Crise na Ucrânia pode causar estragos na economia brasileira?
Saiba por que País não será afetado pela tensão no leste europeu
Economia|Luis Betti e Vanessa Beltrão, do R7
A península ucraniana da Crimeia realiza neste domingo (16) um referendo que pode definir a anexação da região à Rússia. Críticos dessa medida, norte-americanos e europeus ameaçam aplicar sanções econômicas aos russos, o que agravaria a situação. Apesar disso, dificilmente a economia brasileira será agravada com a crise, segundo especialistas entrevistados pelo R7. O principal motivo é que a importância comercial da Ucrânia e da Rússia é pequena para o País.
O secretário de Comércio Exterior do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Daniel Godinho, informou recentemente que a Ucrânia representa para o Brasil um mercado pequeno. Segundo ele, importamos desse país adubos e fertilizantes, e exportamos carne.
A relação com a Rússia também não é diferente. De acordo com o professor do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais) e da Universidade de Columbia, em Nova York, Marcos Troyjo, compramos dos russos bens agregados, tecnologia, maquinaria e bens da indústria química da Rússia, e vendemos bens agrícolas, soja, proteína animal, frangos e bovinos.
— É um comércio bilateral de US$ 7 bilhões, relativamente importante ao agronegócio brasileiro, mas pequeno diante dos US$ 2,4 trilhões do PIB brasileiro.
De acordo com Troyjo, o Brasil está numa situação neutra nesta questão, pois o maior parceiro comercial do País é a China — que também mantém uma postura afastada.
Atualmente a Ucrânia é a terceira maior exportadora de trigo e milho do mundo, e a Rússia supre um quarto das necessidades europeias de gás. As duas nações vêm sofrendo represálias por parte dos Estados Unidos e da Europa, que anunciaram restrição de concessão de vistos a pessoas ou entidades responsáveis pela intervenção militar russa na península ucraniana da Crimeia.
No último dia 11, o parlamento da república autônoma da Crimeia proclamou a independência da região em relação à Ucrânia e reiterou a sua intenção de ser incorporada à Rússia.
Para o economista João Ildebrando Boschi, do Núcleo de Análise da Conjuntura Internacional da PUC-SP, nada de grave deve acontecer e o cenário mais provável é de uma acomodação política.
Crise pode afetar retomada europeia
Boschi afirma que, no caso de um enfrentamento mais duro, com sanções econômicas, inclusive, isto afetaria o crescimento da Europa.
— A Europa está ameaçando uma retomada do crescimento. Um acirramento político poderia dificultar essa relação e, com menor crescimento, a Europa importaria menos do Brasil.
Com o continente Europeu comprando menos, o Brasil seria impactado. Segundo Boschi, cerca de 30% das exportações brasileiras vão para Europa. São produtos como carne, farelos, soja e café.
Para a pesquisadora Lia Valls, do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), efeitos no Brasil dessa crise na Ucrânia só seriam sentidos em caso de uma crise econômica mundial. Porém, ela pondera que isso não deve acontecer.
— Ainda é cedo para falar sobre isso. Causaria um efeito no Brasil não diretamente, mas indiretamente, em consequência de uma crise econômica mundial.
Entenda abaixo a disputa pela região da Crimeia na Ucrânia, onde mais de 60% da população da região se denomina russa.
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