvidos sem que “sejam realmente avaliados e julgados por quem de direito”. Não há qualquer queixa dela no órgão. 

Por meio de carta, a médica se disse vítima de ex-funcionários. O filho dela, Leonardo Marcelino, e o advogado, Elias Mattar Assad, disseram que tudo “é um grande erro da polícia” e que as denúncias “são baseadas em depoimentos e não em provas”.

Apesar de estar na UTI do hospital desde 1998 e chefiar o setor há sete anos, Virgínia não era especialista na área. Segundo a polícia, quem assinava por ela como chefe da unidade era outro médico.

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