O dólar disparou na última quinta-feira (21) e fechou o pregão cotado a R$ 4,1655 na venda, superando a máxima histórica de fechamento anterior de R$ 4,1461, alcançada em 23 de setembro do ano passado. Essa alta assustou muitos brasileiros que tinham planos de viajar para o exterior.
A moeda norte-americana atingiu R$ 4,1737 na máxima da sessão, maior cotação intradia desde o recorde histórico de R$ 4,2491, atingido em 24 de setembro de 2015. Na sexta-feira (22), o dólar recuou 1,32%, a R$ 4,1105 na venda. Mesmo assim, a moeda dos EUA ainda acumulou alta de 1,6% na semana.
Na quinta-feira, o dólar turismo era vendido a R$ 4,66 nas casas de câmbio
Quem pensa que a trajetória de alta do dólar está próxima do fim, pode se enganar. O mercado financeiro, por outro lado, espera que o valor do dólar suba ainda mais ao longo deste ano.
De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central que consulta cerca de cem analistas de mercado de instituições privadas, da última segunda-feira (18), a previsão para o câmbio neste ano é de R$ 4,25 e de R$ 4,30 para 2017.
O analista da Escola de Investimentos Leandro&Stormer, Fábio Figueiredo, explica que a queda do dólar no pregão de sexta-feira foi — o que o mercado chama de — um movimento de correção, após a alta de quinta.
— Analisando as indicações do mercado, não há tendência de queda. Pela projeção do boletim Focus, o ponto-chave estaria entre R$ 4,25 e R$ 4,30. O boletim é uma mediana das expectativas do mercado. Há analistas do mercado que projetam até R$ 6,50.
Impactos
A alta da moeda norte-americana impacta diretamente no bolso dos brasileiros, principalmente daqueles que consomem produtos importados ou estão com viagens marcadas para o exterior. Mas não são só eles que sentem esses efeitos.
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Viagens
Os brasileiros que planejam viajar para o exterior, mas que ainda não adquiriram a moeda, podem ter grandes dores de cabeça agora. Quem estiver com viagem marcada ou fazendo planos de viagem deve pesquisar o valor em várias casas de câmbio para conseguir preços menores.
Nestes casos, a sugestão de sempre dos especialistas é a de comprar a moeda aos poucos. O objetivo, por trás dessa estratégia, é diluir as perdas. Como a moeda está muito instável, se o comprador adquirir o dólar aos poucos, ele conseguirá aproveitar boas cotações ao longo do tempo. Assim, a dica é comprar mais dólares sempre que ocorrerem novas quedas.
Importados e inflação
O dólar valorizado afeta o preço dos produtos importados e também daqueles produzidos no País, mas que utilizam insumos vindos do exterior. Um exemplo clássico é o "pãozinho" de todo dia, já que boa parte de nossa farinha de trigo é importada.
Esse encarecimento também se reflete em produtos como carros, videogames, alimentos e bebidas em geral — como vinhos, azeites e o bacalhau português.
Indústria e empregos
A desaceleração da indústria é uma das principais responsáveis pelo fraco desempenho econômico brasileiro em 2015. O dólar mais alto, no entanto, pode ajudar a reverter esse cenário.
A desvalorização ajuda o País a vender mais produtos no mercado internacional, pois os produtos brasileiros ficam mais baratos. E isso pode ajudar no desempenho da indústria e até na geração de empregos.
Além disso, como os importados tendem a ficar mais caros dentro do Brasil, os produtos nacionais ficam com os preços mais atraentes internamente, o que também pode se refletir positivamente na indústria.
No entanto, para as empresas que têm dívidas em dólar, o cenário é ainda pior, por motivos óbvios: as dívidas mantêm os valores em dólares, mas ficam mais caras em reais.
Dólar turismo x dólar comercial
O turista, quando compra a moeda americana para viajar, adquire o dólar turismo, que tem valor diferente daquele que aparece nas cotações dos jornais que você vê na televisão. A modalidade turismo serve, basicamente, como parâmetro para determinar o preço das tarifas aéreas e para os turistas usarem no dia a dia.
Já o dólar comercial é usado como base para a compra e venda de mercadorias de empresas comerciais legalizadas – uma compra de um carregamento de componentes para celulares que vem da China, por exemplo.
Ainda existe o dólar paralelo, que os economistas chamam de câmbio negro. Isso porque a venda é “escondida” e ocorre nas ruas, e as negociações, geralmente, são feitas entre pessoas físicas.