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Jovens de periferia estão entre os que mais procuram seguros no País

Grupo sentiu que a vida melhorou nos últimos anos, mas tem dificuldade em pagar as contas

Economia|Joyce Carla, do R7

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Mesmo com pouco acesso, valorizam as marcas, principalmente como forma de inclusão social ou demonstração de algum status
Mesmo com pouco acesso, valorizam as marcas, principalmente como forma de inclusão social ou demonstração de algum status Nastco/Getty Images/iStockphoto

Ruanderson Cleiton dos Santos Silva tem 23 anos, é assistente de compras e mora em São Mateus, na zona leste de São Paulo. Ele faz parte de um dos grupos que mais procuram seguros no País: os jovens de periferia.

Um estudo da Serasa mostrou o perfil dos brasileiros que adquiriram algum tipo de seguro no início deste ano, e os jovens de bairros da periferia das grandes cidades estão em quinto lugar. Este grupo é o que detém o maior percentual entre os 11 grupos dominantes da população, reunindo 16,8% dos cidadãos.


Silva fez um seguro de vida que é resgatável. Segundo ele, todo mês é debitado um valor de sua conta que fica acumulado em uma espécie de poupança.

— Esses débitos são feitos por até cinco anos, quando eu tenho que resgatar o dinheiro. Caso aconteça algo comigo nesse período, eu serei indenizado. Se eu vier a óbito, um beneficiário previamente nomeado recebe a indenização.


Ele explica que ficou interessado tanto pela recompensa ao final do período como pela garantia de que sua família terá um amparo financeiro, caso aconteça alguma coisa com ele.

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Perfil


O grupo de jovens da periferia tem entre 21 e 35 anos. A maior parte deles é solteira, de baixa escolaridade e nasceu e cresceu nos espaços periféricos dos centros urbanos ou rurais do País.

Segundo informações da Serasa, apesar da idade, as baixas condições financeiras podem ser limitadoras de atividades comuns à faixa etária e distanciar esse grupo dos chamados “antenados”.

Mesmo com pouco acesso, valorizam as marcas, principalmente como forma de inclusão social ou demonstração de algum status. Vestuário e cosméticos são categorias que podem cumprir esse papel nesse universo.

Para Renato Meirelles, presidente do instituto de pesquisas Data Popular, o acesso à tecnologia aumenta as oportunidades que esse grupo tem, seja de estudar ou de se dar melhor no mercado de trabalho.

— A mesma coisa acontece com o gasto de faculdade. Quando ele não tem mais a segurança de que ele vai poder contar com o Prouni ou com o Fies, ele passa a investir mais em conseguir uma bolsa na própria universidade ou em segurar os gastos de alguma forma para conseguir mantê-lo na faculdade.

Do ponto de vista da ocupação, podemos dividir o grupo em três partes: trabalhadores da iniciativa privada ocupando cargos pouco expressivos e de baixa remuneração, trabalhadores informais e desempregados. Uma pequena parte recebe algum tipo de ajuda governamental.

O acesso aos bancos é limitado, mais concentrado no grupo que possui emprego formal, ainda que de forma básica (conta-corrente ou conta salário). Cartão de crédito, crediário ou outras formas que permitam parcelar as compras são os meios mais utilizados de crédito e dos quais dependem para ter acesso aos bens de valor um pouco mais elevado.

De acordo com a pesquisa, 8 em cada 10 jovens desse grupo já tiveram algum tipo de dificuldade para honrar seus compromissos financeiros. Apesar disso, são pessoas otimistas e têm uma percepção de que a vida mudou para melhor nos últimos anos, principalmente pelo maior acesso a bens de consumo que, na infância, suas famílias não tinham. Acreditam que suas vidas e o País continuarão a melhorar.

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Pesquisa

O levantamento da Serasa leva em conta 11 grupos dominantes da sociedade brasileira, de acordo com a segmentação Mosaic Brasil. De todos os consumidores que tiveram consultas de crédito feitas pelas seguradoras no período, o grupo com o maior percentual é o de adultos urbanos estabelecidos, responsável por 26,07% do total.

O grupo tem, em geral, entre os 30 e 60 anos, boa escolaridade e já atingiu um padrão de vida relativamente confortável. Em seguida, responsável pelo segundo maior percentual de consultas de crédito feitas pelas seguradoras do País, está o grupo elites brasileiras (19,29% do total), que engloba os adultos acima de 30 anos, com alta escolaridade, bem empregados ou donos do próprio negócio, desfrutando de alto padrão de vida.

A lista segue com os donos de negócio (13,92%), grupo composto predominantemente por homens, na faixa de entre 25 e 55 anos e com negócio próprio. Em seguida, em quarto lugar entre os grupos com maior percentual de consultas de crédito realizadas pelas seguradoras, vem a juventude trabalhadora urbana, ou seja, indivíduos em sua maioria com até 35 anos, solteiros, moradores das regiões metropolitanas e grandes centros urbanos.

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