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Do campo para a sua mesa: trigo percorre 2.500 km e leva dez dias de navio para virar pão

Argentina domina as vendas, mas matéria-prima também vem do Uruguai, Paraguai e EUA

Economia|Do R7

Dos campos na Argentina até as padarias brasileiras, trigo percorre distância equivalente ao trajeto São Paulo-Recife
Dos campos na Argentina até as padarias brasileiras, trigo percorre distância equivalente ao trajeto São Paulo-Recife Dos campos na Argentina até as padarias brasileiras, trigo percorre distância equivalente ao trajeto São Paulo-Recife

A cadeia de padarias do País permite ao consumidor encontrar seu tradicional pãozinho francês do dia a dia a qualquer momento no País, afinal são milhares de panificadoras espalhadas pelas cidades brasileiros. O brasileiro, porém, não imagina a “saga” que o trigo enfrenta até chegar aos moinhos, ser transformado em farinha e abastecer as mais de 63 mil padarias do País (entenda o setor no quadro abaixo).

O Brasil não é autossuficiente em trigo, então precisa comprar de outros países. Além disso, a qualidade do trigo nacional não é adequada para a panificação (veja o volume de importações brasileiras, em toneladas, por ano). Com isso, a matéria-prima para o tradicional pãozinho leva ao menos dez dias de navio para chegar e percorre pelo menos 2.500 km entre as plantações e a sua mesa — quase o trajeto entre São Paulo (SP) e Recife (PE).

O presidente do conselho deliberativo da Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria do Trigo), Marcelo Vosnika, afirma que o trigo comprado do exterior vem da Argentina, Paraguai e Uruguai e, da América do Norte, dos Estados Unidos e do Canadá.

— A Argentina domina as exportações para cá porque tem uma facilidade de logística. O trigo argentino é o que chega mais barato para o Brasil. Além da facilidade da logística, existe a isenção da TEC (Tarifa Externa Comum), que é de 10%. No caso do Mercosul, a taxa não existe e persiste para os outros países. Então, esse trigo do Mercosul sempre é mais competitivo.

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O trigo argentino destinado ao Brasil é produzido na província de Buenos Aires, especialmente nas localidades de Necochea e Bahia Blanca e o grão vem para cá de navio, explica Vosnika.

— O Paraguai e Uruguai abastecem o Brasil vai caminhões, e a Argentina, de navio. Basicamente, 90% do trigo importado é argentino. O custo de produção na Argentina é muito mais baixo que o nosso, graças ao solo, ao clima e à proximidade do porto. O trigo argentino é mais competitivo que o nosso.

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São dez dias entre a saída da fazenda argentina e a chegada no moinho brasileiro, após superar os trâmites aduaneiros e as filas para embarque e desembarque nos portos. Ao chegar nos portos brasileiros, como o de Santos, por exemplo, é transportado até os moinhos de caminhão.

A Grande São Paulo possui grandes moinhos, por exemplo, onde o produto é triturado, seco e armazenado sob a forma de farinha de trigo. Ensacada, essa farinha segue de caminhão de novo até as padarias do País. Entre a lavoura na Argentina e a chegada na padaria em São Paulo, por exemplo, são 2.500 km de distância.

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Vosnika explica que, no Brasil, mais de 75% do trigo importado vai para a panificação — ou seja, é matéria-prima para o tradicional pãozinho.

— O restante é para macarrão, biscoito, farinha de pacote. Esse tipo de trigo realmente não tem em excesso no Brasil, pois a demanda é muito grande.

O maior número de moinhos do País está no Rio Grande do Sul, onde existem diversas empresas pequenas, diz o representante da Abitrigo.

— No Norte, Nordeste e Centro-Oeste, os moinhos são maiores e próximos aos centros consumidores. [...] SP e MG são os divisores dos modelos, com moinhos grandes e moinhos de interior [menores].

O Brasil conta com 63,2 mil padarias no País, sendo que 12,7 mil estão no Estado de São Paulo. O setor faturou aproximadamente R$ 72 bilhões em 2015 e representa cerca de 2% do PIB nacional (geração de riquezas do País). Ao todo, cria 818 mil empregos diretos e mantém 1,8 milhão de postos de trabalho indiretos.

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