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CPI da Merenda: depoimento confirma 'comissão' em contratos com governo Alckmin

Segundo lobista, R$ 490 mil foram passados a aliados do presidente da Casa, Fernando Capez

Educação|

Em depoimento à CPI da Merenda na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), o ex-funcionário da Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar) Caio Pereira Chaves disse, nesta quarta-feira (17), que a entidade pagou "comissão de 10%" a seus representantes sobre o valor do contrato com a Secretaria da Educação do governo Geraldo Alckmin (PSDB). Segundo ele, o montante pago chegou a R$ 1,3 milhão.

"A prioridade era pagar as comissões. Podia atrasar os salários dos funcionários, mas as comissões não. Era sagrado", disse Chaves, que foi auxiliar de escritório da Coaf entre janeiro e 2013 e fevereiro de 2016, mês seguinte à deflagração da Operação Alba Branca, que desmontou a máfia da merenda em Bebedouro, na região de Ribeirão Preto, acusada de superfaturar contratos da Coaf com prefeituras paulistas e o governo do Estado para fornecimento de suco de laranja e de pagar propina a agentes públicos e políticos.

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Segundo Chaves, as comissões referentes aos contratos com a Secretaria da Educação — foram três no valor de R$ 13,5 milhões — eram pagas ao lobista Marcel Júlio, que foi preso em abril na Alba Branca. Chaves disse não saber se o lobista usava o dinheiro para pagar agentes públicos ou políticos, mas sabe que houve pagamento de um cheque nominal de R$ 50 mil a José Merivaldo dos Santos, ex-assessor do presidente da Alesp, Fernando Capez (PSDB).

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O depoente informou aos deputados que tinha acesso aos extratos bancários da Coaf e que por isso recebia ligações constantes dos vendedores da entidade para saber se as prefeituras e secretaria de Educação haviam depositado o dinheiro dos contratos para que eles pudessem sacar suas comissões.

Ele afirmou também que o vendedor César Bertholini, preso em janeiro, repassava dinheiro a Marcel Julio e Jeter Rodrigues Pereira, também ex-assessor de Capez.

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Em depoimento de delação premiada ao MPE (Ministério Público Estadual), Marcel Júlio disse ter se encontrado com Capez e seus assessores no escritório político do tucano em São Paulo para tratar do contrato da Coaf com a Educação estadual e de doações para a campanha do deputado. Segundo o lobista, uma propina de R$ 490 mil foi repassada a aliados de Capez.

O presidente da Alesp nega ter recebido qualquer valor de propina da Coaf. E as defesas de Jeter Pereira e Merivaldo dos Santos dizem que eles prestaram uma consultoria para a cooperativa. Nesta quarta-feira, a CPI da Merenda aprovou o convite para que Capez compareça à comissão para falar sobre as acusações contra ele. O depoimento ainda não têm data para ocorrer.

A Secretaria da Educação e a CGA (Corregedoria Geral da Administração) afirmam que o governo do Estado foi vítima de uma quadrilha montada na Coaf e que não houve superfaturamento nos contratos de suco e laranja para a merenda escolar. Na semana passada, a pasta proibiu a Coaf de fechar novos contratos com o governo paulista.

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