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Dólar segue exterior e passa a subir mais de 1% ante real, com baixo volume

Economia|Do R7

Por Bruno Federowski

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar acelerou fortemente a alta, a mais de 1 por cento sobre o real nesta terça-feira, refletindo o ambiente de aversão a risco nos mercados internacionais diante de dados fracos sobre a economia da China e da queda dos preços do petróleo, movimento exacerbado pelo baixo volume de negócios.

Às 12:08, o dólar avançava 1,44 por cento, a 3,8130 reais na venda, após atingir 3,8201 reais na máxima da sessão. Investidores ressaltaram especialmente o avanço do dólar em relação ao peso mexicano, que foi bastante afetado pelo tombo do petróleo no fim da manhã.

A divisa norte-americana chegou a recuar a 3,7446 reais na mínima do dia, com investidores entendendo que as tensões entre o vice-presidente Michel Temer e a presidente Dilma Rousseff dariam força à campanha pelo impeachment.


"A queda (do dólar) na abertura aconteceu por fatores políticos, mas o cenário externo piorou tanto ao longo da manhã que não deu mais para ignorar", disse o operador de uma corretora internacional, sob condição de anonimato, ressaltando que o quadro de incertezas limitava a liquidez e deixava o mercado mais sensível.

Dados fracos sobre o desempenho comercial da China em novembro alimentaram preocupações com a desaceleração da segunda maior economia do mundo, levando investidores a evitar ativos de maior risco.


As preocupações ganharam mais força no fim da manhã após os preços do petróleo passarem a cair, com o contrato norte-americano recuando abaixo de 37 dólares o barril pela primeira vez desde 2009.

A queda da commodity serviu de gatilho para que o dólar revertesse a queda sobre o real, vista no início dos negócios em reação à carta de Temer a Dilma, destacando "fatos reveladores da desconfiança que o governo tem em relação a ele e ao PMDB".


Embora Temer não tenha proposto explicitamente o rompimento com Dilma, operadores entendem que não há outra alternativa. Eles acreditam que a notícia dá força ao lado que defende o impeachment contra a presidente, perspectiva que tem sido, de maneira geral, bem recebida pelo mercado.

"Conforme vai se distanciando o PMDB do governo, vai ficando mais forte a hipótese do impeachment", disse o operador de câmbio da corretora B&T Marcos Trabbold.

A notícia vem no momento em que tramita no Congresso Nacional o processo de abertura de impeachent contra Dilma. Foi adiada para esta terça-feira a eleição da comissão especial da Câmara dos Deputados que analisará o tema, contrariando o governo, que quer que a matéria seja votada o mais rápido possível.

Muitos operadores acreditam que eventual mudança no governo poderia facilitar a recuperação da economia brasileira. Alguns ressaltam, porém, que o processo pode paralisar o ajuste fiscal e provocar rebaixamentos da nota soberana do país.

"A reação (à perspectiva de impeachment contra Dilma) agora é positiva, mas é preciso esperar esse processo todo se desenhar para entender como o mercado vai ser afetado", acrescentou Trabbold, ressaltando que a tendência é que o mercado siga volátil.

Outro fator que chegou a trazer alívio para o câmbio nesta sessão foi a atuação do Banco Central, que voltou a anunciar para esta tarde leilão de venda de até 500 milhões de dólares com compromisso de recompra. A operação, segundo a assessoria de imprensa do BC, não tem como objetivo rolar contratos já existentes.

Pela manhã, o BC também deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em janeiro, com oferta de até 11.260 contratos, que equivalem a venda futura de dólares. Até agora, a autoridade monetária já rolou o equivalente a 3,286 bilhões de dólares, ou cerca de 31 por cento do lote total, que corresponde a 10,694 bilhões de dólares.

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(Por Bruno Federowski; e)

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